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Entrevista individual: RM [Rolling Stone - 18/05/2021]

*Tradução livre a partir de artigo original publicado em 18 de maio de 2021. Caso deseje visualizá-lo, acesse: https://www.rollingstone.com/music/music-features/bts-band-rm-cover-story-drake-k-pop-1167258/




Uma conversa profunda conversa com o RM

sobre os primeiros anos do seu grupo, Drake,

se o BTS é K-Pop e muito mais



“Eu tinha uma sensação de urgência e desespero em ir atrás dos meus sonhos”, disse o líder do BTS.



“Eu era alguém que queria ir para uma faculdade de primeira, uma faculdade da Ivy League com os padrões americanos”, disse RM, o líder da BTS. “Eu era um típico aluno que estava se esforçando muito para alcançar algo. E então eu confiei no Sr. Bang [fundador da HYBE] e comecei a trilhar um caminho diferente. Eu tinha uma sensação de urgência e desespero em ir atrás dos meus sonhos.” Os dons do RM como rapper, compositor e produtor foram essenciais para o desenvolvimento do BTS, assim como os seus amplos interesses intelectuais. Em uma entrevista a partir da sede da sua gravadora, o artista anteriormente conhecido como Rap Monster discutiu se o BTS deveria ser considerado como K-pop, a singularidade do hip-hop sul-coreano, os destaques da era do Momento Mais Bonito da Vida e muito mais.



(Em comemoração à aparição do BTS na capa da Rolling Stone, estamos publicando capas digitais individuais com cada membro da banda. Volte nos próximos dois dias para mais informações.)



Você citou o grande artista abstrato Kim Whan-ki recentemente: “Eu sou coreano e não posso fazer nada que não seja coreano. Não posso fazer nada à parte disso, porque sou um forasteiro.” Você disse que isso é um ponto-chave em que você tem pensado ultimamente. Como essa ideia se aplica ao seu trabalho?


Muito do pop e hip-hop que eu ouvi vinha da América. Mas para mim, como coreano, acho que temos as nossas próprias características e algum tipo de identidade localizada. Não consigo explicar muito bem, mas existem algumas características que nós, coreanos, temos, ou talvez as pessoas orientais tenham. Então, tentamos combinar essas duas coisas em uma e sinto que criamos um novo gênero. Alguns podem chamá-lo de K-pop, alguns podem chamá-lo de BTS ou de alguma música que combina oriental-ocidental, mas acho que é isso que estamos fazendo. Se você pensar sobre a Rota da Seda no passado, existe essa ideia de povos orientais e ocidentais se encontrando em algum tipo de grande estrada e talvez vendendo e comprando coisas. Acho que essa história se repete e algum tipo de fenômeno novo e interessante está acontecendo. Nós nos sentimos muito honrados por existirmos bem no olho desse grande furacão.


Há muito hip-hop coreano que é excelente, incluindo os seus primeiros heróis, Epik High, que ainda estão ativos. O que você ouviu desse hip-hop no passado e o que você ouve dele agora?


Sempre há um processo de quando algo novo entra em outra cultura, onde a identidade se transforma e muda e se adapta a esse novo lugar. Obviamente, existem diferenças entre a Coreia e os Estados Unidos que afetam a música. Por exemplo, a Coreia não é um país multiétnico como os Estados Unidos. Portanto, existem diferentes sensibilidades subjacentes à música. Os rappers coreanos, é claro, têm o seu próprio lirismo único e diferente, as suas próprias situações e dificuldades que se encaixam no processo. Como coreano, obviamente, essas são as coisas que ressoam em mim.


Obviamente, há um ditado que diz que não há nada de novo sob o sol. Então, especialmente para pessoas como nós, nas margens do mundo, por assim dizer, pensamos em como podemos transformar isso e como podemos torná-lo nosso. Então, essas são as coisas em que eu penso quando tento equilibrar a inspiração dos rappers coreanos e americanos. E acho que agora há uma convergência de todos os gêneros musicais.



Quando o BTS começou, havia esse conflito na mente de algumas pessoas e também na de vocês entre a ideia de ser um rapper ou um idol, o que chamaríamos de estrela pop. Obviamente, isso é algo que você abordou na música. Talvez você possa explicar um pouco sobre esse conflito e por que ele parecia tão importante na época?


Quando eu era jovem, eu queria ser um escritor de prosa e poesia e então eu descobri o rap. E muito do que eu queria fazer foi para a música. Sim, havia essa ideia de ser um artista puro ou um rapper puro. Então, no começo, é verdade que quando nós estávamos debutando como um ato musical pop, houve momentos em que eu tive que reorganizar a minha identidade e então refletir sobre qual é a minha identidade. No início, nós não vimos resultados positivos. Não tínhamos muitos fãs. Não tínhamos bons resultados. Houve alguns momentos em que fomos ridicularizados.


Portanto, é verdade que demorou algum tempo para que essa identidade se desenvolvesse e se firmasse. Mas, você sabe, seja rap ou música pop ou seja o que for, é apenas outro método para eu mostrar a minha mentalidade, expressar a minha voz e fazer isso ressoar com as pessoas. Assim, muito desse conflito se resolveu. E acho que as coisas hoje estão muito diferentes do que eram em 2013 porque, embora ainda haja muita discussão sobre o que é puro, o que é autêntico, o que é sincero, o que é um artista, o que é um músico pop, essas fronteiras têm se tornado cada vez menos significativas. Contanto que eu possa mostrar o que escrevi, é válido como a continuação do meu sonho e do que eu sempre quis fazer.


Parece que o BTS realmente se encontrou na época de O Momento Mais Bonito da Vida. Foi ali que tudo se juntou. Como você olha para aquela época?


Apesar do nome, O Momento Mais Bonito da Vida, esse foi, na verdade, um período muito tumultuado para mim, para nós. Havia a imagem forte que tínhamos em 2 Kool 4 Skool, naqueles estágios iniciais, uma espécie de expressão exagerada de resistência e angústia. E então diminuímos um pouco o ritmo e tentamos expressar as emoções de jovens que realmente não têm nada além de sonhos. Era um tipo de expressão mais honesta e testemunhamos como isso estava ressoando com muitas pessoas.


Houve um pouco de confusão porque era uma coisa nova e nós estávamos nos mostrando como mais vulneráveis, mais delicados, o que era muito diferente. Mas percebemos que era significativo e, a medida em que avançamos para a série Love Yourself, começamos a descobrir isso cada vez mais enquanto prosseguíamos.


Eu sei que muitos fãs não veem o BTS como parte do K-pop. E vocês mesmos disseram que “BTS é o gênero”. Como você enxerga isso?


Esse é um debate muito importante. Porque o que eles chamam de K-pop, esse gênero está se expandindo de forma muito rápida. Por exemplo, alguns dos chamados grupos de K-pop têm apenas estrangeiros da Europa, Índia, China, etc., de vários lugares. Não há membros coreanos, mas eles seguem a "coisa do K-pop", vão trocando as partes e assim por diante. O BTS também está se expandindo muito rapidamente. E o K-pop agora é muito amplo. Alguém poderia dizer que o K-pop é para coreanos que cantam uma música coreana. Isso pode ser K-pop. Mas e quanto a “Dynamite”? Cantamos a música em inglês. Mas somos todos coreanos, então alguém pode dizer que é uma música de K-pop. Ou eles podem dizer que é apenas uma música pop, porque é em inglês. Mas nós realmente não nos importamos se as pessoas nos veem como um ato dentro ou fora do K-pop. O fato importante é que nós somos todos coreanos e cantamos música pop. Então, é por isso que dissemos que o nosso gênero é apenas BTS. Esse debate é muito importante para a indústria da música, mas não significa muito para nós, os membros.


Que música realmente mudou a sua ideia do que é artisticamente possível?


Eu comecei com Nas, Eminem, a era de ouro do hip-hop. E a virada foi Drake, em 2009, quando ele lançou "Thank You Later". Esse álbum foi meio chocante para mim porque era uma coisa meio estranha que um rapper cantasse de verdade. Depois disso, muitos rappers começaram a cantar, decidindo colocar as melodias em suas canções de diversos gêneros, entre raps e melodia. Então, sim, esse foi o momento.


Quando você fez o seu rap dizendo que a sua “sombra ... se chama hesitação”, o que você quis dizer com isso?


Pode ser chamado de hesitação ou cautela, mas, creio eu, existe uma forma de hesitação que impede alguém de correr riscos e de desafiar a si mesmo.


Eu sei que você motivou os membros dizendo que os seus netos poderão assistir a sua apresentação no Grammy algum dia. É algo em que você pensa com frequência?


Às vezes, eu fico arrepiado, pois cada momento nosso deixa rastros online onde todos podem vê-los. Então, sim, eu acho que isso nos ajuda a nos manter motivados.


Alguns atores de cinema têm um ditado: “A dor é temporária. O filme é para sempre.”


[Acena com a cabeça] A vida é curta. A arte é para sempre.


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