*Tradução livre a partir de entrevista original publicada em 01 de agosto de 2021. Caso deseje visualizá-la, acesse: https://magazine.weverse.io/article/view?lang=en&num=215
Jimin: "Há pessoas que têm nos apoiado ao longo desse período difícil"
[Entrevista do lançamento
do álbum de "Butter"]
No vídeo “ARMY Corner Store”, postado pelo BTS no seu canal do YouTube – BANGTANTV – para marcar o oitavo aniversário do seu debut, Jimin falou sobre a jaqueta de couro que os membros mais velhos lhe deram quando ele ainda era um trainee. A jaqueta foi primeiramente usada pelo SUGA, passada para o j-hope após o debut do SUGA e, então, foi dada ao Jimin com as palavras: "Essa jaqueta é passada de geração em geração." Jimin ainda usa essa jaqueta quando está frio. Muitas coisas mudam e, mesmo quando há vezes em que precisam mudar, há coisas que não mudam.
Vocês lançaram três músicas em um ano: “Dynamite”, “Butter” e, finalmente, “Permission to Dance”, e o BTS cresceu em popularidade durante todo esse tempo. Como você está se sentindo?
Jimin: Em algum ponto, isso parou de parecer real. As reações dos fãs, os vídeos de covers que eles publicaram e os desafios de dança que fizeram - eu sou simplesmente muito grato por isso. Isso iluminou a minha vida. Nós preparamos essas músicas com um bom propósito em mente, então apenas ouvir as pessoas dizerem que gostaram de ouvi-las foi gratificante. E esse era nosso objetivo original. “Permission to Dance", em particular, era a mensagem perfeita para agora, então acho encontrei muito conforto nela também.
Como assim?
Jimin: Acho que foram ambos a "atmosfera" e o conteúdo realista. Era reconfortante desde o título. Pensando nisso agora, o fato de que essa música me fez pensar "Ah, sim, posso não ser capaz de ver o ARMY agora, mas eu verei em breve" foi um bom ponto. Eu tenho pensado comigo mesmo sobre como o futuro será melhor e tenho sido mais cuidadoso, mas ainda acabei esperando mais tempo. E, nesse intervalo, tivemos um fanmeeting no meio de tudo isso. Então, o meu pensamento mudou para ser mais positivo. Isso foi ótimo.
Houve alguma parte em que você deu uma ênfase especial para expressar tais emoções positivas na música?
Jimin: Acho que apenas segui o meu coração. Anteriormente, havia algum tipo de conceito e eu queria mostrar algo sobre mim nesse contexto, mas ultimamente eu tenho apenas seguido o meu coração, seguido o sentimento de transmitir os sentimentos que quero compartilhar com outras pessoas. De início, eu estava preocupado se os sentimentos que estávamos tentando transmitir nessas músicas poderiam, de fato, ser transmitidos às pessoas, já que nunca havíamos tentado fazer músicas nesses estilos antes, mas depois de dar uma chance às performances, descobrimos que elas são muito divertidas e fáceis para nós acompanharmos também. Então, eu pensei que seria fácil o suficiente para as pessoas se aproximarem também dessas músicas, felizmente.
Mesmo que as três músicas - “Dynamite”, “Butter” e “Permission to Dance” - tenham algo em comum, eu imagino que elas tenham sido todas completamente diferentes quando se trata de entendê-las e prepará-las. Vocês fizeram “Butter” antes de “Permission to Dance”. Como foi esse processo?
Jimin: Elas são totalmente diferentes. As atitudes que eu assumo são diferentes, o processo de pensamento é diferente e acho que as emoções que eu sinto são diferentes também. Acho que “Butter” foi um pouco difícil para mim. Não era um estilo ao qual eu estava acostumado, mas eu achei a dança em si elegante quando vi o vídeo e havia vários movimentos com os pés, então pensei que eu seria bom nisso, mas foi muito mais difícil do que eu pensava. Durante a prática, eu até pensei: "Por que eu sou tão ruim em dançar?". Se você olhar para as nossas coreografias usuais, elas têm partes muito poderosas com grandes movimentos e muita força, mas “Butter” foi realmente difícil porque toda a força entrava ao mesmo tempo, embora ainda estivesse fluida. Então, eu assisti o Hoseok dançando muito e, como cada membro tem o seu próprio estilo de dança, eu observei a maneira como o Taehyung se soltou e como o Jung Kook dançou seguindo exatamente os passos ensinados, e eu combinei tudo isso. Assim, para algumas das performances de “Butter” eu realmente relaxei e, para outras, eu usei um pouco mais de força. Tentei todas as possibilidades diferentes.
Talvez seja por isso que até mesmo o estilo de roupa que você está vestindo parece mudar a sensação que a dança passa. Parece que você dançou um pouco diferente em um terno do que quando estava vestido casualmente.
Jimin: Eu nunca percebi antes, mas as músicas, de fato, soam diferentes dependendo do que estou vestindo. Às vezes, eu dançava todo animado quando usava roupas casuais, mas quando eu usava um terno, algo sobre a música soava sexy. Há uma vibe diferente quando eu danço sozinho e quando danço como parte do grupo, então eu visualizo como devo me vestir para fazer a minha dança parecer ainda melhor a cada vez.
A apresentação de “Dynamite” no Grammy também foi muito impressionante. Eu senti que a música, o estilo de roupa e as poses nas quais vocês iam se inserindo na performance foram uma combinação perfeita.
Jimin: Acho que tudo depende de que tipo de roupa eu visto, qual é a minha posição em uma determinada parte e quanto eu peso. Há uma diferença marcante na aparência e na sensação de uma dança baseada em quanto eu peso. Eu acho que a dança e o figurino combinaram bem em “Dynamite”.
Por falar nisso, quando você performou “Black Swan” no final do ano, com que tipo de sapatos você conseguiria dançar da melhor forma possível? Olhando para o vídeo de fancam focus, a sua dança muda levemente dependendo do design dos seus sapatos.
Jimin: Para mim, o melhor é descalço. Eu acho que tem que ser descalço quando estou fazendo uma dança de estilo clássico. Parece preciso e atraente quando eu uso sapatos sociais, mas sempre parece mais natural para eu me expressar quando estou descalço. É mais dinâmico, acho que você poderia dizer. Então, eu queria ficar descalço em todas as minhas outras performances também. Eu também queria estar descalço para quando gravássemos “ON” no Estádio da Copa do Mundo de Seul no final do ano, mas eu desisti porque poderia ser perigoso.
A performance de “ON” no MAMA 2020, certo? Eu estava curioso sobre algo enquanto assistia aquele vídeo: eu me perguntei como os membros do grupo poderiam se apresentar com tanto esforço naquele grande estádio sem qualquer público, com as novas performances solo adicionadas à coreografia original e tudo mais. O que te ajudou a encontrar forças, mesmo nessas circunstâncias?
Jimin: Há pessoas que têm nos apoiado ao longo desse período difícil. Acho que temos que dar a elas um motivo para nos apoiarem, então. Se vamos fazer com que elas queiram nos ver e vamos tornar divertido para elas nos assistirem, eu queria dar às pessoas um bom motivo.
Então, como você se sentiu quando se apresentou no Grammy Awards? Certamente, deve ter sido significativo para você de várias maneiras.
Jimin: Eu queria que a nossa performance mostrasse o que significava para nós estar naquele palco. "Um grupo de garotos da Coreia, cada um proveniente da sua própria vizinhança, pode fazer isso também, então qual é o grande ponto em ganhar um prêmio?". Isso é uma coisa em que eu pensei. É claro que você não conseguirá um prêmio se ainda não for capaz o suficiente, mas o importante é que as pessoas que gostam de nós também possam se orgulhar de nós. Nós fizemos a performance em troca de todo o apoio que eles nos dão.
Deve ser difícil não poder ver os seus fãs, já que vocês não podem realizar nenhum show. É difícil dizer o quão bem a performance foi capaz de transmitir esse retorno ao apoio deles.
Jimin: Eu aprendo muito quando saio em turnê. Eu combino as reações imediatas do público e as partes com as quais eu não fiquei satisfeito e pratico com base nisso. E pergunto aos outros membros sobre isso também. Mas agora não há tempo para revisar isso. Portanto, eu apenas continuo praticando muito, mas é difícil dizer como as coisas que estou fazendo vão acabar parecendo, então eu continuo tentando as coisas por conta própria, mas sem nenhum feedback.
Isso deve ter dificultado a preparação para "Dynamite", "Butter" e "Permission to Dance", especialmente porque você ainda tem que cantar em inglês, as emoções nas músicas são muito diferentes de músicas anteriores e é difícil sentir a reação no local de performance nessas circunstâncias.
Jimin: Até a pronúncia é definitivamente diferente e a parte da garganta de onde o som vem muda, dependendo da pronúncia. Acho que é por isso que fiquei um pouco agitado. Em "Butter", se eu tivesse feito do jeito que sempre faço, não ia aparecer. Então, eu estudei muito sobre como soar mais limpo e simples.
Parecia que você tinha que atender a todos os tipos de condições. Você tem que manter a música leve e ainda atingir as notas altas, tudo isso enquanto mantém a sua voz única.
Jimin: Eu acho que você poderia chamá-la como a música que mais me fez pensar como se eu estivesse começando de novo. Acho que pratiquei mais duro do que nunca. Acho que trabalhei muito para ter o meu próprio estilo único, mas então bati em uma parede e tive que voltar ao início para encontrar uma nova maneira. E eu repassei muito sobre isso com o Jung Kook. E se eu cantar assim? Ou que tal assim? Como eu devo praticar? Eu fiz muitas perguntas como essas e pratiquei muito também. Mas eu apreciei o processo. Em um ponto, eu pensei: "Eu posso tirar esse tipo de voz da minha garganta também?". Mesmo que não tenham chegado à gravação final, eu tentei fazer adlibs diferentes enquanto cantava outras partes e encontrei os meus pontos fortes dessa forma.
Em músicas anteriores, você soava de maneira fortemente emocionante quando cantava notas altas, mas desta vez elas são mais descoladas. Como você se sente tendo emoções diferentes nos seus vocais? O BTS também procurou permitir que as pessoas sentissem emoções mais positivas durante a pandemia.
Jimin: Foi difícil se ajustar às mudanças, mas, de outras formas, uma vez que o grupo viu uma maior manifestação de amor, achei que nós deveríamos englobar emoções e um conteúdo que fosse um pouco mais abrangente. Pessoalmente, foi difícil me ajustar a uma situação em que eu não poderia me apresentar pessoalmente. Mas, depois que "Butter" foi lançada e passamos para "Permission to Dance", vi como muitas pessoas aceitaram positivamente a maneira como me esforcei para tentar mudar um pouco mais as coisas com essas músicas e percebi que poderíamos encontrar um novo lado nosso no processo.
Eu vi na “ARMY Corner Store” o que você disse sobre ter bebido com os outros membros recentemente e todos conversando juntos, o que me faz pensar que vocês refletiram muito desde o início da pandemia. O mundo mudou muito e o status do grupo também mudou desde que "Dynamite" foi lançada.
Jimin: Não foi apenas o momento mencionado na "ARMY Corner Store". Nós também conversamos enquanto íamos aqui e ali de carro, sempre que nos encontrávamos e quando estávamos no set. Acho que eu demorei bastante para acalmar os meus nervos. Levou cerca de quatro ou cinco meses, eu acho, mas depois que continuamos lidando com isso e conversando uns com os outros, acho que foi quando nos acostumamos com o "novo normal" e com as nossas novas personalidades.
Quando você performou “Daechwita” no MUSTER SOWOOZOO, a parte que você fez, por acaso, dizia: “Lembre-se, lembre-se dos dias passados, lembre-se”. Talvez tenha sido uma coincidência, mas agora que o BTS, o grupo que debutou com "No More Dream", atualmente está no topo da Billboard Hot 100, eu me pergunto como você se sente sobre os dias que se passaram.
Jimin: Eu só percebi isso recentemente, mas eu costumava ser muito instável. Eu agia como se estivesse muito bem preparado quando estava perto de outras pessoas, como a minha família e amigos. Isso significava que eu tinha que fingir muito. Eu me preocupava com os outros dizendo coisas como "Eu estou bem, mas como você está?". Eu falava como se eu sempre fosse capaz de cuidar de qualquer coisa que surgisse, mas olhando para trás, não era o caso.
O que te fez pensar assim?
Jimin: Eu ainda sou jovem e, como estou ganhando muito dinheiro ainda jovem, eu acabo me perguntando o que dinheiro e sucesso significam. Como eu sou jovem, ouço muita gente falar e algumas pessoas podem ter ciúmes ou inveja. Mas há muitas pessoas a quem eu tenho que retribuir e muitos relacionamentos aos quais preciso abraçar. Eu achava que poderia cuidar de todas essas questões, mas olhando para trás, não era o caso. Não faz muito tempo desde que percebi que fui eu quem criou aquela impressão e forçou tudo a acontecer.
Foi algum senso de responsabilidade? Isso me lembra como você se autodenominou como “o tipo de pessoa que gosta de ser amada” na sua última entrevista à Weverse Magazine. Então, eu imagino que você provavelmente dá o seu melhor pelas pessoas na sua vida.
Jimin: Sim. Eu estava apenas sendo cabeça-dura, você sabe. Sendo teimoso. (risos) É o tipo de situação em que as pessoas olham para você e podem dizer: "Você não consegue nem cuidar de si mesmo". (risos) Mas ainda havia muitos pontos em que eu continuava pensando coisas assim. Agora, eu acho que eu não tinha que ter ido tão longe e, com o passar do tempo, comecei a pensar: "Oh, estou feliz por poder pensar sobre isso agora para que eu possa deixar ir as coisas que eu deveria deixar ir". Quando eu não conseguia deixar as coisas para trás, o meu ressentimento continuava crescendo. A minha dor também. Em vez de admitir que eu tinha esses sentimentos naquela época, eu diria que havia emoções em diferentes situações que eu passei a aceitar inconscientemente e comecei a sentir como se eu pudesse ver o quanto estava sendo difícil depois de algum tempo.
Você trabalhou duro. Como você se sentiu depois de deixar todos esses sentimentos?
Jimin: Eu senti que estava me tornando vazio, às vezes, no início. Eu senti como se estivesse negando os meus próprios pensamentos e crenças. Mas conversei muito com os meus pais e eu disse: "Vocês sabiam que eu estava passando por tudo isso?". E eles disseram: "Não sabíamos o que você estava passando, mas sabíamos que era alguma coisa." Então, finalmente, eu compartilhei o que estava sentindo com eles e minha mãe e meu pai falaram comigo como se fossem os meus treinadores de vida. Depois de sair de todo aquele período, mesmo quando faço coisas semelhantes, eu posso dizer que a minha mente mudou muito. Se eu estava mais focado no meu ambiente antes, agora eu consigo me concentrar em mim também. A minha mãe me disse que significa que estou crescendo e que finalmente estou me tornando um adulto. Então, eu disse "Eu não quero ser um adulto, isso é difícil demais". (risos)
Parece que você acabou fazendo muita autorreflexão durante a pandemia.
Jimin: No ano passado, observei como muitas pessoas estavam passando por um momento difícil e como havia uma grande crise social, mas, com o passar do tempo, comecei a me sentir como se eu estivesse preso. Mas estava, em grande parte, tudo bem quando eu estava trabalhando.
O que você diria que o trabalho significa para você atualmente?
Jimin: Eu acho que é difícil separar o trabalho de mim mesmo. Eu sou eu e também há um eu separado que trabalha, mas é difícil distinguir os dois.
Na “ARMY Corner Store”, você disse que deseja que o BTS se torne ainda melhor. Como alguém para quem o trabalho é tão importante, o que significa para você se tornar melhor?
Jimin: Acho que o ARMY também pode enxergar tudo isso. Se colocamos uma certa emoção na nossa performance e eu expresso um reflexo genuíno de mim mesmo, então eles podem sentir isso em algum grau, se não totalmente, eu acho. É fato que eu espero que os nossos shows sejam tão grandes quanto os que fizemos no passado, mas, ainda mais do que isso, quando alguém se torna mais maduro e cresce, acho que as nossas performances e músicas cresceriam junto conosco em correspondência e como refletimos a respeito delas também pode mudar. Quando isso acontece, nós esperamos que seja algo que nos trará para mais perto do ARMY e estamos realmente ansiosos pelas performances que poderemos mostrar a vocês. Acho que vai ser um show muito bom. Eu estou esperando por esse dia.
Quando você diz “se tornar melhor”, isso pode significar algo que vocês fazem junto ao ARMY também.
Jimin: Isso. Acho que isso está mudando aos poucos, de verdade. Nós costumávamos ser, tipo, "é assim que nos sentimos, é assim que as nossas músicas são, é isso que estamos performando". Mas, à medida que a escala dos nossos shows cresceu e começamos a nos apresentar em estádios, acho que começamos a nos perguntar: "O que todos vocês acham?". Nós não podemos realmente falar a fundo sobre o que está acontecendo na vida de cada pessoa nos nossos shows, mas acho que ainda estamos olhando nos olhos uns dos outros e conversando, mesmo quando estamos gritando uns para os outros. Não chegaria o dia em que poderíamos compartilhar cada vez mais os sentimentos uns dos outros e poderíamos dizer livremente que uma performance é o que você e eu, nós fazemos juntos?
De alguma forma, eu sinto que o que você acabou de dizer pode ser o comentário final de todas as entrevistas do BTS. (risos)
Jimin: Tenho certeza de que todos nós estamos pensando isso. (risos)
Comments