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ANÁLISE & TEORIA: A letra e o MV de "IDOL" [#MêsLoveYourself]

“BTS é o primeiro ato sul-coreano a…” ou “BTS, o primeiro grupo na história a…”.


Vemos manchetes como essas constantemente, mas o caminho trilhado pelo grupo foi e segue sendo árduo.


Assim, “IDOL” é uma música essencial que vem nos falar sobre quem o BTS é.


Confira aqui, então, a nossa tradução completa da letra de "IDOL":



Mergulharemos parte a parte na letra e, em seguida, no MV!



Esses versos de abertura do RM e do j-hope dão início à faixa-título de Love Yourself: Answer sob uma perspectiva de auto aceitação, a qual caminha junto ao amor próprio. A medida em que aprendemos a nos aceitar - “amor fati”, como debatemos no início dessa semana, aprendemos também a nos amarmos mais. Da mesma forma que a medida em que nos amamos mais, também aprendemos a nos aceitar mais.


Contudo, o ponto de auto aceitação que o BTS nos apresentou nesses versos ainda em 2018 se relaciona a uma pergunta que permanece até os dias atuais - talvez até mesmo de modo mais intenso hoje, tendo em vista o amplo sucesso e reconhecimento que o grupo tem alcançado. Afinal de contas, o BTS se encaixa no rótulo de “idol” ou de “artistas”? Qual é, de fato, o limite entre uma coisa e outra, se é que existe? Essa é uma questão que muitos, especialmente a mídia, buscam investigar em uma tentativa de definir ou determinar os motivos ou características do crescimento exponencial do grupo.


Muito antes dessas duas denominações, o BTS enfrentou e lutou muito por aceitação e reconhecimento dentro da própria Coreia do Sul. Partindo da perspectiva do cenário de rap underground, do qual Namjoon e Yoongi já faziam parte antes de se juntarem à Big Hit, a rap line do BTS - sobretudo os membros mencionados - enfrentou severas críticas dessa comunidade, especialmente em termos da sua percepção de “feminização” de idols como o oposto da masculinidade, por vezes, agressiva do rap. Já partindo da perspectiva do mundo e da própria indústria do K-Pop, os membros do Bangtan não debutaram como idols de uma das então grandes empresas sul-coreanas de entretenimento e nem mesmo debutaram com “mensagens leves” nas suas músicas. Pelo contrário, o BTS se deu a conhecer a partir de uma pequena empresa, que lidava com instabilidades financeiras, e se colocou diante do mundo pela primeira vez com um álbum composto por intensas críticas ao sistema educacional e à organização social.


Diante disso, o grupo foi submetido a alegações de plágio, à ação de outros fandoms mal intencionados que buscavam - e, por vezes, buscam ainda - minar o BTS por meio de tags negativas durante comebacks e votações em massa, além de outros diversos exemplos que poderíamos citar entre tentativas de garantir que o BTS não ganhasse nenhum ou quase nenhum prêmio ou reconhecimento.


Por isso, por exemplo, ao discursar nas Nações Unidas em setembro de 2018, RM pautou essa jornada pela auto aceitação nas suas palavras:


“Olhando para trás, foi quando eu comecei a me preocupar com o que as outras pessoas pensavam de mim e comecei a me ver através dos seus olhos. [...] Mesmo depois de tomar a decisão de ingressar no BTS, algumas pessoas pensaram que não havia esperança e, às vezes, eu queria desistir."


Hoje, já sob outro contexto e posição, o BTS se vê diante dos rótulos que mencionamos: Idols ou artistas? No entanto, a verdade é que, talvez, nenhum dos dois termos seja suficiente para definir o status do BTS como uma banda coreana e também como um fenômeno global.


É por essa razão que, nesses versos iniciais de “IDOL”, o BTS já coloca em evidência o fato de que um enfoque nessas nomenclaturas é algo para reflexão, mas não necessariamente fundamental. Primeiro, porque não se pode ter controle sobre os posicionamentos e ações das pessoas. E, segundo, porque mais essencial do que essas definições é manter os olhos voltados a aquilo que verdadeiramente importa: a música, a arte, as mensagens e histórias que desejam compartilhar com o mundo e, sobretudo, a sua identidade. O BTS é o BTS e ponto.


Desse modo, j-hope conclui esse trecho dando ênfase à liberdade que reside no orgulho que devemos sentir das nossas identidades e trajetórias. Sabe aquele papo de “Nossa, o BTS não faz mais músicas como fazia antigamente”? Pois bem, “Porque eu tenho sido eu o tempo todo” é a resposta do septeto. Da Trilogia Escolar a HYYH; de WINGS a Love Yourself; e de Map of the Soul aos singles em inglês e ao que ainda estiver por vir: todos, sem exceção, são reflexo e resultado do BTS e do seu amadurecimento - individualmente e coletivamente.



Esses versos do SUGA e do RM revelam uma propriedade interessante que se achega a nós quando damos um passo adentro da aceitação de quem nós somos: a confiança e a determinação. Quando, por vezes, não conseguimos aceitar ou lidar com certas partes de nós mesmos ou se, porventura, estivermos ainda em um processo de aceitação, é mais fácil que palavras, ações e direcionamentos de outras pessoas ou situações detenham um poder muito grande sobre nós.


No entanto, ao celebrarmos a nossa identidade e declararmos que amamos o que somos, como debatemos a partir de “Epiphany”, esse senso de valor e determinação pessoal passa a agir de dentro para fora e não o oposto.


Assim, como os rappers dizem aqui, você pode ficar à vontade para dizer e fazer o que quiser, pois isso já não nos atinge. O BTS sabe o que é, o BTS sabe o que quer e não vão abrir mão disso, principalmente diante de atitudes e palavras daqueles que nem sequer querem o seu bem.



É interessante como, nessa parte que antecede o refrão de “IDOL”, há um contraste entre dois verbos: o falar e o fazer.


O BTS questiona: Por que você fala tanto? Dessa maneira, o grupo se posiciona fortemente diante daqueles que, como predadores, espreitam cada movimento a fim de simplesmente falar. Desprezar. Diminuir. Tentar ocultá-los.


Na outra mão, o BTS diz: Eu faço o que faço. Esse verso pode ser lido de duas formas. Primeiro, implica que a resposta do grupo sempre virá em forma de ação. As pessoas podem falar demais, porém o BTS expressa as suas palavras e respostas em forma de arte, de realizações. Eles fazem. Em segundo lugar, “eu faço o que faço” reitera a noção da identidade. É como dizer “fazemos as coisas à nossa maneira e confiamos nisso”.


E é claro que, em alto e bom tom, o que permanece é um conselho presente no encerramento dessa estrofe: “Cuide da sua vida”. Se as pessoas falassem menos ou, ao menos, refletissem mais antes de falar, o mundo definitivamente seria um lugar melhor para vivermos.



Ao chegarmos ao refrão de “IDOL”, a máxima expressão da auto aceitação e do amor próprio nessa canção são libertados como um grito que parecem vir de dentro do peito: Você não pode impedir que eu me ame.


Talvez, dentro de mim, eu enfrente alguns altos e baixos e talvez eu possa ser, por vezes, um obstáculo para mim mesmo, no que se refere ao amor próprio. Mas você não. As outras pessoas não. As ações e palavras alheias não são capazes de impedir que eu me ame.


Temos também no refrão de “IDOL” algumas referências fantásticas que nos levam diretamente à cultura coreana!


O chamado 얼쑤 (ur-soo) é um som que se faz para demonstrar entusiasmo quando se está cantando ou dançando ao som de uma música tradicional na Coreia.


지화자 (jihwaja) é um som que funciona de forma semelhante, aumentando a animação dos artistas ou espectadores em uma apresentação.


Finalmente, o que é cantado como “Deonggiduck koongdeoreoreo” é uma verbalização do som de uma batida de música tradicional coreana chamada 굿거리 (gutgeori). Essa batida geralmente é tocada em um instrumento tradicional chamado Janggu, que é semelhante a um tambor. Veja:





Não traduzimos o termo “Face Off”, a princípio, porque se trata de mais uma referência para nós! “Face Off” é o nome em inglês para o filme “A Outra Face”, o qual foi dirigido por John Woo, um reconhecido diretor chinês, que também é citado no verso.


Porém, de forma muito interessante, “face off” é também uma expressão idiomática em inglês que significa tomar uma atitude ou posição de confronto, de enfrentamento - o que se conecta perfeitamente ao posicionamento que o BTS está tomando a partir de “IDOL”.


Além disso, há nesses versos uma referência a “Anpanman”, que é também o título de uma outra faixa do BTS. Nós do Efeito BTS já analisamos detalhadamente a mensagem dessa música e você pode conhecê-la clicando aqui.


Contudo, de forma resumida, Anpanman é o personagem principal de uma série de livros ilustrados por um cartunista japonês. Ele se trata de um homem feito de pão de feijão vermelho e é o herói mais fraco do mundo. Ele não tem superpoderes como Batman ou Superman, mas é um herói gentil que ajuda os necessitados e dá para os famintos pedaços da sua própria cabeça, que é feita do tal pão. Desse modo, em “Anpanman”, o BTS se compara, de certo modo, ao personagem Anpanman. Eles se colocam mais uma vez como artistas que desejam proporcionar esperança às pessoas por meio de suas músicas e daquilo que há de mais sincero e verdadeiro: eles próprios.


Por isso, há novamente um contraste brilhante nesses versos do j-hope em “IDOL”. Ele afirma que, embora tenham se tornado também estrelas sob o holofote, o BTS jamais deixou de ser o “Anpanman”. Jamais deixaram o seu lugar, a sua postura e a sua intencionalidade de compartilhar da essência do que são em forma de arte que conforte, alegre, cure e transforme.



Esse trecho de “IDOL” traz à tona a característica multifacetada da nossa própria natureza. Existem muitas versões e lados diferentes que nos compõem e, ainda assim, todos eles são parte do todo que somos. À vista disso, essas palavras cantadas pelo Jung Kook podem ser interpretadas tanto sob a perspectiva do grupo e do que o BTS representa como sob a perspectiva de quem os membros são. BTS, um grupo de artistas, uma boy band ou idols do K-Pop? RM ou Kim Namjoon? São versões e lados diversos de uma mesma história e personalidade. Por isso, Jung Kook afirma que “saúda” o seu outro eu, abraçando e aceitando essa multiplicidade dentro da sua própria existência.



“Embora, às vezes, eu vá pelo caminho mais longo” é uma frase que nós devemos, sem dúvida, destacar dentre essa estrofe. Sabemos bem que, sobretudo ao discutirmos música e a indústria da música, há caminhos longos e complexos que podem ser encurtados com alguns “atalhos” - os quais podem variar desde “investir” para alcançar facilidades até abrir mão da sua verdadeira essência enquanto artista para chegar ao topo mais rapidamente.


O BTS, no entanto, já afirmou até mesmo em entrevistas que, embora até tenham tido chances de tomar “atalhos” enquanto cresciam, os membros constantemente optaram manter os pés no chão, o coração na música e os olhos neles e no ARMY, mesmo que isso significasse ter que atravessar caminhos mais longos.


No fim das contas, esses “longos caminhos” que foram escolhidos e trilhados pelo grupo se revelaram como a estrada para uma jornada que possibilitaria tamanho crescimento e amadurecimento, de modo que o BTS tornou-se capaz de agora afirmar: Está tudo bem, valeu a pena, porque hoje eu me amo e eu estou feliz.


Dessa maneira, muitos dizem que “IDOL” é uma música somente de posicionamento forte frente ao desrespeito e outras questões enfrentadas pelo grupo. Porém, não. Vai muito além disso!


“IDOL” se trata de identidade, confiança, superação, autoconhecimento e, sobretudo, amor próprio.


Quando o BTS debutou, eles não faziam ideia do que iriam alcançar. Crítica, ódio, racismo, xenofobia, comentários maldosos e atitudes mal intencionadas sempre estiveram ao seu lado. Mas, ainda assim, eles bravamente cantaram: “Eu sou o que sou” e “Você não pode impedir que eu me ame”.


Em resumo, “IDOL” é a carta em que o BTS endereça a nós e ao mundo uma mensagem nítida: Seja você e tenha orgulho das suas raízes e trajetória. Afirme a sua identidade.


Nessa proposta reside um impacto poderoso e transformador que tem inspirado milhares de pessoas ao redor do globo.


 

O MV DE "IDOL"



Agora, ao voltarmos a nossa atenção para o MV de “IDOL”, nos vemos diante de um videoclipe que abrange as temáticas dessa música em vários sentidos, porém com destaque para um ponto específico: a identidade do BTS enquanto um grupo sul-coreano.


Na época, se opondo às alegações de que o grupo estava se tornando globalmente popular somente pela ausência de uma forte presença cultural essencialmente coreana nos seus trabalhos, "IDOL" enfatizou, então, a identidade cultural e nacional do grupo tanto visual como auditivamente por meio do uso de música tradicional, cenários, partes da letra - como falamos há pouco, figurinos e muito mais.


Além disso, o BTS não apenas colocou a cultura coreana em evidência, mas também surpreendeu até mesmo especialistas e estudiosos pela sua capacidade em fundir a tradição com o contemporâneo. Desse modo, o MV de “IDOL” se transformou em uma forte declaração de confiança sobre a sua identidade coreana.


Contudo, com muita maestria e equilíbrio na sua composição, o MV de “IDOL” não deixa de fora o caráter do BTS enquanto um ato musical que se tornou globalmente difundido e conhecido. Assim, o videoclipe traz em si inspirações e referências também desses lugares longínquos, que são parte também das experiências e do que o grupo vinha se tornando.


Que tal observarmos mais a fundo essas referências e inspirações? Vamos por partes:



REFERÊNCIAS À CULTURA COREANA


1) Como foi mencionado na descrição da faixa, “IDOL” apresenta na sua composição um tipo de música tradicional coreana chamado de samul nori.


2) Há também uma referência aos Yangban, uma classe social de intelectuais da Dinastia Joseon (1392-1897). O hanbok que vemos os membros usando e o chapéu que alguns deles usam - o qual se chama gat - são a roupa tradicional dos Yangban.



Além disso, os Yangban eram conhecidos por tossirem em vez de dizer qualquer coisa em voz alta para que as pessoas notassem a sua presença, para silenciar o público, para indicar que algo os incomodava, entre outros. O que é que assistimos Jung Kook fazendo no teaser do MV de “IDOL”? Em seu hanbok, Jung Kook olha para a câmera e deixa escapar uma leve tosse.



3) A estrutura que vemos nesse cenário poderia se tratar de um giwajip, isto é, uma casa associada à classe alta ou ainda poderia se tratar de um chamado pavilhão Gyeonghoeru, onde atividades relacionadas ao entretenimento costumavam ser tradicionalmente realizadas.



Giwajip

Gyeonghoeru


Além disso, podemos ver dois caracteres chineses escritos no topo dessa estrutura, que, juntos, significam as palavras “felicidade” e “bênção”. Originalmente falando, esses caracteres eram utilizados com maior frequência em relação a casais e casamentos. Contudo, atualmente, o símbolo é mais associado à harmonia, como o yin e o yang.



4) Os animais também possuem um grande significado, sobretudo o tigre e o coelho.


O tubarão que aparece rapidamente no MV parece refletir mais uma representação daqueles que tentam “impedir que o BTS se ame e ame a sua identidade”. Porém, perceba que o tubarão, com suas tentativas de mordidas, jamais consegue alcançar ou atingir o grupo enquanto eles cantam e dançam alegremente.



Os tigres, por sua vez, estão muito presentes na cultura coreana, de modo que o tigre branco é considerado até mesmo como uma criatura sagrada.



Soma-se a isso o fato de que a península coreana como um todo, unindo ambas as Coreias, tem um formato similar ao de um tigre. Desse modo, cabe aqui até mesmo uma referência de algo que poucos sabem: Quando tinha apenas 12 anos, na 5ª série, RM escreveu um poema intitulado de “O Tigre da Península Coreana e a Reunificação”, que, mais tarde e pelo reconhecimento do BTS, foi revelado online. Leia:


“Não um pequeno coelho

Mas um tigre assustador

Um arranhão foi feito na cintura do tigre.


Machucado em sua cintura

Lutando

O tigre continua sofrendo.


China e Japão e Estados Unidos

Todos nos olharam com desprezo

E disseram que não somos um tigre, mas apenas um pequeno coelho.


Mas no dia em que o arranhão na cintura do tigre partir

O mundo não será capaz de nos desprezar.


O sul será como o norte

O norte será como o sul.


O dia em que as duas cores da bandeira coreana

Se unirão e se tornarão o roxo

70 milhões de cidadãos

Se tornarão um

E olharão para o céu com as mãos unidas.


Esse dia chegará um dia.


Marchando passo a passo

Para esse lugar chamado reunificação

Não somos um pequeno coelho

Mas um bravo tigre.


Para um lugar onde estejamos sob o mesmo céu, mesmo em lugares diferentes.”


Até mesmo por meio dessas palavras do jovem Namjoon, podemos perceber a fundamentalidade que reside na imagem do tigre para a cultura coreana.


Para além do tigre, temos em destaque no MV de “IDOL” o coelho. Há um mito bastante tradicional sobre um coelho que vive na lua, o daltokki - mito que teve origem na forma como as pessoas observam o formato de um coelho na face da lua. Veja:



Muitos países têm contado suas próprias versões da história desse lendário coelho, porém a versão coreana do conto popular, em resumo, é:


Era uma vez uma aldeia onde viviam um coelho, uma raposa e um macaco que costumavam brincar juntos. Um dia, o Grande Imperador nos céus decidiu testar a lealdade dos animais a ele. Ele desceu do céu disfarçado de mendigo e pediu aos animais que trouxessem algo para que ele comesse. Os três animais generosos imediatamente começaram a honrar o pedido do pobre homem. A raposa voltou para o mendigo com um peixe; da mesma forma, o macaco voltou com algumas frutas. O coelho, porém, por ser um animal pequeno e mais limitado, infelizmente só conseguiu trazer de volta a grama que conseguiu colher. Envergonhado com a sua oferta débil, o coelho, em um ato de auto-sacrifício, começou a acender a grama que havia colhido e se jogou nas chamas para ser comido pelo mendigo como uma boa refeição. A ação do coelho comoveu tanto o imperador-mendigo que ele colocou o coelho em destaque na lua para que se tornasse o seu guardião e o cercou de fumaça cinzenta como um lembrete da morte nobre do coelho. Assim nasceu a Lenda do Coelho da Lua que seria contada nos séculos vindouros.


Assim, o que vemos no MV de “IDOL” é a presença do coelho e, mais ainda, de uma referência a esse conto tradicional da cultura coreana.



5) Nesse cenário em que vemos SUGA, Jung Kook e, posteriormente, Jimin, as fitas acima dos membros lembram o chamado seonangdang, um lugar religioso onde uma árvore decorada era dedicada a uma divindade protetora chamada Seonangshin.



6) Vários aspectos do MV fazem referência ainda à dança tradicional coreana ou a trajes e elementos que se relacionem a ela. Por exemplo:


🟣 Esse traje feito de tiras poderia ser uma referência ao chamado bukcheong saja, um jogo tradicional coreano que foi selecionado como o 15º Patrimônio Cultural Intangível da Coreia. Nele, há envolvida uma dança com uma máscara de leão e um figurino repleto de tiras. As suas origens estão enraizadas na crença popular de que os leões têm o poder de afastar os fantasmas malignos e trazer a paz.



🟣 Os leques, por sua vez, trazem à memória o buchaechum, um estilo de dança muito antigo derivado de uma dança xamânica, que afastava os maus espíritos por meio do uso de uma grande folha. Assim, essa dança teria ressurgido e sido formalmente desenvolvida durante a Dinastia Joseon e se trata, essencialmente, de uma dança em grupo realizada por mulheres.



Esse é um detalhe bastante interessante, pois, na performance de “IDOL” no MMA 2018, vimos Jimin apresentar uma coreografia complexa com um grupo de dançarinos, a qual envolvia leques. A tal coreografia tomava como base exatamente o buchaechum e ter um homem performando a dança ao invés de uma mulher novamente reafirma a capacidade do BTS de unir tradição e contemporaneidade.


🟣 Temos ainda o inesquecível salto que os membros dão durante o refrão de “IDOL”. Não se trata simplesmente de um salto, mas sim de um movimento chamado 자반 뒤집기, que, de forma literal, significa “virando o peixe salgado enquanto está grelhando”. Esse tipo de salto faz parte do chamado pungmul, uma tradição que parte da música folclórica coreana e que inclui percussão, canto e dança envolvendo vários saltos, como você já poderia imaginar.



7) Por último, há duas aparições da palavra “amor” no MV de “IDOL”. Uma delas se dá atrás do Jimin e do V com a palavra escrita em hanja, “愛”, e a outra se dá junto ao Jung Kook com a palavra escrita no próprio hangul coreano, “사랑”.





REFERÊNCIAS A OUTRAS CULTURAS


1) REFERÊNCIAS À ÁFRICA


Para começo de conversa, a própria composição musical de “IDOL” mistura a música tradicional coreana que mencionamos anteriormente com batidas típicas da música tradicional africana, especialmente a sul-africana. Contudo, também não para por aqui.


Por exemplo, logo no início do MV, vemos atrás dos membros uma paisagem com um belo sol e girafas, a qual nos remete às belas paisagens da savana africana.

Além disso, as próprias estampas dos ternos usados pelos membros do BTS são estampas de tecidos tipicamente africanos.



2) REFERÊNCIAS À ÍNDIA


Essa cena no MV pode nos trazer fortemente à memória os cenários característicos de Bollywood, seja pela arquitetura do ambiente ou pela dança envolvendo um grande grupo.



3) REFERÊNCIAS AO LESTE ASIÁTICO


Entre as mobílias atrás do V, é possível ver um pequeno Buda dourado. O budismo é uma religião muito praticada no Leste Asiático. Além disso, na lâmpada à sua esquerda há um símbolo chinês.



4) REFERÊNCIAS ÀS AMÉRICAS


Você achou que nós, especialmente a América Latina, ficaríamos de fora? É claro que não! No globo terrestre que há sobre a mesa junto aos membros, podemos ver o nosso território em destaque.





OS DESENHOS DOS MEMBROS


Os desenhos que aparecem no MV nada mais são que desenhos feitos pelos próprios membros do BTS, trazendo mais um toque pessoal e divertido ao vídeo. Você pode assistir o Bangtan Bomb já legendado no qual eles estão preparando os desenhos aqui:





ILUSTRAÇÃO DA PRÓPRIA LETRA DA MÚSICA


Em vários momentos do MV, vemos a letra de “IDOL” ser retratada de forma brilhante. Um exemplo disso se dá quando vemos várias versões dos membros, como se estivessem se multiplicando, nessas cenas:



Momentos como esses ilustram perfeitamente os versos: “Existem dezenas e centenas de mim / Mesmo dentro de mim / Hoje eu saúdo o meu outro eu / Afinal, todos eles são eu”.


Outro exemplo ainda é: Artista ou idol?





INÍCIO E FIM


Mais uma vez dentro da era Love Yourself, vemos um MV ter início e fim em um mesmo cenário ou posição.



Nos primeiros segundos do MV, podemos observar os membros sentados à uma mesa e, atrás dele, o sol está nascendo. Mais fundamental ainda nessa cena é percebermos os objetos que estão sobre a mesa: algo como uma caravela e, na outra extremidade, um globo terrestre.


Esses dois elementos juntos nos levam a pensar, historicamente, nas grandes navegações, que permitiram que pessoas de diferentes localidades do mundo passassem a se descobrir e a ter contato umas com as outras.


Parece uma boa metáfora imagética para o que o próprio BTS representa. Um grupo que teve início conquistando a duros e largos passos o seu lugar na Coreia e, mais a frente, se lançou para além dos mares, se tornando um ato musical mundialmente conhecido e que impacta pessoas ao redor do globo.


Ao fim do MV, retornamos ao mesmo cenário. Porém, dessa vez, o sol atrás do BTS está se pondo como num belo fim de tarde. O pôr do sol em si simboliza o fim de algo que cede espaço ao início de outro. Dessa forma, esse pôr do sol junto ao grupo marcou o fim da era Love Yourself em seu último MV, mas nos deixou com a certeza de que uma nova e brilhante era do BTS em breve chegaria até nós.





VERSÕES DO MV


Finalmente, apenas um último detalhe. “IDOL” possui, sim, duas versões de MV: o original e um da versão da música junto à Nicki Minaj, além do desafio de “IDOL” com o ARMY colocado ao fim.



Contudo, essa segunda versão traz apenas algumas mudanças como a aparição dos desenhos de outros membros e, claro, a participação da própria Nicki com a parte da letra que canta aparecendo em hangul logo atrás - o que, diga-se de passagem, foi ideia da própria rapper, buscando reafirmar ainda mais o espaço de valorização da cultura coreana que o MV de “IDOL” nos apresenta.



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