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Os VCRs do concerto PTD on Stage: Análise da narrativa & referências



Antes de mais nada, é bom lembrar que os VCRs que vamos explorar passam por algumas cenas e referências que nós já havíamos visto e analisado a respeito do teaser do concerto no nosso perfil do Twitter, de título “Estamos apenas começando”! Caso você não tenha conferido, clique aqui.




O PRIMEIRO VCR




Ao longo de PTD on Stage, tivemos um total de 4 VCRs. Porém, se os colocamos juntos, eles nos contam uma única narrativa repleta de significados que se voltam desde à música-tema do concerto até o desenvolvimento da carreira do Bangtan em uma indústria racista ou à pandemia.


Partindo disso, vamos observá-los parte a parte e ver o que descobrimos?


Bom, o primeiro VCR - que, na verdade, abriu o show - nos apresenta os membros do BTS sob uma música de tensão e sem quaisquer cores.



Perceba como a câmera se aproxima aos poucos e como o cenário é uma sala onde eles estão, a princípio, detidos. Esses elementos nos trazem à memória o início do MV de “Mic Drop” e a forma como ele também passa por temas semelhantes aos que vamos discutir.



Aqui no Efeito, nós já trouxemos uma análise completinha do MV de “Mic Drop” e você pode conhecê-la aqui.


Além disso, é claro que os membros presos, o painel de foto como em uma prisão e até mesmo as plaquinhas que veremos a seguir também são referências às fotos-conceito da era Butter - que, de fato, roubaram o coração do ARMY!



Assim como no MV de “Butter”, vemos então cada um dos membros segurando uma plaquinha com seu nome, data de nascimento e alguns números bastante significativos - que explicamos na análise do MV. Porém, atenção! Aqui no VCR, esses números foram modificados!


Quais são agora os números e seus significados?


RM mudou de 201904, que aparentemente eram números de um prédio e apartamento em que ele morou, para 180924 (ou 24/09/18), a data da primeira visita do BTS a uma Assembleia Geral da ONU na qual RM discursou.



Jin mudou de 655212, que, segundo ele, foi escolhido aleatoriamente, para 101101 - número que parece fazer referência à escrita de códigos em pagers, de modo que 101101 significa “LOL LOL” ou “Eu me sinto bem”.



SUGA mudou de 384627, também escolhido aleatoriamente, para 130613 - obviamente, a data do debut do septeto.



j-hope mudou de 660660 - o qual em códigos para pagers é 뽀뽀, que em coreano soa como "bbo bbo" e se refere a beijo - para 141017 (ou 17/10/14), ou seja, a data em que o BTS teve seu primeiro concerto: “BTS 2014 Live Trilogy - Episode 2: The Red Bullet”.



Jimin mudou de 141018 (ou 18/10/14) - também data de um dos concertos “The Red Bullet”, um dos primeiros do Bangtan - para 1365244, o que, em códigos de pager, significa “Eu te amo 24/7” ou “Eu te amo 24 horas por dia e 365 dias por ano” - como ele já havia dito ao ARMY no episódio 136 de Run BTS.



V mudou de 000001 - sequência que, segundo ele, caminha dos números 0 para o 1 e indica o caminhar para "se tornar o nº 1" - para 200901 (ou 01/09/20), data na qual “Dynamite” e o BTS ficaram em 1º lugar na Billboard Hot 100 pela primeira vez.



Finalmente, Jung Kook mudou de 110604 (ou 04/06/11), data da sua chegada a Seul, para 190601 (ou 01/06/19), data do primeiro concerto do BTS no estádio de Wembley, na Inglaterra, que é conhecido por ter sido palco de alguns dos shows mais importantes de toda a história da música.



Ok, explicadas as plaquinhas, podemos continuar. Quando parecia que o grupo estava simplesmente detido, sem escapatória, V nos apresenta um recurso escondido que vem diretamente da sua boca: Um clipe de papel - item comumente conhecido para a abertura de trancas.



Para além da simples narrativa do VCR, pode haver uma metáfora intensa nessa cena. O BTS, desde 2013 até onde estamos hoje, tem constantemente conquistado o seu espaço, tanto no Oriente como no Ocidente, e digamos a verdade: Isso incomoda a muitos.


De meios de comunicação a ouvintes gerais, há uma tentativa constante de contenção à ascensão do Bangtan - o que caminha junto a racismo, xenofobia, micro-agressões e a narrativa de uma indústria que opta a sua padronização em vez da diversidade.


Contudo, sob os seus “coletes a prova de balas”, nenhuma “caixa” mais é capaz de conter o que o BTS representa. Quando o grupo abre a sua boca e compartilha desde as suas vozes, músicas ou palavras sinceras, barreiras vem abaixo.


Podemos pensar que é por isso que V tira o clipe de papel da boca. Por que não do bolso? Por que não da própria mesa? Porque, do que é compartilhado pela boca do Bangtan, mesmo quando parecia complexo e sem saída, vem impacto, liberdade, superação e quebra de estigmas.


Com o clipe de papel, os membros se soltam das algemas e daquilo que estava os prendendo. Perceba como, agora, eles se movem e dançam. E o espaço que originalmente era para contê-los se torna um espaço DELES.



Por fim, enquanto os demais membros já estão deixando a tal sala, Jung Kook vem até a câmera e mostra o que ele havia escrito antes em um bloco de papel: “WE DON’T NEED PERMISSION”, ou seja, “NÓS NÃO PRECISAMOS DE PERMISSÃO”.



É claro que essa frase nos leva novamente a “Permission to Dance”, música-tema e título do show. Porém, nessa cena, podemos ir além também nas suas insinuações. Em julho, após o lançamento de “Permission to Dance”, a Weverse Magazine escreveu o seguinte em um artigo:



Em outras palavras, “Permission to Dance” carrega esperança, conforto, diversidade, mas também um sutil, porém claro posicionamento de confronto. O BTS desafia e rompe lógicas monótonas e eles não precisam de permissão para fazer isso através de sua arte.


Finalmente, complementando essa mensagem do primeiro VCR, o concerto tem início com os membros contidos atrás de um portão trancado. Porém, ao som de “ON”, música que é epítome da trajetória e superação do grupo, os portões se abrem e o BTS, mais uma vez, se coloca diante do mundo.




 


O SEGUNDO VCR





Bom, vamos lá. Antes de mais nada, é importante pontuarmos que, no segundo e no terceiro VCR, o grupo que antes tínhamos visto como um, detidos, porém escapando, agora se subdivide em dois - duas subunits, poderíamos dizer.


Assim, no segundo VCR vemos juntos RM, V e Jung Kook, enquanto no terceiro veremos Jin, SUGA, j-hope e Jimin.



Se observamos os VCRs apenas superficialmente, já fica nítido que eles teriam se dividido por terem escapado de uma “prisão” e se separaram para se proteger enquanto planejam os próximos passos.


Contudo, podemos lançar o nosso olhar mais além. O BTS, que já vinha rompendo barreiras e conquistando cada vez mais o seu espaço, também se viu diante de um momento que demandou de todos nós o resguardo e a proteção: A pandemia da COVID que desolou o mundo.


Sob o propósito de nos protegermos, se fez necessário que nos separássemos de amigos, familiares, colegas e permanecêssemos em ambientes seguros e fechados - sozinhos ou com poucos, com o básico para sobrevivermos e buscarmos formas de ainda movermos a nossa vida.


Diante desse cenário, ninguém ficou imune - seja ao vírus ou a ter a vida e emoções viradas de ponta-cabeça. O Bangtan poderia ter tão somente se protegido, se poupado nesse tempo. Mas não foi isso que eles fizeram. Veja o que a Weverse Magazine escreveu em um artigo em julho:



Para muitos de nós, o BTS foi quem “segurou as nossas pontas” nesses últimos muitos meses. BE é marca disso, mas “Dynamite”, “Butter” e “Permission to Dance” foram a explosão que o BTS cuidadosamente planejou e preparou para que o mundo pudesse ganhar cores e conforto por alguns momentos.


Assim, em uma metáfora muito bem trabalhada, é esse processo também que assistimos ao longo desses próximos 3 VCRs: O Bangtan, mesmo em meio à pandemia, se protegendo e se vendo também sob limites, mas ainda assim escolhendo manifestar o poder ilimitado da música.


O segundo VCR tem início com RM chegando a um cenário que se assemelha a um galpão ou um pequeno depósito.



Perceba que ele está atento aos seus arredores, como se garantisse que ninguém estava o seguindo ou observando - afinal, eles estavam se escondendo/protegendo de algo ou alguém.



Ao abrir a porta, nós podemos observar um pouco mais esse cenário interno - que também já havia aparecido em menor escala no teaser. É um espaço pequeno, porém parece ter tudo o que eles possam precisar. Vemos móveis, um frigobar (comida e bebida), jogos e afins.



A nível de referências curiosas, temos ali o mesmo pote de “cheese balls” ou salgadinho de bolinhas de queijo, bem como a própria mesa de sinuca, que vimos em fotos-conceito de “Butter” ou, ainda, perceba que o jogo de fliperama que Jung Kook joga parece se chamar “Dyn(a)mite”.



Além disso, o cômodo está repleto de pistas, papéis, murais que combinam uma vibe investigação e planejamento, como já tínhamos visto pelo teaser e também como referência a alguns conceitos do álbum de “Butter”. Na parede, conseguimos ler mais alguns escritos como:


“Let’s break” (de “Let’s break our plans”) = “Vamos romper os nossos planos”


“Cause it’s not over” = “Porque não está acabado”


“Don’t worry!!” = “Não se preocupe!!”


Todos claramente se referem à letra de “Permission to Dance”.



Enquanto assistimos RM, V e Jung Kook apenas conversando, se divertindo, jogando jogos pelo cômodo, temos duas cenas que nos deixaram arrepiados - afinal de contas, qualquer possível referência ao BU ou a HYYH é motivo de colapso!


Como já tínhamos visto pelo teaser, RM tem um pirulito. Ele o tira de sua boca e coloca de ponta-cabeça em um copo, exatamente como no MV de “RUN”.



Logo em seguida, Jung Kook segura um taco de sinuca e assopra a sua ponta.


Até mesmo a música se interrompe e ouvimos apenas o som do seu sopro. Já vimos o personagem do Jung Kook fazer esse mesmo movimento nos mais diversos MVs, porém sempre com fogo (isqueiro ou fósforo) - referência à relação com o personagem do YoonGi no BU.



Bom, o VCR continua e, entre cenas de iluminação mais escura e mais clara, vemos os três membros apenas jogando, dançando, se divertindo, acompanhando a vibe da música que toca ao fundo. Até que há uma batida na porta e uma caixa de pizza é passada por debaixo dela.



É interessante notarmos que, desde o início do VCR, já havia uma outra caixa de pizza idêntica a essa dentro do cenário: Sobre a mesinha próxima ao V - o que pode nos indicar que eles já teriam recebido outras caixas como essa anteriormente.



Isso fica ainda mais interessante por dois detalhes: Primeiro, a forma como Jung Kook ergue a porta e pega a caixa. Ele olha para fora, mas não parece que ele está olhando por não saber quem deixou o objeto, mas sim para conferir se não estavam sendo observados - como RM fez no início.



Por isso, em seguida, vemos o V indo até uma janela e observando o lado de fora pelos vãos da persiana e, depois, a fecha. RM também vai até uma janela, observa o lado externo e fecha as cortinas.



Finalmente, eles se reúnem em torno da caixa sobre a mesa de sinuca. O que havia dentro da caixa de pizza? Tudo menos pizza.


. Alguns papéis mais embaixo (possivelmente mais pistas, anotações e afins, como o que já vimos no cenário);


. Saquinhos de tinta em pó ou pó colorido (como aqueles que viraram febre em festas em 2019);


. Um card em destaque acima de todos os elementos, no qual está escrito “Codinome: PTD”.



É interessante lembrarmos que “codinome” é uma designação que serve para ocultar a identidade de alguém ou para nomear de maneira secreta um plano de ação ou uma organização - exatamente o que temos aqui. “Permission to Dance” era o plano de ação do BTS.



A respeito do envio da caixa, temos diferentes possibilidades. Podemos pensar, inicialmente, que a outra parte do grupo - Jin, SUGA, j-hope e Jimin - teria enviado a caixa e que ambos os lados estariam, ainda assim, em contato, mesmo depois que se separaram. Por que?


Como observaremos melhor no terceiro VCR, no cenário de Jin, SUGA, j-hope e Jimin, também podemos ver diversas caixas de pizza. Elas se diferem um pouco na cor, porém, ainda assim, são caixas de pizza. Talvez essas embalagens seriam uma forma “discreta” de contato entre os dois lados.



O aspecto interessante dessa possibilidade é a forma como podemos olhar para essa interação entre os dois lados e pensarmos em como, durante o isolamento da pandemia, as pessoas ainda encontraram modos de manter o contato entre si.


Além disso, conforme foi relatado pelo BTS, por Ed Sheeran, pela Weverse Magazine e outros envolvidos na produção de “Permission to Dance”, a própria canção foi preparada de forma remota com profissionais de diferentes países em contato - o que foi, sem dúvida, um desafio.


Outra possibilidade seria pensarmos que a caixa teria sido enviada por um terceiro sujeito ou grupo, que estaria ajudando o Bangtan no seu planejamento do que pretendiam fazer.


Com os elementos da caixa em mãos, RM, V e Jung Kook colocam as mãos na massa e trabalham intensamente na investigação e preparação do que planejam realizar. Vemos RM manuseando alguns mapas, marcando pontos específicos e traçando rotas.



Vemos V utilizando alguns objetos e aparelhos. E vemos Jung Kook com um elemento que voltará a aparecer também no próximo VCR: Uma espécie de pote com um conta-gotas, no qual, porém, ele coloca uma mistura dos tais pós coloridos e consegue lançar uma fumaça colorida.



Após o trabalho intenso, eles se reúnem e concordam que o que prepararam está bom e pronto - o que é colocado dentro de uma misteriosa maleta e Jung Kook a fecha. Com isso, porém, pelas luzes na parede, nos é mostrado que, talvez, eles não estivessem mais sozinhos.


Luzes como de carros de polícia e o som de uma sirene. Havia perigo e era hora de ir para dar continuidade ao plano. Nessa figura da polícia, podemos pensar tanto nas ideias de contenção à ascensão do Bangtan que debatemos no primeiro VCR como também no próprio perigo da COVID.


Eles deixam, então, o depósito levando apenas a maleta. V, por um momento, fica para trás e queima em suas mãos o card que continha o codinome que resume tudo o que eles estavam preparando: PTD, ou seja, “Permission to Dance”.



Ninguém saberia o que eles estavam planejando e ninguém faria igual. O plano de preparar PTD e compartilhá-la com o mundo em toda a magnitude do seu impacto não seria detido ou interrompido nem por COVID, nem por terceiros, nem por ninguém.


Como afirmou a Weverse Magazine no artigo citado anteriormente: “Acredito que o que leva o BTS a seguir em frente incansavelmente é o seu desejo de espalhar esse tipo de conforto musical mágico para mais e mais pessoas.”



 


O TERCEIRO VCR





Se o segundo VCR apresentou um foco na subunit formada por RM, V e Jung Kook, o terceiro VCR nos mostra Jin, SUGA, j-hope e Jimin em destaque. Vemos j-hope em um corredor - como de um prédio de apartamentos ou de um hotel - chegando até onde estão os demais três.



O cenário interno do quarto ou quitinete em que os quatro se encontram traz uma sensação muito semelhante à do cenário do VCR anterior: pequeno, simples, poucas pessoas, com itens para diversão, comida, bebida. Um básico na busca para mover a vida mesmo entre 4 paredes.


Em torno do quarto, vemos - assim como no último VCR - pequenos papéis, pistas, anotações, porém nesse ambiente a presença de balões roxos está, sem dúvida, em proeminência!



Em outras palavras, podemos dizer que, enquanto no cenário de RM, V e Jung Kook, a vibe de “Butter” aparecia em maior destaque, no cenário de Jin, SUGA, j-hope e Jimin, “Permission to Dance” ganha uma ênfase maior.


Assim como no segundo VCR, assistimos os membros se movimentando ao longo do cômodo - jogando, dançando, se divertindo, apreciando a boa música do som ambiente.



Ah! A nível de curiosidade, o quadro que aparece ao fundo na parede também fez parte do set do MV de “PTD”!



Jin se levanta para trocar o disco e, consequentemente, a música que estavam escutando. De uma trilha sonora leve e cativante, somos levados a uma música muito mais intensa, a partir da qual eles dançam e transformam o pequeno quarto em uma festa.



Saltando e lançando todo tipo de objeto em direção ao ar, como já tínhamos visto desde o teaser, é inevitável que a nossa mente viaje no tempo e nos traga à memória a forma como assistimos os personagens do BU festejarem juntos durante o MV de “RUN”!



A diversão segue solta, até que há uma batida na porta, a qual nos revela um “vizinho” ranzinza incomodado pelo som (certamente alto) da música. Os quatro membros respeitosamente se desculpam, mas, ao fecharem a porta, a expressão do Jimin nos mostra que não havia intenção de parar.



Sob luzes ainda mais intensas, uma nova música e confete, a festa e o bom tempo entre amigos continua. Nessas cenas, um detalhe deve capturar a nossa atenção: Você se lembra dos pós coloridos e do pequeno recipiente com conta-gotas do segundo VCR?


Pois é, aqui está o retorno desse elemento! Vemos j-hope com um pote semelhante, senão idêntico ao que Jung Kook utilizou no VCR anterior, além de um pote de vidro com o tal pó colorido que aparece rapidamente sobre a mesinha do quarto mais a frente.



Esse objeto comum apenas reafirma a possibilidade que levantamos de que, sim, ambas as partes do grupo que se subdividiu por necessidades maiores se mantinham em contato enquanto preparavam o seu plano de ação - vulgo “PTD”. Eles estavam trabalhando em um objetivo comum.


Mais uma vez, a porta do quarto é chacoalhada e, finalmente, aberta, revelando, possivelmente, mais um vizinho. E aqui precisamos tecer um parênteses com alguns detalhes.



Primeiro, perceba que, desde o cenário e roupas do primeiro VCR ao vizinho ranzinza e a esse novo vizinho, todos aparecem vestidos em branco, sem cor alguma. O mesmo se repetirá no próximo VCR. Na ausência da música, de esperança, a ausência de cores também se faz presente.



Segundo, é interessante observarmos nesse VCR a diferença de como os quatro membros reagiram à interrupção do primeiro vizinho ranzinza e à desse garoto que surge. No primeiro caso, o homem simplesmente reclama da presença da música, traz expressões ruins e se retira.


Já no segundo caso, tudo e todos dentro do cômodo, por alguns momentos, ficam paralisados. Até que j-hope se move, alcança o pequeno recipiente com a tinta colorida em pó e lança uma borrifada de cor na direção do menino, que volta a se mover e começa a dançar junto aos demais.



Percebe a diferença? Se difere porque:


1. O garoto pára para observar o cenário, a música, as boas vibrações do ambiente antes de tecer qualquer palavra, expressão, julgamento;


2. Temos ali um personagem jovem. Já sabemos bem como o BTS se sente e se posiciona em relação à juventude, em relação à nossa geração, não é mesmo? Você se lembra da fala do Jin recentemente na Assembleia Geral da ONU?


Jin disse: “Em vez de chamar essa geração do corona de 'geração perdida', o termo 'geração de boas-vindas' é mais adequado. Seremos uma geração que acolhe mudanças!”


Uma geração jovem que, mesmo e sobretudo no mundo pandêmico, aprende a abraçar e se abrir às mudanças e ao diferente - o que vai desde os nossos gostos, as nossas formas de pensar ou as nossas formas de nos relacionarmos.


É assim também que muitos vieram a conhecer o Bangtan nos últimos dois anos! “Dynamite”, “Butter” e “PTD” são um catálogo próprio, como debatemos, mas são apenas uma porta de entrada ao gigantesco universo que o grupo representa. Se abrir ao BTS também é se abrir a mudanças.


Assim, com um toque de esperança - metaforicamente representado aqui pelo pó colorido cuidadosamente preparado como parte do plano do Bangtan nos VCRs - música, cor, leveza e uma positividade não tóxica alcançam os personagens que antes aqui se viam até mesmo sem cor.


Depois de muito festejar, os quatro amigos se sentam, mas uma batida na porta faz com que Jimin vá até ela. Ao abri-la, o que é que encontramos? Sim! A maleta detalhadamente preparada pela outra metade do grupo no segundo VCR.



Como já havíamos analisado e previsto pelo teaser, dentro da maleta há um grande botão ligado a diversos fios e dispositivos. Se assemelha quase a uma bomba, mas o que estava prestes a explodir não era prejudicial!



SUGA, finalmente, pressiona o botão e, automaticamente, como podemos observar pelo lado de fora da janela, a cidade começa a explodir em cores com paredões coloridos que vem como referência direta ao MV de “Dynamite”! Você se lembra das explosões de cores, certo, ARMY?



A cidade externa, que estava silenciosa e monótona em suas cores preta e branca, se vê coberta de cores com explosões como de fogos de artifício. E, claro, as cores que se espalham nada mais são do que grandes quantidades do tal “pó colorido” preparado pelos membros!


Observe como Jin, SUGA, j-hope e Jimin, ao verem que o plano está funcionando e todas aquelas cores estão sendo lançadas mundo afora, celebram. Eles comemoram com expressões aliviadas, pois “PTD” estava sendo colocado em ação e com sucesso!



Indo mais a fundo nos significados dessa cena final do terceiro VCR, essa é uma representação visual bastante certeira do que o BTS fez e foi capaz de expressar durante o período de pandemia e isolamento social ao qual todos nós nos vimos submetidos.


Um mundo que era repleto de sons, agitado, coberto de cores, de repente, parou. Parou nos deixando ao silêncio e à monotonia do preto e branco em emoções complexas, planos ou relacionamentos interrompidos e ruas vazias.


No entanto, mesmo vivenciando a mesma experiência, o Bangtan, mais uma vez, rompeu as barreiras e criou um plano de ação que impactaria não apenas eles próprios, mas todo o mundo: “Dynamite”, “BE”, “Butter” e, claro, “Permission to Dance”.


A verdade é que o mundo e nós ainda temos muito a caminhar até nos aproximarmos de algo como “normalidade”. Mas, nem que seja apenas por alguns minutos enquanto ouvimos uma canção como essas, o mundo - de dentro do nosso quarto - pode ganhar sons e cores novamente.




 


O QUARTO VCR




Finalmente chegamos ao último VCR do show do último fim de semana, o qual conclui toda a narrativa que temos debatido. Vamos ver o que ele tem a nos dizer? Segue aqui!


O VCR tem início nos apresentando a visão externa de um local chamado “PTD General Store”, o que significa um armazém ou uma pequena loja comercial que tem disponível uma ampla variedade de mercadorias.



É por isso que também do lado de fora podemos ler diversas palavras como:


. “Discount various foods” = “Desconto em vários alimentos”

. “Camera” = “Câmera”

. “Clothes” = “Roupas”

. “Camping supplies” = “Materiais para acampamento”

. E o mais importante: “Ink refill” = “Refil de tinta”


Além disso, perceba que as paredes externas da tal loja têm manchas coloridas - com destaque para a cor roxa. Essas manchas coloridas certamente são resultado das explosões em cores que assistimos e discutimos no último VCR: as tintas coloridas em pó!


Agora, faça as conexões, ARMY: A loja tem “PTD” no seu nome, um dos seus produtos são refis de tinta e, logo em seguida, veremos os 7 membros se reunirem ali.


Em outras palavras, esse local era onde, provavelmente, os membros teriam comprado e/ou armazenado toda a massiva quantidade de tinta colorida em pó que fazia parte do seu plano - como vimos anteriormente.



Após dois VCRs com foco em diferentes subunits, voltamos, enfim, a observar o grupo integralmente reunido. E gostaríamos de chamar a sua atenção rapidamente para as roupas que os membros estão vestindo aqui.



Perceba como cada um deles veste um casaco de uma cor diferente, porém, por baixo dos casacos, todos eles estão vestindo camisetas ou regatas brancas. Você se lembra o que debatemos até o terceiro VCR a respeito dos personagens ou dos próprios membros em roupas brancas?


Por isso, esse parece um detalhe interessante aqui. Ao longo de todo esse período difícil, o BTS obviamente também enfrentou momentos de silêncio e escuridão. Momentos de ausência de cores, música e esperança. Momentos de confusão sobre o que sentir ou o que fazer a seguir.


Afinal de contas, sabemos o quanto a sinceridade é algo primordial para o Bangtan e eles compartilham as suas batalhas - seja através da música ou de suas falas. Contudo, apesar disso, o grupo buscou encontrar propósito em meio a esse tempo em algo maior.


O BTS emergiu da ausência de cores da pandemia e se cobriu de cores vibrantes de ânimo, inspiração e conforto - o que impactou ambos os lados: nós e eles próprios. Mais importante ainda é dizer que isso não significa de maneira alguma ignorar ou suprimir nossas emoções confusas, tristeza e sofrimento ou as lutas que travamos nesses meses. Pelo contrário, significa abraçá-las, lidar com elas e, ainda assim, buscar encontrar pontos positivos, de superação e esperança, em meio ao caos.


Bom, o VCR continua nos mostrando os membros entrando na loja PTD. Eles caminham pelos corredores, de modo que podemos perceber que, de fato, há uma gigantesca variedade de produtos. Inclusive, podemos ver grandes geladeiras repletas de balões roxos dentro.



No MV de “Permission to Dance”, também vimos balões roxos dentro de um eletrodoméstico. Porém, ali eles estavam dentro de máquinas de lavar, afinal de contas o nosso cenário era uma espécie de lavanderia.



Jung Kook caminha, então, até o balcão, posiciona um rádio sobre ele e quebra o silêncio novamente com música! Tentamos buscar pelo Shazam e outras plataformas qual seria a música que é tocada ali, mas infelizmente não encontramos nenhum resultado compatível.



Como já era de se esperar, baseado no que assistimos nos demais VCRs, vemos os sete membros dançando, pulando, se divertindo pelos corredores da loja. É o famoso caos do Bangtan que nós tanto amamos!



A câmera nos mostra uma mão que surge de trás do balcão e, subitamente, corta a música e a diversão dos membros. Ao se aproximarem, eles encontram um homem, novamente vestido em roupas brancas - como já discutimos nos VCRs anteriores.



A reação desse personagem em roupas brancas, no entanto, também é diferente. Ele se junta aos membros do outro lado do balcão e começa também a dançar e festejar.



Algumas possibilidades de explicação para isso seriam:


1. Que ele, conforme as explosões coloridas por toda a cidade que vimos no último VCR, já teria entrado em contato com a “tinta em pó colorida”;


2. Que a própria presença do BTS, nas suas cores, personalidades e atitudes, surtiram o mesmo efeito;


3. Que esse personagem representa um ARMY, automaticamente confiando nos membros e se jogando de cabeça na música e na dança junto a eles.


Os sete, agora oito, seguem dançando e se divertindo até que, de repente, não apenas o som, mas todas as luzes são cortadas - a energia do ambiente acaba, deixando tudo e todos em silêncio e escuridão.



Do lado de fora do local, surgem fileiras com diversas pessoas observando atentamente a cena e os membros. Chega a ser até mesmo um pouco amedrontadora a forma como os personagens cercam o exterior da loja.



Perceba como, uma vez mais, todas essas pessoas estão com roupas brancas e, em seus rostos, não há qualquer expressão, qualquer emoção. Além do que já pontuamos pelos VCRs anteriores, pense, por exemplo, no modo como, nas mudanças repentinas dos últimos meses, todos nós nos vimos tão sobrecarregados e, ao mesmo tempo, tão drenados em relação às nossas emoções. Como, em meio ao caos, em alguns momentos, caímos até mesmo em apatia.


Os membros, no entanto, saem da loja e se posicionam diante daquelas pessoas. Jimin é o último a deixar o local e vem carregando um balão roxo em sua mão - como já vimos em performances e no MV de “PTD”, o qual ele entrega para uma criança que estava logo à frente do grupo.



Os balões roxos, desde o teaser de “PTD”, são um sinal de esperança, um sinal de que estamos, de alguma forma, caminhando para o fim desse período - nem que seja ainda o início do fim. São um símbolo de que a esperança se trata de uma atitude que conecta presente e futuro.


Por isso, o fato de que Jimin entrega o balão a uma criança, assim como a presença de crianças no MV da música, é muito significativo. As crianças são uma expressão clara do futuro, de uma geração que será dominante no mundo em alguns anos, e também uma esperança para ele.



Em seguida, V, que tem um pouco de tinta nas suas roupas, balança e bate as suas mãos no seu casaco tentando se livrar do pó. Porém, o movimento é um pouco semelhante à palavra “diversão” na linguagem de sinais - o que faz parte da coreografia final de “Permission to Dance”.



Em uma resposta quase automática, as pessoas vestidas em branco começam a sinalizar a palavra “diversão” como na coreografia e os membros se surpreendem com o efeito coletivo que estão assistindo ali.



A partir disso, eles apresentam a palavra “dança” ou “dançar” na linguagem de sinais - assim como na coreografia - e a reação é a mesma: O grupo diante dos membros segue o movimento.



Essa cena é fantástica, pois o que assistimos ali é muito mais do que simplesmente uma “cópia” de movimentos. Os membros do BTS estavam ensinando, demonstrando, inspirando - o que é ainda mais especial ao pensarmos no uso da linguagem de sinais.


Inclusive, essa cena trouxe à memória de uma das nossas adms uma experiência pessoal vivida por ela através de uma terapia transpessoal em grupo que envolvia algumas práticas de imitação e observação de movimentos como o que assistimos aqui.


No fim dessa experiência, a conclusão era de que o mundo sempre nos devolve aquilo que damos. Pense nessa proposta aplicada aqui: As pessoas, a princípio sem expressão, estavam encarando os membros, mas eles não ficaram com medo ou bravos.


Pelo contrário, eles convidaram aquelas pessoas a dançarem e a se divertirem! E eles receberam uma resposta.


Finalmente, a criança que segurava o balão o solta e deixa que a bexiga roxa suba em direção ao céu. O ato de soltar balões dessa forma é uma prática comum em diversas situações, com o intuito, por exemplo, de homenagear algo/alguém, de conscientizar a respeito de algo ou de celebrar algo.



A música volta a ganhar lugar no VCR e as pessoas que pareciam paralisadas, apáticas, em roupas brancas e sem qualquer expressão, agora tem suas roupas também marcadas com borrões das tintas coloridas, expressões animadas e dançam junto aos membros.



A última cena do vídeo nos mostra balões roxos que emergem de todos os cantos da cidade. Pare por um momento e perceba a lógica pela qual passeamos ao longo desses quatro VCRs.



No primeiro, o nosso olhar foi voltado mais ao passado, à identidade e à ascensão do BTS ao longo dos anos e ao seu posicionamento mesmo diante daquilo e daqueles que tentam os conter.


Nos segundo e terceiro VCRs, nos voltamos com foco no presente e na ação do grupo - metaforicamente na narrativa do vídeo e também na vida real - durante o período pandêmico.


Enfim, no quarto VCR, o futuro é colocado em ênfase: O BTS, através de música e cores, mantendo acesa a chama nas pessoas com um olhar para o mundo pós-pandêmico, no qual os balões roxos que deixam as mãos nos lembrarão do que passamos, daquilo e daqueles que perdemos, mas também nos mostrarão a direção de um futuro de novas liberdades e esperança de dias melhores que, vagarosa e finalmente, se aproximam.

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