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ANÁLISE: A letra e o MV de "Airplane pt. 2"



“Airplane pt. 2”, ou seja, “Avião parte 2” é uma faixa que ganha esse título por ser como uma sequência para a música “Airplane”, que pertence à mixtape solo do j-hope, HOPE WORLD.


Podemos nos questionar por que uma música como essa estaria em um álbum como Love Yourself: Tear. A verdade é que, por trás do Latin Pop de “Airplane pt. 2”, existe também uma profunda reflexão sobre a própria identidade do BTS enquanto artistas no status de fama ou sucesso que vieram a alcançar.


O MV de “Airplane pt. 2”, que conhecemos bem, foi lançado após Love Yourself: Tear e foi lançado com a música sendo cantada na sua versão japonesa. Porém, ainda se trata de uma faixa desse álbum que estamos debatendo essa semana, então não poderíamos deixar de situá-la aqui também.


Assim, nessa música brilhante que combina celebração e reflexão, vamos dar uma olhada no que o BTS tinha a nos dizer!


Confira aqui, primeiramente, a nossa tradução completa da letra de “Airplane pt. 2”:



Agora, vamos desconstruí-la parte a parte?



“Airplane pt. 2” tem início com a descrição de um menino que parece refletir, na verdade, sentimentos e memórias não de um, mas de vários membros do BTS.


Esses versos nos lembram a forma como, mais à frente, na letra de “We Are Bulletproof: The Eternal”, o grupo afirmou: “Tudo o que tínhamos era o nosso sonho”. De fato, parece um retrato bastante realista de como o Bangtan deu os seus primeiros passos - seja individualmente ou já coletivamente.


Ainda assim, essa era a única resposta, o único caminho, pois o que dava vida a aqueles garotos, o que movia a essência do seu coração era a música.



Aquele jovem menino seguiu, então, a música. No entanto, assim como o sonho uma hora nos traz de volta à realidade, nessa situação não seria diferente. A medida em que percorreu o que era necessário, ele se viu também diante da face mais dura e complexa desse caminho. Os incontáveis “não” e aqueles que tentavam estimulá-lo a desistir.


“Você é uma estrela da música” é, de fato, uma afirmação que o BTS deve ter ouvido muitas vezes a medida em que avançaram na sua carreira e, claro, fama e sucesso. Porém, o que significa ser uma estrela da música, uma celebridade? Qual é o custo de um título como esse? Quais são os seus limites?


Talvez aquele menino que, lá atrás, queria apenas fazer música e viver pela música imaginou que ser uma estrela da música, como nos sonhos e aspirações que vemos em filmes, se tratava de ter uma vida bastante confortável, controlar o seu tempo deixando uma boa quantidade para descanso e lazer, ser amado por muitos e que todos esses respeitariam a sua privacidade e escolhas. Pois é, em torno da fama, da celebridade e do sucesso, ao menos na perspectiva de vida do BTS, também reside um grande estereótipo.


Por isso, perceba que, em seguida, V canta: “Mas eu não vejo nenhuma estrela”. E a justificativa para essa negação começa a partir daqui.



“Nós ainda” são apenas duas palavras que já nos revelam muito. “Ainda” nos indica que algo que era feito no passado ainda permanece sendo feito no presente. No caso do que o BTS escreve aqui, eles nos dizem que, mesmo após o seu crescimento exponencial, o seu sucesso e o seu reconhecimento cada vez mais global, o BTS ainda segue trabalhando da mesma forma. Com a mesma intensidade. Com a mesma intencionalidade da música que os moveu desde o primeiro passo.



Nesses versos seguintes, em seu rap, RM traz a discussão para o seu contexto pessoal e explicita dois pontos fundamentais:


Primeiro, os altos e baixos que existem nessa aventura que vivem como BTS. E, sobre altos e baixos, podemos pensar na expressão dessa montanha-russa desde aspectos pequenos (como quando RM, enquanto compositor e liricista, se vê profundamente inspirado em um dia e, no dia seguinte, se vê completamente travado diante do seu trabalho) até grandes aspectos (como a forma em que o grupo, ao lidar com o público geral e o mercado, deve tomar todos os cuidados a cada palavra ou ação).


O segundo ponto gira em torno do dilema entre a sua pessoa e a sua persona, a sua imagem enquanto artista. Por exemplo, no sexto episódio do documentário “Burn The Stage”, RM discutiu abertamente a dificuldade de, essencialmente, ter que viver duas vidas: sua vida enquanto o líder bem-sucedido de um dos maiores atos musicais do planeta e sua vida privada enquanto um jovem homem. Ele disse:


"Eu não tive tempo suficiente para viver como o Kim Namjoon."


RM afirmou no mesmo episódio que esse dilema se torna ainda mais complexo pela maneira como ele sempre quer se apresentar de forma honesta, tanto no palco como por meio da sua música.


Agora, pense bem: Jin, sendo o mais velho entre os membros, ingressou nessa aventura junto ao BTS quando tinha apenas 21 anos. Jung Kook tinha apenas 15 anos. E RM, no caso tinha apenas 19. Os membros cresceram, amadureceram e se desenvolveram dentro dessa força motriz que é o BTS - isso sem mencionarmos os seus períodos individuais de trainees. Por isso, RM canta: “25 anos, ainda não sei viver bem”. Esse verso reflete a sua fala na imagem acima e o que acabamos de pontuar.


Eu não sei você, mas eu, mesmo sendo hoje mais velha do que o Namjoon era quando debutou, sinto que ainda tenho muito aprender com a vida enquanto uma jovem mulher crescendo em um mundo diverso e repleto de possibilidades.


No entanto, o BTS, embora tenham ganhado e conquistado muito, também abriram mão de muito. Deixaram muito. Os membros irrefutavelmente amam ser o BTS, amam o que o BTS representa e amam o que, juntos, eles são. Porém, isso não significa que tudo se resume a um mar de rosas, como já debatemos várias vezes a partir de outras canções.



O refrão de “Airplane pt. 2” nos conduz, então, às idas e vindas do BTS pelos cantos do planeta, de modo que são citados diversos locais no mundo, inclusive o nosso país!


Contudo, talvez você olhe para esses versos e se questione: Por que “El Mariachi”? Como o mariachi, um gênero musical popular do México, se relaciona ao que estamos discutindo nessa letra?


A verdade é que “El Mariachi” aqui não se refere ao gênero musical em si, mas sim a um filme de 1992 cujo título é literalmente “El Mariachi” ou “O Mariachi”. Nesse longa, o protagonista viaja pelo país apenas com o seu violão, com o sonho de tocar música para viver. Nem sempre a sua música era apreciada e ele se deparou com incontáveis problemas e reviravoltas, mas não se importava e continuava a tocar e cantar onde quer que fosse.



Essa referência trazida para “Airplane pt. 2” nos remete a dois pontos novamente:


Primeiro, a forma como o BTS viaja por todo o mundo, para os mais diversos lugares levando a sua música, assim como o protagonista.


Segundo, a longa e árdua trajetória do BTS e a forma como eles continuaram a cantar as suas músicas e continuaram a expressar as suas histórias, não importa onde quer que fossem ou o que pessoas mal intencionadas dissessem.


A música, a dança, a arte, desde o início, é a própria essência do que os uniu e, portanto, o BTS seguirá compartilhando a sua música com o mundo.



Esses versos do j-hope estão presentes na faixa “Airplane”, da sua mixtape HOPE WORLD. Aqui, porém, vemos j-hope fazer esse mesmo rap de forma muito mais rápida e intensa, o que foi e é impressionante.


j-hope discorre metaforicamente sobre as suas incontáveis viagens, é claro, de avião a partir da sua relação e afinidade com as nuvens.


Ao dizer “Está na hora de animar você que não pôde vir”, j-hope nos leva a pensar que, de fato, poucas pessoas têm a oportunidade de viver “próximo às nuvens”. Poucas pessoas, de fato, alcançam tamanho sucesso e fama. Diante disso, ele afirma que daria os “pontos de voo como um presente” a aqueles que não têm a mesma chance. Ou seja, de todas as experiências que o BTS tem tido a oportunidade de vivenciar - como viajar sobre as nuvens aos mais diversos cantos do mundos, eles utilizarão delas como inspiração e aprendizados para compartilharem mais e novas mensagens com todas as pessoas, as que podem “voar sobre as nuvens” bem como as que não conseguem.


Por fim, o rapper ainda descreve de modo mais literal a sua profunda apreciação pelas próprias viagens no avião, de forma que, por alguns momentos, talvez inspirado pela atmosfera de estar voando junto ao céu, ele consegue deixar tudo de lado e apenas aproveitar a bela visão do céu noturno - que é, na verdade, o mesmo em todos os lugares, mas também parece ter as suas peculiaridades e toques especiais a cada lugar diferente que visitam.



SUGA e Jimin nos introduzem, então, a um tópico bastante complexo - que, inclusive nos lembra o que se discutiu na letra de “Dis-ease”, em BE: a relação com o próprio trabalho.


Observe o que SUGA diz: “Eu não sei como parar [...] como descansar [...] como falhar”.


Não se trata da relação com alguém do trabalho, não se trata da relação com o ambiente de trabalho, mas da relação com o trabalho em si, a forma como ele é internalizado e os efeitos que isso traz.


Os membros se veem tão devotos e apaixonados pelo seu trabalho enquanto artistas que, por vezes, eles próprios se transformam no trabalho. Com isso, vem a ansiedade, as inseguranças e os sentimentos que SUGA descreveu acima.



Contudo, apesar de todos os obstáculos enfrentados nessa maratona, de uma coisa eles têm certeza: a sua essência, ou seja, o seu amor pela música permanece o mesmo, intacto.


Por isso, SUGA confronta bravamente as próprias ditas celebridades e nós acreditamos que aqui existe uma crítica muito específica a aquilo que o BTS enfrentou nos seus primeiros dias.


Quando SUGA diz “Eu fiquei farto de ver você se gabar de forma fofa do seu dinheiro na TV”, automaticamente somos lembrados da cultura idol na Coreia do Sul, que tem como uma de suas prerrogativas o famigerado “aegyo”, ou seja, agir de maneira fofa.


Por isso, nós enxergamos uma sutil crítica a artistas, principalmente idols, que vieram de grandes empresas (como as 3 Grandes da Coreia do Sul que costumavam governar a indústria de entretenimento) e que se deixaram levar pela fama e dinheiro, se tornando "os melhores em brincar de ser celebridade" sem realmente focar no importante: a música.


SUGA diz: “Foram vocês que se beneficiaram da mídia”. Lá atrás, a mídia apoiava e possibilitava visibilidade a grupos e idols em geral das 3 Grandes, mas não a artistas de empresas menores, como era o caso do BTS. Quantas vezes vimos o BTS ter dificuldade sequer para conseguir uma vaga em programas de idols?


Mesmo diante de tudo isso, SUGA afirma que o BTS ainda é o mesmo. Mesmo que tenham alcançado um status de celebridade - não apenas nacional, mas global, o BTS segue humilde e segue trabalhando tanto quanto no início, diferente daqueles que desde o início tiveram nas mãos as facilidades do apoio, desde de mídia a dinheiro.


O mais impressionante desse contexto e que SUGA expõe nesses versos é que, mesmo diante dessa realidade, quem possui hoje um passaporte repleto de carimbos e de excesso de trabalho, que refletem as suas diversas turnês e o seu reconhecimento global, é o BTS. É o BTS exatamente porque se mantiveram fiéis, sobretudo, à música, enquanto alguns brincavam de ser celebridade.


É por isso que o BTS, de 2013 a 2018 quando lançaram “Airplane pt. 2” ou a 2021 onde estamos, é o mesmo. Porque o seu coração é o mesmo. O seu amor à música é o mesmo. Dessa maneira, o grupo seguirá trilhando a jornada pela sua música e compartilhando as suas histórias até que seja o dia de aterrissar.




Sendo uma faixa que se inspira no gênero musical Latin Pop, o MV como um todo nos apresenta uma atmosfera que segue a vibe latinoamericana da própria música.


Por isso, a respeito do MV, gostaríamos apenas de ressaltar alguns detalhes que nos parecem bastante interessantes e que, na maioria das vezes, passam despercebidos:


1) OS TRÊS MACACOS SÁBIOS


Na cena em que vemos Jimin e SUGA em um corredor, os membros passam ao lado de uma mobília que tem pequenas esculturas dos Três Macacos Sábios. Como analisamos essa semana, essas esculturas serviram de inspiração para Love Yourself: Tear, especialmente em “Fake Love”, onde apareceram tanto no cenário do MV como na coreografia.



A origem dos Três Macacos Sábios é baseada em um provérbio japonês. Os nomes dos macacos seriam mizaru, kikazaru e iwazaru, o que se traduz como “não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal”. É o famoso “Veja apenas o lado bom das coisas”. Contudo, em Love Yourself: Tear e também em “Airplane pt. 2”, o BTS está fazendo exatamente o oposto. Está refletindo também sobre a realidade que existe para além do sonho, inclusive na sua carreira.



2) BAR INSPIRADO EM “THE GREATEST SHOWMAN”


Se prestarmos bastante atenção às cenas que se passam no bar, sobretudo essa cena do Jung Kook, veremos que à direita na parede há algo como uma pequena placa na qual está escrito: “The Greatest Showman”.



Essa placa nos parece um detalhe sutil inserido, talvez, pelo próprio diretor do MV para nos indicar a inspiração desse cenário.


“The Greatest Showman” ou “O Rei do Show” é um filme dos gêneros drama e musical de 2017. Nele, um cenário marcante é um bar onde, inclusive dois personagens, interpretados por Zac Efron e Hugh Jackman, performam juntos um número de música e dança.



Assim, podemos imaginar que, talvez, o filme tenha servido de inspiração na idealização desse ambiente!

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