Durante essa semana, demos continuidade à nossa leitura coletiva de “A Arte de Amar”, de Erich Fromm, livro que foi uma das inspirações da era Love Yourself!
Durante a primeira semana completa de julho, fizemos a leitura do 1º capítulo e do ponto I do 2º capítulo. Você pode conferir uma resenha completa desse trecho clicando aqui.
Nessa semana, fizemos a leitura do restante do 2º capítulo e hoje, então, trazemos para você uma resenha com os principais tópicos e ideias dessa porção do livro. Vamos lá?
Fromm dá continuidade ao 2º capítulo nos apresentando uma reflexão sobre o processo de crescimento e desenvolvimento da criança, do ser humano em relação à figura de seus pais.
A criança pequena não possui ainda consciência de si, nem do mundo que é exterior a ela. Por isso, a figura da mãe, sendo o ser em cujo ventre a criança foi gerada, representa tudo. Nas palavras do autor: “A mãe é calor, a mãe é alimento, a mãe é o estado eufórico de satisfação e segurança.” (p. 35)
A medida em que cresce, porém, a criança começa a diferenciar os elementos do mundo. Todas essas experiências iniciais de descoberta do mundo, que são o próprio aprender que observamos nas crianças, se unem à experiência de ser amado porque “sou filho da minha mãe e sou indefeso”, ou seja, carrega um sentido de “sou amado porque sou.” (p. 36) Por isso, a experiência de ser amado pela mãe, de acordo com o autor, é passiva. Tudo o que uma criança tem de fazer para ser amado por sua mãe é ser seu filho.
Fromm interpreta a criança, na inconsciência do seu ser, como narcisista e egocêntrica, sobretudo até a idade até 8-10 anos. Nesse período da vida, a grande questão em jogo é a de ser amada, de modo que a criança até essa idade ainda não amaria, apenas corresponderia ao fato de ser amada.
Dessa faixa etária em diante, vem à tona um novo ponto de virada no desenvolvimento infantil, que é o desejo de produzir amor por atividade própria. No tempo de escola, você, provavelmente, deve se lembrar de ter escrito uma cartinha para a sua mãe ou de ter feito um desenho para o seu pai, não é mesmo? Exemplos simples como esses são os passos iniciais da criança buscando produzir também amor, superar o seu egocentrismo e começar a deixar a sua condição de isolamento - como o que debatemos no capítulo lido na semana passada.
Diante disso, Fromm afirma: “O amor infantil segue o princípio: ‘Amo porque sou amado’. O amor amadurecido segue o princípio: ‘Sou amado porque amo’. O amor imaturo diz: ‘Amo-te porque necessito de ti’. Diz o amor maduro: ‘Necessito de ti porque te amo’.” (p. 37)
Ao falarmos sobre a criança, é necessário falarmos também sobre os pais. E Fromm deixa um alerta de que essa reflexão que ele propõe parte de tipos ideais, ou seja, o autor sabe bem que a realidade, por vezes, é mais complexa.
A partir desses tipos ideais e do desenvolvimento da criança, Fromm diferencia, então, o amor MATERNO e o amor PATERNO, bem como o modo ou o período como esses se expressam. Aqui aglutinamos as características apresentadas para uma referência mais prática:
AMOR MATERNO
⚪️ Intensa ligação com o filho nos primeiros anos de vida (Especialmente até os 6 anos, ou seja, o que chamamos de “primeira infância”);
⚪️ É incondicional
⚪️ É o lar de que proviemos, é a natureza, o solo, o oceano, ou seja, representa o mundo natural;
⚪️ É passivo;
⚪️ É semelhante a amar um desamparado.
AMOR PATERNO
⚪️ Apresenta pouquíssima ligação com o filho nos primeiros anos de vida;
⚪️ Representa o outro polo da existência humana, oposto ao natural da mãe: pensamento, coisas feitas pelo homem, lei, ordem, disciplina e aventura;
⚪️ É condicional → “Amo-te porque preenches minhas expectativas, porque cumpres o teu dever, porque és como eu.” (p. 68);
⚪️ Amor que tem que ser merecido;
⚪️ Tem como principal virtude a obediência.
Assim, segundo Fromm, em um equilíbrio de funções, o amor da mãe deve vir com fé na vida e com “o desejo de que o filho se torne independente e acabe por separar-se dela” enquanto o amor do pai “deve dar à criança que se desenvolve um sentimento crescente de competência e acabar por permitir-lhe que se torne sua própria autoridade e dispense a do pai.” (p. 38-39)
Desse modo, no futuro, essa criança poderá se tornar uma pessoa madura que desenvolve uma consciência materna e paterna dentro de si, se tornando a sua própria autoridade. Essa pessoa agora adulta se libertou dos vultos externos do pai e da mãe e os construiu dentro de si. E atenção para um detalhe muito importante! Essa construção não é incorporar literalmente os pais, mas construir uma consciência materna para a sua capacidade de amar e uma paterna para a sua capacidade de uso da razão e de julgamento.
O terceiro tópico desse 2º capítulo tem início com uma intensa proposição que já apareceu como citação, inclusive, em uma nota HYYH - seria uma citação escrita pela garota com quem o personagem do SeokJin estava saindo em seu diário.
Essa citação, nas palavras de Fromm, é:
“O amor não é, primacialmente, uma relação para com UMA pessoa específica; é uma atitude, uma orientação de caráter, que determina a relação de alguém para com o mundo como um todo e não para com um ‘objeto’ de amor. Se uma pessoa ama apenas a uma outra pessoa e é indiferente ao resto dos seus semelhantes, seu amor não é amor, mas um afeto simbiótico, ou um egoísmo ampliado.” (p. 40)
O autor, já de início, esclarece a existência de uma ideia generalizada que é, contudo, bastante precipitada: A crença de que a intensidade do amor está condicionada a não amar ninguém senão a pessoa amada.
Ele afirma: “Se verdadeiramente amo alguém, então amo a todos, amo o mundo, amo a vida. Se posso dizer a outrem ‘Eu te amo’, devo ser capaz de dizer: ‘Amo em ti a todos, através de ti amo o mundo, amo a mim mesmo em ti.” (p. 40)
Diante dessa proposição, Fromm, como o próprio nome desse tópico já nos indicava, vem nos apresentar alguns “tipos” de amor ou de “objetos” diferentes de amor:
O amor fraterno é o mais fundamental de todos e é a base de todos os outros tipos e formas de amor exatamente pelo fato de que se aplica a qualquer outro ser humano. Por isso, Fromm afirma que o amor fraterno “é amor por todos os seres humanos” (p. 41).
Nesse amor fraterno, há a experiência da união - da superação do nosso isolamento natural - com todos os seres humanos, partindo da própria solidariedade humana, da nossa condição identitária de seres humanos. Assim, o autor diz:
“A fim de sentir essa identidade é necessário penetrar da periferia até o núcleo. Se percebe em outra pessoa principalmente a superfície, percebe principalmente as diferenças que nos separam. Se penetro até ao núcleo, percebo nossa identidade o fato de nossa fraternidade. Essa relação de centro a centro em vez da de periferia é a ‘relação central’.” (p. 41)
Ou seja, se olho para mim mesmo e para qualquer outro ser humano apenas na superfície, apenas nas características, por exemplo, que vemos externamente, é dada ênfase às nossas diferenças. No entanto, se olho para mim e para o outro para além da superfície, para além de aparências e máscaras, encontro respostas na identidade coletiva de humanidade, encontro pontos centrais e profundos que nos unem em fraternidade.
Essa, especificamente, é uma reflexão muito importante. Talvez uma das mais relevantes da leitura dessa semana. Pense por alguns momentos na estrutura social em que vivemos, na qual reinam tantos preconceitos, intolerância, discurso de ódio que se baseiam tão somente na superfície e que levantam barreiras entre nós à maior profundidade tanto no interior das nossas organizações sociais como no próprio “ser” humano.
Sem profundidade em mim mesmo, sou incapaz de atingir profundidade no outro e vice-versa. Por isso, um convite ao amor e ao conhecimento do próximo também é irrefutavelmente conectado ao amor e ao conhecimento de mim mesmo.
Nessa lógica, no amor fraterno, todos nós podemos passar por condições transitórias de ora estarmos desamparados e precisarmos de ajuda, ora estarmos fortalecidos e podermos ajudar a outros. Por isso, Fromm escreve: “O desamparo é uma condição transitória; a permanente e comum é a capacidade de erguer-se e caminhar pelos próprios pés.” (p. 42)
Esse segundo tipo de amor explorado por Fromm já havia aparecido no tópico anterior junto ao desenvolvimento da criança com os pais. Assim, o autor, quase em tom de revisão, pauta que o amor materno é uma afirmação da própria vida do filho em dois sentidos:
⚪️ Cuidado e responsabilidade no crescimento do filho;
⚪️ Infundir no filho o amor à própria vida.
Esse amor de mãe possui um caráter altruísta, quase de abnegação. Por isso, a verdadeira concretização do amor materno não está no amor da mãe pela criança pequena apenas, mas principalmente no seu amor pelo filho que cresce e se separa dela. Assim, uma característica fundamental do amor de mãe é que duas pessoas que inicialmente eram como uma se tornem, eventualmente, separadas.
Por fim, também no amor materno, é possível que a mulher encontre uma resposta a uma das suas necessidades inerentemente humanas, que é a necessidade de transcendência. De transcender o seu papel de criatura. Uma das formas mais naturais dessa transcendência pode ser encontrada na maternidade. Na criança, a mãe transcende, justamente por ter dado vida a alguém.
A utilização do termo “erótico” para descrever essa forma de amor me pareceu bastante intrigante e, a partir disso, busquei conhecer mais a própria palavra. “Erótico” vem do grego erōtikós e, posteriormente, do latim erotĭcus, e se refere algo que envolve ou provoca amor, paixão ou desejo intenso. No entanto, dando um passo atrás, o radical da palavra, “eros”, vem do nome de Eros, considerado por gregos e romanos como o deus do amor - sendo filho ou de Afrodite ou de Vênus.
Há várias versões sobre a história desse deus. Segundo Hesíodo, na sua obra “Teogonia”, Eros era descendente de Caos, sendo assim uma divindade primordial. Enquanto o Caos era o representante do vácuo primitivo reinante no universo, Eros era a energia que organizava e unificava tudo. Através dele, tudo passava do estado caótico para uma condição cósmica de fusão, ou seja, a um espaço pleno e ordenado.
Agora, veja que interessante a forma como Fromm nos apresenta esse tipo de amor:
“O amor erótico é o anseio de fusão completa, de união com uma outra pessoa. É, por sua própria natureza, exclusivo e não universal.” (p. 44-45)
Assim, segundo o autor, o amor erótico se difere de todos outros pela sua exclusividade, exatamente pelo fato de que essa fusão plena e completa se dá apenas com um outro alguém. Porém, cuidado! Fromm nos deixa um alerta de que essa exclusividade do amor erótico não significa uma afeição possessiva, de modo que pessoa alguma seja posse de outra.
“Muitas vezes encontramos duas pessoas ‘amando-se’ uma à outra sem sentirem qualquer amor por mais alguém. Seu amor, de fato, é um egoísmo a dois. [...] sua experiência de união é uma ilusão.” (p. 45)
Além disso, o amor erótico apresenta incontáveis outras ilusões e pode ser bastante enganoso. Por exemplo, como já havíamos discutido na última semana, muitas vezes confunde-se o verdadeiro amor erótico com uma experiência explosiva de se apaixonar por alguém inicialmente. Outro exemplo seria pensarmos em fatores que, por vezes, denotam a superação da nossa separação e que o amor erótico está, de fato, sendo experimentado - fatores como o próprio sexo ou ainda quaisquer pontos de intimidade cotidiana.
No entanto, todos esses tipos de proximidade tendem a se reduzir com o tempo. Surge o tédio, a repetitividade, a mecanicidade de um relacionamento. Diante disso, busca-se um novo amor, uma nova pessoa sob a falsa crença de que esse novo amor será diferente dos anteriores. É como uma busca desesperada pelo retorno daquela euforia inicial.
Por essa condição da possibilidade de que um sentimento pode ir e vir, bem como de que proximidades cotidianas podem, por vezes, nos cansar, Fromm expressa um ponto racional que se une ao emocional e torna pleno o amor erótico: a DECISÃO.
“Supõe-se que o amor seja o resultado de uma reação espontânea, emocional, quando alguém é de súbito apanhado por um SENTIMENTO irresistível.” No entanto, “amar alguém não é apenas um sentimento forte: é uma decisão.” (p. 46)
Assim, o amor erótico reside na premissa de que “eu ame da essência do meu ser e experimente a outra pessoa na essência do seu ser”, como um ato de entrega, mas também de vontade intencional.
Esse tipo de amor que dá título à era do BTS que temos estudado é, muitas vezes, tratado de forma injusta ou confusa. Por essa razão, Fromm inicia esse tópico elucidando que o amor próprio em nada diz respeito ao egoísmo ou simplesmente a pautas de autoajuda.
Amar a nós mesmos é absolutamente lógico, tendo em vista que somos também seres humanos. Por isso, o amor próprio e o amor a outras pessoas (o amor fraterno) não são opostos ou conflitantes, mas sim conjuntivos! Se amo outro ser humano, também amo a mim. Se amo a mim, também amo a outros. Pois todos compartilhamos de uma mesma condição de existência: a de sermos humanos.
Dessa forma, o egoísmo e o amor próprio, na verdade, são basicamente opostos. A pessoa egoísta, diferente do que se pensa, não ama muito a si mesma. Na verdade, na maioria dos casos, a pessoa egoísta se odeia. Se sente vazia e frustrada. Assim, nas palavras do autor, “pessoas egoístas são incapazes de amar os outros, mas também são incapazes de amar a si mesmas.” (p. 50)
O amor próprio, no entanto, surge sob a compreensão de que “o amor por meu próprio ser liga-se inseparavelmente ao amor por qualquer outro ser.” (p. 49)
Sem dúvida alguma, a citação mais marcante desse tópico é:
“Meu próprio ser deve tornar-se tanto objeto de meu amor quanto outra pessoa. A afirmação da vida própria de alguém, de sua felicidade, crescimento, liberdade, enraiza-se na sua capacidade de amar, isto é, no cuidado, respeito, responsabilidade e conhecimento.” (p. 49)
Olhar também para nós mesmos em amor e com amor é fundamental. Essa proposição que pode parecer simples em palavras é, por vezes, complexa na prática e requer aprendizado, reflexão e ação. É, em suma, o que o BTS buscou nos mostrar através de Love Yourself.
Finalmente, o último tipo de amor apresentado por Fromm é o amor de Deus, titulação que ele dá à forma religiosa de amor.
O autor nos conduz em um passeio surpreendente pelas formas diversas em que Deus, sua imagem e seu amor foram compreendidos ao longo da história e da evolução humana. Mais surpreendente ainda é que, partindo das características anteriormente discutidas a respeito do amor materno ou paterno, Fromm é, sinceramente, brilhante ao discorrer sobre as principais religiões existentes atualmente, sobretudo as religiões monoteístas do Ocidente.
Fromm descreve que, num passado remoto, a religião, enquanto prática humana, passou por uma fase matriarcal. Nela, o ser mais elevado é a mãe, de modo que ela é a deusa e é também figura de autoridade na família e na sociedade. Essa religião matriarcal traz nos seus pilares as características do amor materno: incondicional, que protege, que envolve, que não depende de ação para ser adquirido. Como uma mãe que ama todos os seus filhos apenas por serem seus filhos e não por suas qualidades ou características, o amor de mãe e, consequentemente, a religião matriarcal baseia-se na igualdade.
Caminhando a frente na evolução humana, Fromm descreve uma virada de chave: o início da fase patriarcal da religião. O pai se torna a figura suprema, tanto na religião como na sociedade. Como já debatemos acerca do amor paterno, vem da natureza dele fazer exigências, estabelecer leis e pautar o seu amor a depender da obediência do filho.
Por isso, diferentemente da igualdade que era suscitada da fase matriarcal, o autor observa que o desenvolvimento da sociedade patriarcal caminha a par do desenvolvimento da propriedade privada - e, consequentemente, do capitalismo. Desse modo, a sociedade patriarcal é inevitavelmente hierárquica e a igualdade entre irmãos iguais abriu caminho à competição.
No entanto, o desejo por esse amor materno jamais pôde ser excluído do coração humano. Assim, as religiões não conseguiram retirar plenamente a figura da mãe. O autor cita, por exemplo, o Catolicismo no qual junto ao Deus único e patriarca, há grande importância também na figura da Virgem Maria.
Por esses motivos que caminham lado a lado com a própria evolução humana, o caráter do amor de Deus “depende do peso respectivo dos aspectos matriarcais ou patriarcais da religião. O aspecto patriarcal faz-me amar a Deus como um pai. Imagino que ele é justo e estrito, que pune e recompensa. [...] No aspecto matriarcal da religião, amo a Deus como a uma mãe que tudo abraça. Tenho fé em seu amor. Ela há de me amar [...] salvar-me-á, perdoar-me-á.” (p. 54)
Fromm traz, então, um longo e intenso debate sobre o grau de maturidade de um indivíduo e, a partir desse, do seu conceito de Deus e de amor a Deus.
Nessa reflexão, torna-se nítida uma diferença gritante entre o Ocidente e o Oriente no que se refere à atitude religiosa. E, para que possamos compreender melhor as suas proposições, damos mais um passo atrás junto ao autor a medida em que eles nos apresenta o Ocidente com as suas bases na lógica da filosofia aristotélica e o Oriente com as suas bases na lógica da filosofia de Heráclito, Lao-tsé, mais tarde trazida também por Marx e Hegel - sendo essa lógica ou forma de raciocínio chamada de “paradoxal”.
Sob a lógica paradoxal, chega-se à conclusão de que o amor de Deus não é o conhecimento de Deus em pensamento, mas sim o ATO de experimentar a unidade com Deus. Assim, a meta final da religião não é a crença boa, justa e correta, mas a ação correta.
Alguns filósofos da modernidade, como Spinoza e Marx, também expressaram a mesma ideia na filosofia. Marx, por exemplo, disse que: “Os filósofos têm interpretado o mundo de maneiras diferentes: a tarefa é de transformá-lo.”
Assim, a lógica paradoxal tem a ênfase não no pensamento, mas na ação, o que gera várias consequências, sendo as principais delas no que diz respeito à religião:
A TOLERÂNCIA: É o que vemos em grande medida nas religiões orientais, por exemplo. “Se o reto pensamento não é a verdade final, se não é o caminho da salvação, então não há razão para combater os outros, aqueles cujo pensamento tenha chegado a formulações diferentes.“
Em outras palavras, quem pode afirmar com total convicção que sua crença é a única plenamente correta? O diferente não é necessariamente o errado.
SER HUMANO EM TRANSFORMAÇÃO: A outra grande consequência dessa lógica é colocar o ser humano em um constante processo de transformação ao invés do desenvolvimento de dogmas e ciências em lados opostos.
Por outro lado, com a lógica aristotélica presente no pensamento ocidental, a ênfase maior é colocada no pensamento e não na ação, no pensamento justo e reto ao invés da ação justa e reta - apesar de que a boa ação também é tida como importante.
Isso levou à construção de dogmas, das noções de “herege” ou “incrédulo” e, consequentemente, também conduziu e conduz à intolerância.
Pense, por exemplo, em como essa compreensão faz total sentido ao observarmos a intensa intolerância religiosa que vemos na nossa sociedade. Na sociedade brasileira então, nem se diga.
Assim, Fromm conclui o 2º capítulo afirmando que, nas religiões ocidentais, o amor a Deus é o mesmo que a crença em Deus e o amor de Deus é essencialmente uma experiência do pensamento. Já nas religiões orientais, o amor a Deus é uma experiência intensamente sentida de unidade, inseparavelmente ligada à expressão desse amor no próprio ato de viver.
Dessa maneira, concluímos também a nossa segunda semana de leitura coletiva e seguimos em frente para o penúltimo capítulo do livro, de título: “O amor e sua desintegração na Sociedade Ocidental Contemporânea”. Vamos juntos! 😉
*As páginas que foram indicadas junto às citações se referem à numeração do livro como disponibilizamos gratuitamente no nosso site. Caso queira acessá-lo para encontrá-las, clique aqui.
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