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François Audouy: Coldplay x BTS & "My Universe" - Um estudo de caso [30/09/2021]

*Tradução livre a partir de análise original publicada em 30 de setembro de 2021. Caso deseje visualizá-la, acesse: https://www.audouy.com/case-studies/coldplay-x-bts-my-universe/ ;


*O texto se encontra em 1ª pessoa, tendo em vista que foi escrito dessa maneira pelo autor.






Coldplay x BTS & "My Universe":


Um estudo de caso



“O Coldplay realmente não acredita em quaisquer limites ou separação de qualquer coisa [...] A música 'My Universe' é sobre alguém ouvindo que não pode amar uma certa pessoa, ou que não pode estar com (alguém de uma determinada) cor/raça,

ou que não podem ser gays - seja o que for.”


- Chris Martin


 


INTRODUÇÃO



A visão de Chris Martin e do diretor Dave Meyers para "My Universe" era uma história de ficção científica ambientada em uma época de isolamento, na qual a música serve como um fator unificador. É a história de três bandas que tocam em planetas separados, tentando transmitir sua música por toda a galáxia com a ajuda de uma discotecária renegada que atende pelo nome de DJ L'Afrique.



Dizer que o conceito era "exorbitante" seria um eufemismo, mas a ousadia de criar um vídeo tão ambicioso e complexo (com uma curta preparação de cinco semanas e uma filmagem em Barcelona, na ​​Espanha) foi, ao mesmo tempo, intrigante e assustador . Como eu aprendi no passado, criar videoclipes não é para os fracos de coração!


“My Universe” seria a terceira música lançada de um elaborado álbum conceitual do Coldplay chamado “Music of the Spheres”, com imagens e temas abrangentes - alguns dos quais haviam sido sonhados por Chris meses (ou talvez anos) antes da finalização do álbum.


O PODER DE UNIÃO DA MÚSICA É UNIVERSAL…

A ideia seria mesclar a música de três bandas rebeldes: Coldplay, BTS e uma terceira banda fictícia chamada Supernova 7, composta por seis alienígenas e um baterista robô.


Essas bandas seriam conectadas por meio da tecnologia de holograma, "Holoband", da DJ L'Afrique, enquanto uma misteriosa nave inimiga caça os músicos rebeldes. Enquanto são rastreadas, as três bandas permanecem em seu desafio até o fim.


Quando comecei a montar imagens de pesquisa, a empresa de serviços de produção espanhola me recomendou o diretor de arte local, Jon Blud, um galês transplantado para a Espanha que lideraria o departamento de arte local.


Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do design se expandiu em Los Angeles, coordenado com uma equipe de ilustradores no estúdio de design One Pixel Brush, com sede em Praga, e supervisionado pelo Diretor de Arte Shaddy Safadi.


Em seguida, contratei o decorador do set de Barcelona, ​​Joan Sebator, que imediatamente começou a planejar minuciosamente os sets e a comprar centenas de peças mecânicas recuperadas para criar a estética “sci-fi”.




“A ideia era produzir uma peça (de arte) sobre a unidade em tempos de isolamento. Cada grupo em planetas separados nas Esferas buscam uma maneira ilegal de se comunicar e tocar com a ajuda de uma conhecida renegada nas estrelas.”


- Diretor Dave Meyers



 


CAPÍTULO 1


Cenografia: A nave de transmissão da DJ L’Afrique



Na introdução do vídeo, ultrapassamos os planetas multicoloridos da nossa galáxia - as "Esferas" - cujos designs foram inspirados na luxuosa arte do álbum incluída nas notas do encarte.


Somos atraídos a uma forma distinta em meio ao lixo espacial que orbita o planeta Floris. Um olhar mais atento revela uma nave espacial feita de placas incompatíveis de patchwork de metal, sobrepostas com gráficos e marcações estranhas. O design da espaçonave evoluiu para apresentar uma janela em forma de coração - um aceno para o boton / broche de amor dado a mim pelo Chris durante nossa reunião inicial.


Dentro da nave, encontramos DJ L'Afrique - interpretada pela atriz Joe Diao - comandando uma estação de rádio ilegal de sua estação de rádio steam-punk cujas paredes são cobertas com milhares de adesivos em camadas e pôsteres de bandas alienígenas, inspirados no interior do New York Club CBGB. (*Este local foi um clube de música estadunidense, localizado no bairro East Village, em Manhattan, Nova Iorque. É notado por ter sido o berço de diversas bandas de renome, principalmente relacionados ao punk rock.)



A quantidade de detalhes necessários para o interior da nave espacial exigiu que Joan Sabater se dedicasse sem parar neste set por três semanas.


A nave espacial foi construída por uma equipe dedicada, com Joan liderando a decoração e a construção feita pela Por Fun Decorados. A nave incluiu 650 botões iluminados, 300 pés de tubo flexível de néon e uma dúzia de monitores de vídeo.


O processo foi um fluxo de trabalho baseado em “esboços de guardanapo e referências”, simplesmente por causa do cronograma apertado e da natureza de se inclinar para os itens encontrados que serviriam de base para a decoração do cenário.


Por exemplo, a "cadeira de capitão" da DJ L'Afrique começou como uma cadeira de barbeiro vintage, estofada em tecido de leopardo roxo e salpicada com ferragens recicladas e eletrônicos descartados.


Alguns dos efeitos de luz interativos eram simplesmente luzes de laser de Natal apontadas para tigelas de plástico montadas na parede. O espírito era de improvisação de design, com o objetivo de nos divertirmos com o processo.




“Com a COVID-19 dominando as notícias por meses, posso ter sido inconscientemente inspirado pela forma romantizada do coronavirus ao projetar a nave inimiga.”


- François Audouy



 


CAPÍTULO 2


Design de personagens: Apresentando Supernova 7



Para projetar os diversos personagens que compõem a banda Supernova 7, convoquei o renomado designer de criaturas e artista conceitual, Aaron Sims, e sua companhia de colaboradores.


Dave Meyers tinha descrições detalhadas e referências para esses artistas de alta energia, e os descreveu como uma banda de desajustados funky. Eles incluiriam:




BLAZE


Interpretado pelo ator Rober Gómez, Blaze é um alienígena que vive em árvores e adora dançar. Seu pelo é amarelo e roxo e seus olhos se sobressaem dos dois lados do rosto como um camaleão. Ele tem uma vibração descontraída e descolada e toca as suas maracas como niguém.



EKO


Interpretada por Lizeth San Martin, Eko é uma alienígena humanóide com uma vibração alternativa / reservada. Com marcas no rosto, piercings e muitas joias de metal. Ela é meio gótica e emo e toca seu instrumento semelhante a um piano eletrônico feito a partir de um blaster iônico de seis pés de comprimento fora de uso.



LOOP & SWITCH


Loop e Switch são dois pequenos companheiros de banda animados. Eles não são como nada que já vimos: uma combinação de minúsculos gnomos com rostos de ornitorrinco, braços peludos e pés de robô, como se tivessem sido criados em um laboratório. Eles saltam para cima e para baixo em seu instrumento compartilhado - um sistema de melodia de sinos de várias camadas.



KASIO MARS


Kasio é o elegante líder dos rebeldes. Mais como um humanóide com orelhas super grandes (ou chifres?). Ele tem lindas e sedutoras mechas de cabelo compridas. Ele é um pouco arrogante e adora o centro do palco, principalmente ao cantar, mas ocasionalmente toca o seu bizarro e grande instrumento de cordas / sinos / xilofone.


Quando o ator Larry Balboa chegou com seus pêlos faciais, Dave disse: “Não os raspe. Nunca vi um alienígena com bigode.”



DOREAN DELOREAN


Dorean é um robô musculoso e imponente com um olhar intenso que ele canaliza em uma percussão furiosamente intensa. Seus instrumentos são feitos de bombas recicladas, antenas de comunicação e várias peças de espaçonaves recuperadas.


“O objetivo era fazer Dorean Delorean parecer pesado, mas, no final, ele pesava apenas cinco quilos (11 libras) para que pudéssemos ter o ator vestindo o personagem como um fantoche sem precisar de muitas pausas.”


- Jon Blud


O pesado robô teve uma construção prática, com braços formatados em CGI para a maioria das tomadas em que ele estava com a bateria. A roupa do robô Dorean Delorean foi manipulada pelo ator Daniel Delgado.



ANGEL MOON


Angel Moon é um alienígena angelical, translúcida e luminescente. Ela literalmente brilha com pureza e bondade. Ela flutua, nunca tocando o chão. Ela é conhecida por seu estilo arquitetônico delicado e toca um instrumento de sopro único e delicado que quase parece uma peça de arte moderna.


A atriz Maria José Retamozo interpretou Angel Moon com seu adereço musical semelhante a uma flauta, que, na verdade, era apenas um Güiro, um instrumento de percussão latino-americano.



 


CAPÍTULO 3


Construção de local: Planeta Floris & Coldplay



Sabendo que estaríamos filmando em Barcelona, ​​um dos meus primeiros exercícios foi vasculhar a internet em busca de locais intrigantes que pudessem servir como telas para os nossos planetas únicos.


A primeira descoberta de sorte que encontrei foi um complexo de piscinas municipais vazio que havia sido abandonado por décadas, localizado a menos de uma hora de carro do centro de Barcelona, ​​em uma pequena cidade chamada Rubí.


O que tornou aquele local ainda mais atraente foi o fato de que as autoridades locais nos permitiriam fazer praticamente qualquer coisa que quiséssemos ali, já que estava programado para demolição logo após as nossas filmagens.


Trouxemos um mini carregadeira e começamos a quebrar a estrutura da piscina e adicionar cores com tintas e grafite.



O pintor principal, Phillippe Boonen, comandou uma equipe de pintores cênicos para embelezar o grafite já existente que cobria o local adicionando os seus próprios símbolos alienígenas, projetados a partir dos alfabetos totalmente alienígenas encomendados pelo Coldplay e criados pela designer gráfica e artista argentina Pilar Zeta.



Aumentei a aparência das ruínas existentes no solo pintando todas as ervas daninhas existentes no local em vários tons de azul claro e lilás - simplesmente pintando as plantas com tinta spray automotiva.


Fiquei surpreso ao observar que as ervas daninhas estavam excelentes até o início da gravação - nunca murchando. Aumentamos esta flora existente com algumas sedas e outras áreas verdes e também instalamos um novo piso de ladrilho panorâmico na parte inferior da área da piscina.



Eu criei o design de uma placa enferrujada com o alerta “SEM MÚSICA” que todos nós decidimos ser a metáfora perfeita para a música “My Universe” depois que Chris pintou um grande “ALL” (“TODA”) por cima dela.



 


CAPÍTULO 4


Ambiente em CGI: Planeta Calypso & BTS



Embora a parte do BTS tenha sido filmada no palco em Seul, Coreia do Sul, duas semanas após as filmagens de Barcelona, ​​era muito importante “bloquear o design do mundo” de antemão, a fim de que a iluminação no palco com a tela verde fosse realista para os cenários de pano de fundo gerados em computador.



O seu planeta, Calypso, foi projetado como um porto de embarque alienígena em ruínas, com estruturas gigantes enferrujadas desaparecendo em um céu ameaçador.


Inicialmente, exploramos um projeto para o planeta Calypso focado em um forte marítimo em ruínas, inspirado por imagens de pesquisa que eu havia encontrado de fortes defensivos da era da Segunda Guerra Mundial no Mar do Norte.



Shaddy e sua equipe na One Pixel Brush se iteraram nisso e ilustraram portais no céu, lançando lixo alienígena em um mar revolto.


Várias semanas depois desse beco sem saída, buscamos um novo conceito inspirado nas imagens dos portos de embarque abandonados em Dudunka, na Rússia.



Havia algo evocativo sobre a ideia do BTS se apresentando em uma enorme estrutura semelhante a um heliporto, presa a um enorme guindaste enferrujado.



 


CAPÍTULO 5


Construção de local: Planeta Supersolis



De volta a Barcelona, ​​encontramos uma fábrica de cimento abandonada chamada “Cementera Sant Feliu Ubicación”. Era uma extensa fábrica em uma colina pitoresca que poderia ser bem adequada para a cena de abertura de um filme de James Bond.


Durante o reconhecimento do local, fiquei surpreso ao ver algo como enormes canos suspensos que se assemelhavam aos propulsores de foguetes de uma espaçonave gigante, então rapidamente esbocei essa ideia no meu iPad e a apresentei ao Dave.


Ele se acendeu com a ideia imediatamente, então fizemos a transição para desenvolver ainda mais a ideia usando a equipe de conceito da One Pixel Brush.



Embora grande parte da estrutura da fábrica de cimento seria substituída por CGI, a textura existente do local provou ser uma referência inestimável para a equipe de efeitos visuais.


Sabendo que haveria extensão e manipulação do set com CGI, o departamento de arte concentrou seus esforços na área imediatamente ao redor do Supernova 7, instalando 3.000 pés de gráficos de vinil no solo, o que levou dois dias para instalar e assentar.


A equipe de efeitos especiais instalou lança-chamas, nitrogênio e mecanismos de ignição nas entranhas da estrutura, tudo para simular o efeito de um foguete em uma plataforma de lançamento horizontal.



Dave descreveu que o conceito dos adereços deveria ser que a banda reciclasse armas alienígenas para usar como instrumentos musicais.


Adotamos uma abordagem “barata e animada”, utilizando objetos encontrados como facas falsas, armas de brinquedo e atiradores Nerf. Esses adereços baratos foram simplesmente colados uns aos outros e depois unificados por alguma tinta colorida e tecidos embrulhados.




“Obrigado a toda a minha equipe ao redor do mundo por realizar este vídeo fantástico. Gracias à minha equipe em Barcelona pela construção da nave de Floris, Supersolis e DJ L'Afrique. Este foi realmente um esforço internacional de arte e design e mostra o que pode ser realizado quando estamos unidos pela magia da imaginação e da criatividade!”


- François Audouy

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