*Tradução livre a partir de texto original publicado em 28 de março de 2022. Caso deseje visualizá-lo, acesse: https://magazine.weverse.io/article/view?lang=en&num=366
V pinta um quadro através de sua música:
A música do membro do BTS traça as marcas da juventude
Nas paisagens que V pinta com sua música, o espaço em branco desempenha um papel integral. A letra de “4 O'CLOCK”, um esforço colaborativo entre RM e V, emprega a imagem de esperar por alguém ao amanhecer, enquanto a música “Scenery” dá voz a arrependimentos por não compartilhar “momentos” suficientes um com o outro . Os personagens de “Sweet Night” compartilham o momento de uma cena que se desenrola na praia e em um barco. No entanto, essas cenas não ocorrem no presente, mas no passado. Assim como essa “pintura de paisagem” só fica completa quando alguém entra, a música do V geralmente oferece aos ouvintes um espaço para que mergulhem completamente. No refrão de “Scenery”, uma reverberação esparsa envolve cada sílaba dos vocais melódicos, criando um espaço triste na música. “Sweet Night” tem uma composição linear, tornando indistinta a linha exata entre o primeiro e o segundo verso, e termina não com um clímax, mas com sentimentos tão fortes que se voltam ao amor que a dor se espalha por toda parte. Em suma, a música solo de V forma imagens sinestésicas a partir dos sentimentos que surgem na ausência de alguém.
“Eu esperava que os ARMYs imaginassem algo por si mesmos quando ouvissem as minhas músicas, mesmo que não houvesse nada específico para se observar”, V disse à Weverse Magazine sobre “Scenery”, “assim como ouvir a trilha sonora de um filme lembra as pessoas de imagens do próprio filme”. Isso revela algo sobre o que ele está buscando em seu trabalho como artista através da mudança de sua música. Foi ideia dele incluir sons como o vento, sinos de vento, o andar na neve e um obturador de câmera – sons que evocam lugares e ações específicas – na música. Esses sons se alinham com a letra, “Eu ainda sigo vagando pela próxima história”, evocando imagens da maneira como o eu lírico anda para capturar momentos com a pessoa com quem está. V disse que também foi ideia dele usar instrumentos acústicos e assobiar em “Sweet Night” para transmitir uma sensação de saudade. Ele também explicou como evitou a estrutura verso + pré-refrão + refrão tão proeminente na música pop em favor de uma melodia serena e fluida para transmitir "conforto, que é tudo menos estereotipado", e, como o título sugere, "esperando ter bons sonhos". Com V no comando, as suas músicas trazem emoções cotidianas que são difíceis de apreender através de um uso diversificado de letras, melodias e sons. Em suas palavras, são como filmes capturados em canções.
HOLD ME TIGHT
Esta foi a primeira música em que eu ajudei a trabalhar. Eu nunca imaginei, nem nos meus sonhos mais loucos, que eu trabalharia em qualquer coisa, para ser honesto. (risos) Todos os outros membros estavam trabalhando em coisas, então eu também queria e felizmente o meu foi escolhido. Foi quando percebi o quão incrivelmente divertido é todo o processo de fazer uma música e lançá-la.
STIGMA
"Você pagou pelos meus pecados, frágil como era" era o que eu queria dizer ao meu eu mais jovem, embora eu ainda seja muito jovem. Eu queria que a música dissesse que eu sinto muito que você ainda esteja sofrendo assim. Acho que eu estava me sentindo frágil. É como se eu estivesse todo quebrado, como cacos de vidro, e achasse que não conseguiria me levantar de novo.
4 O’CLOCK
Eu fiz essa música enquanto esperava o Jimin no parquinho em frente a onde morávamos. Isso aconteceu às 4 da manhã, então o título acabou sendo "4 O'CLOCK". Eu sinto que consigo escrever muito bem pouco antes do amanhecer, quando a luz azul começa a surgir lentamente. As músicas que eu estava ouvindo e tentando fazer na época se justapunham às do Namjoon, então ele realmente entendeu o que eu estava sentindo e preencheu as lacunas onde eu precisava de ajuda. Foi um processo muito interessante.
SCENERY
"Scenery" é uma música eu-e-você. Eu queria representar a ideia do que estava à minha vista e de que eu também estava à sua, como uma paisagem. Quando estávamos em turnê pelo mundo, tirar fotos se tornou o meu hobby. Mas quando eu paro e penso sobre isso, me apresentar para os ARMYs e ter a oportunidade de ir ao seu encontro é o que tornou possível tirar essas fotos tão bonitas. A música nasceu de tais pensamentos e, então, eu tentei expressar a minha gratidão nela.
Os protagonistas dos seus “filmes” são frequentemente colocados em uma situação em que estão desconectados da outra pessoa. A letra de “Scenery” implica que o eu lírico não pode mais estar junto ao ouvinte invisível (“se você partir deixando apenas as suas pegadas deixadas para trás”). Na canção de ninar “Winter Bear”, aquele ouvinte não pode responder porque está dormindo. Apesar do título, “Sweet Night” descreve uma noite sem dormir e passada sozinho na cama. “Eu gosto da sensação de saudade”, V disse. “Quando estou sozinho, isso me faz ter pensamentos bonitos. Eu poderia estar com saudade de performar ou isso poderia ser direcionado aos outros membros ou eu ainda poderia estar sentindo afeto intenso. Mas, de qualquer forma, esses belos sentimentos se acumulam um a um e se tornam uma música.” Em outras palavras, a desconexão vem de um sentimento de saudade – um sentimento no qual esperamos poder segurar aquela pequena faísca que desencadeia um momento fugaz de calor para sempre. A música do V, assim como os filmes, expressa momentos através de uma combinação de som e letra e, ao fazê-lo, mostra um sentimento constante de sentir a falta de alguém e agonizar com a sua ausência mesmo com o passar do tempo ou enquanto se desloca de um lugar para outro.
V também discutiu o tema de sua primeira música solo, “Stigma”, da qual participou escrevendo a letra e o refrão. “Eu queria retratar alguém jovem, ainda crescendo, chorando de angústia – aquela sensação de querer se debater e dizer ao mundo que você está cansado e farto”, disse ele, descrevendo o tipo de dor emocional do crescimento que é agudamente ilustrado na música como “pedaços de vidro quebrados para sempre”. No entanto, nas músicas que ele lançou mais tarde como projetos paralelos, como “4 O'CLOCK” e “Scenery”, V muda o seu foco da turbulência interna para a espera pelos outros, levando a músicas como “Winter Bear” e “Sweet Night”, que são essencialmente monólogos para pessoas que estão dormindo ou não estão simplesmente em lugar algum. Seja externalizando quem ele era há muito tempo na história de um menino (“Inner Child”) ou abordando a sua dor na comparação do seu estado depressivo com diferentes cores (“Blue & Grey”), todas as músicas colocam distância entre ele e as suas emoções e, dessa forma, as superam. V também disse que "o jovem em 'Stigma' passou por 'Singularity', 'Inner Child' e cresceu". Não é coincidência, então, que a sua última música, “Snow Flower”, com Peakboy, tome a forma de uma conversa direta onde uma pessoa está confortando outra. Os falantes dessas canções para as quais o V ajudou a escrever a letra e a música são fiéis às suas emoções e mostram uma maturidade crescente: com o tempo, eles gradualmente voltam seus olhares para fora, expressando eloquentemente seus desejos e saudades em termos bonitos, mesmo quando separados de alguém, e exteriorizando sua dor. No final, o sentimento de saudade do V é uma maneira de olhar para a dor e para momentos específicos que acompanham o crescimento. “Muitas das músicas que eu lancei foram escritas com a juventude em mente”, disse ele. “Achei que seria bacana se essas músicas que estou fazendo agora pudessem trazer conforto para o meu eu mais jovem.”
WINTER BEAR
A letra originalmente dizia "pássaro azul" em vez de "papagaio azul". Um pássaro azul, claro, um símbolo de esperança. Eu modulei a expressão ligeiramente e a transformei em um papagaio. Um papagaio azul pode ser um símbolo de esperança, o seu passado ou o tempo que você tem. Eu encontrei algo esperançoso em mim na época, então essa expressão continuou vindo à mente.
INNER CHILD
Eu dei vida a essa música com a performance em mente e tentei expressar isso na música. Em termos de mensagem, eu estava enviando uma mensagem de esperança para o meu eu mais jovem. Você teve uma vida difícil no passado, mas agora eu encontrei um certo grau de felicidade, então mantenha a sua cabeça erguida.
SWEET NIGHT
Eu tinha o título "Sweet Night" antes mesmo dela fazer parte da trilha sonora da Itaewon Class. Eu estava comendo com um dos atores e aconteceu que toquei a música para eles. Eu havia a chamado de "Danbam" (literalmente "Sweet Night"), assim como o pub no programa. Foi pura sorte. (risos) A letra foi escrita depois que a música foi escolhida para a trilha sonora, então eu coloquei algumas referências ao programa também.
BLUE & GREY
Eu estava me sentindo ansioso quando a situação da COVID-19 começou a ficar séria porque eu não sabia quando poderia ver os ARMYs novamente. Eu optei por um esquema de “azul e cinza”, usando o azul da expressão inglesa "I feel blue" (Eu me sinto azul), que significa estar deprimido e a sensação de que toda cor havia sumido da minha visão, de modo que eu estava enxergando tudo apenas em monocromático. Acho que a música reflete o meu estilo e trabalha para lidar com a dor psicológica que eu estava sentindo.
SNOW FLOWER (feat. Peakboy)
Os meus pensamentos se tornam mais suaves e profundos no inverno. Eu decidi me apressar e lançar uma música para os ARMYs enquanto ainda era inverno, a estação em que eu nasci e aquela que me descreve melhor. Era um momento difícil para todos, então eu queria que a letra que eu escrevi soasse reconfortante. A parte que diz “há muitos anjos brancos ao longo de todo este ano” veio de uma ideia que tivemos conversando com o artista que colaborou na música, ideia que era agradecer a todos os profissionais de saúde que estão trabalhando incansavelmente durante a pandemia. E, então, onde diz "é um evento especial ver você vir aqui nesta época fria do ano", eu tentei transmitir o quão importante é criar memórias com alguém e pensei em como seria bom se essa música que eu fiz fosse como um evento especial para outra pessoa também.
As músicas do V “expressaram as coisas que ele queria dizer em diferentes estágios da sua vida e refletem a música que ele gostava na época”, disse um dos produtores do BTS, Pdogg, lançando luz sobre a jornada musical do V como artista solo. Ele lembrou de quando V lhe mostrou um rascunho de “4 O’CLOCK”. “Eu pensei, a-ha!, esse cara encontrou seu próprio som”. Pdogg também chamou “Scenery” de um importante ponto de virada para o artista. “Foi quando V começou a dar suas opiniões também sobre a mixagem”, disse ele. “Evidentemente, ele revisa a música com cuidado e ele se tornou nítido no que se refere à direção e à emoção que ele imagina.” Enquanto isso, o produtor Hiss Noise trabalhou com V em “Winter Bear” e “Sweet Night”. “Acho que os seus pensamentos sobre a música devem ser claros se você quiser obter boa música”, disse ele. “Acho que é por isso que o V é capaz de fazer boa música, nesse aspecto – porque ele tem uma boa ideia do tipo de música que quer fazer.” De acordo com Hiss Noise, é porque “Winter Bear” é o tipo de “música que mostra as emoções do V” que ele conseguiu dar a ela uma composição única, onde cerca de metade da música é instrumental. “Já que a música tinha uma vibe diferente daquelas em seus álbuns, eu queria abordar a música de uma forma um pouco diferente, o que o V gostou também.”
Hiss Noise também revelou como ele dedicou atenção cuidadosa a diferentes aspectos do áudio enquanto trabalhava em “Sweet Night” para expressar as emoções características do V. Ele explicou como o toque escondido atrás do zumbido da música representa “as estrelas no céu noturno” e que o som dos instrumentos de cordas que começam no verso “Eu estou imaginando, você é meu melhor amigo” estão lá para capturar a melancolia e a solidão da canção. “Sinto que as músicas típicas do estilo musical balada (música caracterizada pela lentidão rítmica e pela atmosfera romântica das letras) usam bastante os instrumentos de cordas, relativamente falando, mas, para essa música, eu pensei que seria mais adequado, emocionalmente, manter as cordas reduzidas, então decidi empregar apenas um trio de cordas.” Ele chamou “Sweet Night” de “produto da liderança do V, desde as visões dos elementos musicais até o tema”, acrescentando: “Naturalmente, as ideias dos artistas se refletem no trabalho do álbum o tempo todo, mas para um projeto pessoal como 'Sweet Night', os seus gostos realmente influenciam a produção.”
V demonstrou pela primeira vez a sua força como artista solo em “Stigma” e “Singularity”, duas faixas incluídas nos álbuns do BTS. “Como eu estava pensando no futuro para uma performance que a acompanharia, ‘Singularity’ acabou sendo uma música completamente cheia de sílabas sem espaço em branco”, disse V, destacando uma das considerações frequentemente feitas para as músicas do BTS. “Se não houvesse uma apresentação a ser feita, teria acabado sendo uma música completamente diferente.” Por essa razão, ele ajustou a força dos vocais para tornar a faixa o mais groovy possível dentro das restrições dos vocais soul e a batida lenta para permitir espaço para a performance. “Nós tentamos isso porque o V estava mais voltado ao R&B e ao soul na época e os seus vocais profundos, atrevidos e suaves também se encaixavam bem ao gênero”, revelou Pdogg. “É extremamente difícil fazer groove em uma música como 'Singularity', quando o ritmo é meio relaxado e há tantas partes intrincadas. Acima de tudo, tinha que ser sedutor, então até apagamos todas as luzes quando gravamos.”
No entanto, V disse que valoriza muito o “espaço em branco” quando se trata de gravar músicas lançadas por conta própria e separadamente do grupo, como “Scenery”, “Winter Bear” e “Sweet Night”. “Tentei não empacotar as minhas músicas pessoais com muitas sílabas”, disse ele. “Existiam partes que eu poderia expressar melhor e soavam mais polidas quando havia algum espaço em branco” e, assim, em músicas como essas, os seus vocais são relativamente relaxados e focados em expressar as letras de uma maneira suave. Consequentemente, a sua voz tem toda a suavidade de um menino, ao contrário da voz profunda e sombria que ele usa em “Singularity” e “Stigma”. Pdogg disse que ajudou o V a encontrar uma voz, “concentrando-se em reter o significado e a emoção por trás de cada verso das letras, em vez de dar a ele uma direção específica'. As músicas em que o V trabalhou realmente expressaram bem as suas emoções, então tentei manter esse bom poder emotivo.” A direção dos vocais do V varia dependendo da direção e intenção de cada música e, quando se trata de músicas sobre as suas próprias emoções em particular, elas se tornam um marco para ajudar o ouvinte a entender mais intuitivamente as imagens que a música pinta.
As músicas que o V tem feito e apresentado desde o lançamento de sua primeira música solo, “Stigma”, o ajudaram a crescer e são um belo tributo aos altos e baixos que ele experimentou como membro do BTS e como Kim Taehyung, bem como um processo de olhar longo e duro para a dor causada por desconexões passadas, todas expressas através de um filtro de saudade. Durante esse tempo, sua música abriu caminho para uma voz única no mundo da música. As músicas cativam desde os compassos de abertura, com a voz profunda do V, as imagens saídas diretamente de um roteiro de filme e a composição capaz de transmitir emoções únicas que enchem o ouvinte de sentimentos complexos que repousam entre a tristeza e uma “limpeza” emocional. V apenas forneceu os vocais para a sua última música, “Christmas Tree”, que foi apresentada na trilha sonora da série de televisão da SBS, Our Beloved Summer. Porém, Nam Hye Seung, a diretora da música, ouvia as músicas do V desde os estágios de planejamento e fez a música com ele em mente desde o início. O resultado foi uma música que toca nas emoções que V já exalava em suas músicas existentes. “Fiquei muito grato por Nam Hye Seung, a diretora musical, ter escrito a música só para mim”, disse V, “e também gostei muito que ela tenha ouvido a minha música e entendido o meu estilo ao ouvir apenas algumas delas.”
O catálogo de músicas do V cresceu lenta, mas seguramente ao longo do tempo, e outros músicos já podem ter uma ideia clara da imagem de sua música. Sua voz única paira no ar como a música de um sino de vento e suas produções são um retrato do jovem como artista – belamente pintado com uma voz que captura a dor da experiência e o anseio que a acalma.
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