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A onda roxa que colore o mundo [Weverse Magazine - 20/12/2021]

*Tradução livre a partir de texto original publicado em 20 de dezembro de 2021. Caso deseje visualizá-lo, acesse: https://magazine.weverse.io/article/view?lang=en&num=283





A onda roxa que colore o mundo:


Uma análise de BTS PERMISSION TO DANCE ON STAGE - O concerto de Los Angeles



As luzes começaram a piscar pouco a pouco, gradualmente iluminando os assentos vazios do local do concerto. Então, como se acontecesse tudo de uma vez, uma onda enorme e brilhante atingiu as arquibancadas, criada pelas ARMY Bombs, o bastão de luz oficial do BTS. Os quatro shows que compuseram o BTS PERMISSION TO DANCE ON STAGE em LA, realizados nos dias 28 e 29 de novembro e 01 e 02 de dezembro, foram precedidos por videoclipes nas telas de LED e uma plateia que irrompia em gritos de alegria a medida em que as imagens dos membros do BTS apareciam diante deles. Uma olhada em um aplicativo medidor de decibéis mostrou uma leitura de 122 dB antes mesmo da apresentação começar. Supõe-se que os ouvidos das pessoas doem com qualquer coisa acima de 120 dB. O que esse som transmitia, no entanto, não era dor, mas admiração (no sentido de maravilhar-se) – admiração em como tantas pessoas puderam estar juntas em um só lugar durante a pandemia. Cada voz que fez parte daquela platéia teve sua própria jornada difícil para chegar até lá. “Já estou aqui há duas semanas”, disse Sole, que voou durante 24 horas para ir do Chile a Los Angeles. “Eu tomei outra vacina e não pude entrar nos Estados Unidos depois disso... Então, eu tive que vir tomar outra vacina aqui, agora estou aqui e me preparei para ficar por duas semanas. Mas é tudo pelo BTS."


Requerimentos de teste PCR tanto na entrada como na saída da imigração, comprovação de vacinação ou outro teste PCR para entrar no local do concerto, o uso de máscaras – a pandemia mudou completamente o cenário de um concerto e as etapas que as pessoas devem seguir para se unirem. Cada um do total de 214.000 espectadores que assistiram aos quatro shows só puderam entrar no estádio após passar por esse processo. Por causa da COVID-19, “o ARMY – principalmente todos nós, todos nós queremos manter uns aos outros seguros também”, disse Ashley, moradora de Charlotte, Carolina do Norte. “Todos estão tentando seguir o protocolo o mais estritamente possível, então isso é muito bom”. Este primeiro reencontro em dois anos não teria sido possível sem a dedicação do ARMY em prevenir uma eclosão de problemas ou transmissões do vírus. A última vez que o BTS pôde ver os seus fãs pessoalmente foi quando promoveram "ON", o primeiro single de MAP OF THE SOUL: 7, em fevereiro de 2020. Apropriadamente, a primeira música de seu show mais recente foi "ON", durante a qual os dançarinos de apoio escalavam o que pareciam ser barras de prisão em uma metáfora aparente para o que está acontecendo nos dias de hoje. Eles finalmente conseguiam sair da prisão da pandemia para se encontrarem do outro lado. O próprio j-hope compartilhou suas impressões em uma entrevista à Weverse Magazine: “Não pudemos nos apresentar pessoalmente porque a pandemia começou enquanto estávamos no lançamento de 'ON' ", disse ele, “e eu queria performar aquela música mais do que qualquer outra coisa, então foi extremamente significativo”.


Ha Jung Jae, profissional líder da HYBE 360 Concert Production Studio, o grupo que dirigiu o show, abordou o processo de formulação da setlist com os membros dizendo que, “embora pudesse ser um pequeno desafio, dado que eles não podem realmente realizar muitos shows ainda neste ponto, foi decidido que deveríamos incluir na setlist apenas músicas em que todos os sete membros se apresentassem juntos". Conforme discutido, o BTS passou a apresentar uma setlist composta inteiramente de canções com todos os sete. Seguindo a dança em conjunto para “ON”, os membros entregaram uma performance dominada por gestos com “FIRE” enquanto eram rodeados por seus dançarinos de apoio, mais tarde movendo-se para frente e para o centro para esquentar as coisas no clímax com outra dança do grupo e, então, para “DOPE" , guiando a câmera pelo palco com eles. Com exceção da cama móvel usada na performance de “Life Goes On” ou de quando eles percorreram todo o estádio durante “Telepathy” em uma plataforma móvel para criar uma conexão com o maior número de fãs possível, o BTS usufruiu de um cenário mínimo, preenchendo o palco completamente com a sua energia sem um momento de descanso. “Tudo o que eu tenho assistido é conteúdo online porque não pude comparecer a nenhum show anterior”, disse Spambama, do Texas. “Eu verei se eles são reais ou não". Para os fãs que nunca viram o BTS em pessoa, assistir a energia que os sete membros exalam enquanto estão no palco foi uma chance para aqueles fãs reafirmarem que o BTS e o ARMY existem no mesmo espaço.





RM caracterizou o show como um presente, no qual eles “tinham como objetivo fazer um show que fosse como uma caixa de presente repleta do que as pessoas queriam, do início ao fim”. A primeira parte do concerto se abriu com "ON" e injetou uma dose de adrenalina absoluta no show, seguida por uma segunda parte mais sentimental/taciturna, começando com "Blue & Grey" e incluindo canções emocionantes como "Black Swan", "Blood Sweat & Tears" ou ainda "FAKE LOVE". O destaque do show foi a terceira seção, começando com “Life Goes On” e elevando o show a um triunfo com músicas como “Boy with Luv (feat. Halsey)”, “Dynamite” e “Butter”. Na quarta e última parte, finalizada por "Airplane pt.2", "IDOL" e repleta de performances ovacionadas como "Silver Spoon", "Dis-ease" e "Telepathy", os membros se permitiram passar a maior parte da apresentação restante movendo-se livremente. “Essa foi a parte em que todas as pessoas se levantaram e todas interagiam umas com as outras. Eu sabia que eu ia mandar muito bem nessa parte”, disse SUGA. “Acho que as nossas performances realmente brilham quando temos menos estrutura".


Ha Jung Jae disse que as principais inspirações para o show foram os três megahits mais recentes do BTS, "Dynamite", "Butter" e "Permission to Dance", contendo o esquema de cores de "Dynamite", as imagens da letra de "Butter" e o significado e a mensagem de “Permission to Dance”. Ele também revelou como as quatro partes do show foram inspiradas em um verso de “Butter”: “Hotter? Sweeter! Cooler? Butter!", isto é, "Mais quente? Mais doce! Mais bacana/descolado? Manteiga!". A parte um foi "Hotter" ("Mais quente"); a parte dois tornou-se, na verdade, "Deeper" ("Mais profundo"); a parte três foi "Sweeter" ("Mais doce"); e a última parte foi "Cooler" ("Mais bacana/descolado"). “Em vez de ficar preso a uma narrativa”, disse Ha, “este concerto colocou em destaque as músicas que os membros queriam apresentar para o ARMY e cada um dos temas foi criado para trabalhar em torno delas”. De canções que despertam memórias do passado até aquelas de seu último álbum que acertou em cheio a pandemia, BE, o BTS ofereceu um amplo espectro de músicas para o público que lhes permitiu vivenciar tanto a sua profundidade emocional quanto a animação das apresentações. Utilizando uma expressão do Jin, o resultado final refletiu a decisão do grupo de "entregar um show apenas com o material mais puro".


Trac veio do Chile com Sole para o show e havia apenas uma palavra para descrever o que isso significava para ela: “Tudo”. Barbara, que também estava com elas, sentiu o mesmo. “Com a pandemia”, disse ela, “eu fico deprimida e eu não queria mais viver”. Porém, ela continuou a “assistir [...] Run BTS! E eu fico tão animada e a minha vida ganha um significado novamente". Ela estava emocionada e quase foi levada às lágrimas. “Toda essa viagem e esse show são muito significativos para mim". Tais sentimentos demonstram a importância do que o BTS está fazendo e, além disso, destes concertos terem acontecido.


Em uma série de vídeos pré-gravados e reproduzidos durante o show, RM, V e Jung Kook preparam uma bomba colorida, chamando de volta a sua música "Dynamite", sob o nome secreto do projeto "CODE NAME: PTD" ("CODINOME: PTD"). A "bomba" é depois enviada para j-hope, Jimin, SUGA e Jin, que a explodem por todo o mundo. E os membros do BTS, vestidos com roupas coloridas, colorem com a tal tinta outras pessoas vestidas de branco e as fazem dançar. O enredo dos vídeos reflete o que o BTS também está fazendo: Fazendo com que as 214.000 pessoas que superaram todas as adversidades para se reunirem possam desfrutar dessa celebração juntos. Colorindo o mundo com esperança. O tema de “Permission to Dance”, a música que eles apresentaram como encore, percorreu, na verdade, todo o show e foi a cena final que capturou os sentimentos mútuos entre o BTS e seu público. “Todo mundo estava fazendo [a dança principal da música] no show”, disse Jimin, imitando o movimento. "Eu quase chorei". Jung Kook também se referiu a seus sentimentos, dizendo: “Eu ainda estava sorrindo, embora naquele momento eu não tivesse mais forças nas minhas coxas”.





No entanto, esses shows da era da pandemia ainda não são perfeitos. “Antes da pandemia, eu podia adivinhar o que as pessoas na platéia estavam pensando apenas olhando para as suas bocas”, disse Jin, “mas agora que todos estão usando máscaras, eu apenas posso dizer se eles estão chorando ou sorrindo e é isso. Essa foi a parte mais triste". Os membros da equipe da HYBE foram inesperadamente sujeitos à auto-quarentena por 10 dias após chegarem à Coreia, pois as diretrizes de isenção de quarentena foram alteradas após a disseminação da Ômicron, outra mutação do vírus que causa a COVID-19. “Não se pode ter 100% de certeza da viabilidade de futuros shows em pessoa”, disse DJ Kim, presidente da HYBE 360. Ainda assim, “este show deu esperança de que, se os artistas, o público e a gravadora se prepararem minuciosamente e todos fizerem um esforço para seguir as diretrizes de distanciamento social, eles poderão ter um público pessoalmente na Coreia e em cidades de outros países também, mais cedo ou mais tarde". Em Los Angeles, o ARMY seguiu as regras de vacinação e dos testes PCR sem exceção e os membros da equipe que entravam e saíam dos bastidores observaram estritamente as diretrizes de vacinação, de PCR e de máscaras. O ponto culminante de seus esforços foi um evento que, de outra forma, teria parecido impossível de se realizar tão cedo na atmosfera atual.


"A situação ainda é desafiadora com a COVID-19”, V, que ainda estava se recuperando de uma lesão na perna antes do show, disse. “Mas está claro para mim agora como a performance é importante para mim. Me senti tão feliz durante o show que esqueci completamente como a minha perna doía e apenas continuei andando”. Embora o BTS tenha sido ainda mais bem-sucedido do que nunca nos últimos dois anos, o grupo não havia tido a oportunidade de ver o ARMY cara a cara. E, ainda assim, eles entregaram uma mensagem de perseverança com o single principal de BE, “Life Goes On”, trouxeram conforto para todos os cansados ​​da pandemia da COVID-19 com “Dynamite”, passaram um total de 10 semanas como número um na Billboard Hot 100 com o hit "Butter" e sinalizaram as palavras para "diversão", "dança" e "paz" em sua coreografia de "Permission to Dance". A esperança de que as pessoas pudessem, um dia, dançar com as suas músicas cada vez mais inclusivas é exatamente o que aconteceu no show de BTS PERMISSION TO DANCE ON STAGE - O concerto de LA.


É mais do que um simples concerto, então – é uma página do livro de maior esperança escrita por todo o ARMY do mundo. O BTS “vive na Coreia do Sul, então é literalmente um país totalmente diferente e uma língua totalmente diferente”, disse Spespy, uma fã da Flórida. “Então, no início eu [pensei] que não seria fácil para me comunicar com eles ou entendê-los. Mas a música deles", disse ela, mostrou que a sua preocupação era infundada. Os últimos oito anos do grupo foram, em vez disso, um tempo de derrubar inúmeras barreiras. O BTS foi indicado ao Grammy por dois anos consecutivos e, em 2021, tornou-se o primeiro artista asiático a vencer na categoria Artista do Ano no American Music Awards, além de ganhar dois prêmios adicionais. O grupo superou expectativas de etnia, língua e a própria ideia do que um ídolo do K-pop deveria ser e ganhou inúmeros seguidores no processo. Finalmente, depois de dois anos, todos aqueles indivíduos, espalhados pelo mundo, se juntaram para formar uma onda massiva. No último dia do show, RM relembrou os dois anos anteriores como se “estivéssemos neste túnel profundo – [este] buraco profundo”. Mesmo naquela escuridão, o BTS provou como a música pode trazer uma multidão de pessoas juntas como um só e essas pessoas encontraram uma maneira de estarem juntas novamente. A onda delas foi criada no momento em que a luz no fim do túnel que todos atravessaram juntos apareceu. Uma luz que prova, de uma forma ou de outra, que a vida continua e que as pessoas sempre encontrarão um jeito de viver, juntas, surfando sobre as possibilidades que surgem da esperança que todos tanto se esforçam para cultivar.





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