*Tradução livre a partir do artigo original publicado em 13 de maio de 2021. Caso deseje visualizá-lo, acesse: https://www.rollingstone.com/music/music-features/new-bts-song-2021-worlds-biggest-band-1166441/amp/?__twitter_impression=true
O TRIUNFO DO BTS:
Como sete jovens superestrelas reescreveram as regras
da indústria da música e se tornaram a maior banda do mundo
“Essa é uma pergunta bastante séria e profunda”, diz RM, o líder de 26 anos da maior banda do mundo. Ele faz uma pausa para pensar. Estamos falando sobre futuros utópicos e distópicos, sobre como o sucesso global - que destrói barreiras e hegemonias - de seu grupo, o gigante sul-coreano e extremamente talentoso BTS de sete membros, parece um vislumbre de um mundo novo e melhor, de um século 21 interconectado que realmente cumpra sua promessa.
Os níveis absolutamente mágicos de carisma do BTS, sua música que desafia os gêneros e é elegante-mas-pessoal e até mesmo a sua marca de masculinidade casualmente não tóxica e de cuidados intensivos com a pele - cada pequena parte disso parece uma visita de alguma linha do tempo mais brilhante e esperançosa. O que RM está ponderando atualmente, no entanto, é como tudo isso contrasta com uma paisagem mais escura ao redor deles, particularmente a terrível onda recente de violência anti-asiática e discriminação em uma diáspora global.
“Nós somos um ponto fora da curva”, diz RM, “e nós entramos no mercado musical americano e desfrutamos desse sucesso incrível”. Em 2020, aos seus sete anos de carreira, o primeiro single em inglês do BTS, a irresistível "Dynamite", atingiu o número um, uma conquista tão singular que gerou uma declaração de congratulação do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in. A nação há muito tempo está profundamente investida em seu enorme sucesso cultural além de suas fronteiras, conhecido como Onda Coreana.
“Agora, é claro, não há utopia”, RM continua. “Há um lado de luz; e sempre haverá um lado de escuridão. A forma como pensamos é que tudo o que fazemos e a nossa própria existência está contribuindo para a esperança de deixar essa xenofobia, essas coisas negativas, para trás. É nossa esperança também que as pessoas de minorias consigam retirar alguma energia e força da nossa existência. Sim, há xenofobia, mas também há muitas pessoas que são bastante receptivas… O fato de termos tido sucesso nos Estados Unidos é muito significativo por si só.”
No momento, RM está em uma sala acusticamente tratada na sede da sua gravadora em Seul, usando uma máscara médica branca para proteger um tradutor que está próximo, um bucket hat (chapéu-balde) preto e um moletom preto da marca luxuosa de Los Angeles, Fear of God. Como RM teve que explicar muitas vezes em programas de entrevistas nos Estados Unidos, ele aprendeu o seu inglês fluente sozinho pela compulsão com os DVDs de Friends. Ainda assim, ele faz o uso compreensível do intérprete quando a conversa se torna complexa.
RM é um fã da complexidade. Ele estava a caminho de uma educação universitária de elite antes que o amor pelo hip-hop - iniciado pela primeira vez por um grupo coreano, Epik High - o conduzisse ao estrelato. Bang Si-hyuk, o cerebral e intenso, porém avuncular, magnata produtor que fundou a gravadora do BTS, Big Hit Entertainment (agora HYBE), assinou primeiro com o RM, em 2010, e gradualmente formou o BTS em torno do talento e magnetismo do rapper. “Quando conheci o RM”, disse Si-hyuk, “senti o dever de ajudá-lo a crescer e se tornar um grande artista após reconhecer os seus talentos musicais e as suas formas de pensar”.
Quando o BTS debutou em 2013, a Big Hit era uma startup perdida em uma indústria musical sul-coreana então dominada por três grandes empresas (Si-hyuk havia sido produtor de uma delas, a JYP). Diz-se que a Big Hit uma vez ficou sem dinheiro enquanto filmava um vídeo. Agora, graças ao sucesso do BTS, a HYBE é uma empresa de capital público tão grande que acabou de abocanhar a empresa de gestão americana por trás de Justin Bieber e Ariana Grande. “Sempre definimos metas e padrões que podem parecer ideais e damos o nosso melhor para chegarmos o mais próximo possível disso”, diz Si-hyuk. "Ainda fazemos o mesmo."
Um longo processo de recrutamento e audição trouxe ao RM os seus seis companheiros de banda: seus companheiros rappers, Suga e J-Hope, e os cantores Jungkook, V, Jimin e Jin. Jungkook, o membro mais jovem, cujos múltiplos talentos incluem um tenor extraordinariamente emotivo, recebeu ofertas para assinar com várias agências de entretenimento, mas escolheu a Big Hit e o BTS por causa do RM. “Eu simplesmente pensei que o RM era muito legal”, disse Jungkook. “Eu realmente não sabia muito sobre o que é ser cantor. Mas quando eu o vi fazendo seu rap, eu simplesmente pensei que ele era realmente incrível. E eu acredito que talvez tenha sido o destino que me atraiu a ele.”
Suga e J-Hope foram os dois primeiros membros a se juntarem após o RM, em um ponto em que Si-hyuk imaginou um grupo puramente de hip-hop. (Havia incontáveis outros rappers como trainees a bordo com eles, mas todos foram finalmente lançados ao mar em favor dos cantores a medida em que o BTS se tornou mais um híbrido pop.) Suga, também um fã de Epik High bem como de rappers americanos como TI, era já um rapper habilidoso quando se juntou, para o desgosto de seus pais. “Eles não entendiam o rap”, diz Suga. “É natural que eles fossem contra o que eu estava fazendo. Acho que isso me ajudou a trabalhar mais porque havia algo que eu precisava provar.” Na intensa faixa solo de 2016, “The Last”, gravada sob o seu pseudônimo de Agust D, Suga revelou batalhas com TOC, ansiedade social e depressão. “Estou confortável agora e me sentindo bem”, diz ele. “Mas esse tipo de emoções negativas vêm e vão. Para qualquer pessoa, essas emoções não são coisas que precisam ser escondidas. Elas precisam ser discutidas e expressas. Quaisquer que sejam as emoções que eu possa estar sentindo, estou sempre pronto para expressá-las."
Com a personalidade mais radiante do grupo, J-Hope é amado por seus companheiros. (“Acho que J-Hope pode concorrer para presidente do mundo”, diz V. “Haverá pelo menos seis votos nossos”, acrescenta RM.) J-Hope é um dançarino deslumbrante e um rapper surpreendentemente agressivo, uma habilidade que ele aprendeu nos seus dias de trainee. “Quando comecei a treinar, todos os membros eram rappers”, diz ele. “Então, quando você entrava na casa, havia batidas por todos os lados. Todo mundo estava apenas fazendo rap no estilo livre. Não foi fácil me adaptar no início.”
Jin, cuja experiência era em atuação, foi recrutado na rua por um olheiro da Big Hit com base na sua beleza absoluta. Ele desenvolveu habilidades musicais formidáveis, mas gosta de brincar sobre a atenção dada à sua aparência. “Quero enfatizar, para que fique registrado, que todos ficaram frenéticos com quão bonito eu era”, diz ele sobre uma recente aparição em um programa de variedades da TV sul-coreana. Ao mesmo tempo, ele pode ser tocantemente inseguro. “Eu falho em muitas áreas”, diz ele. “Outros membros aprendem uma dança apenas uma vez e são capazes de dançar imediatamente com a música, mas eu não consigo. Então eu tento trabalhar mais duro para não atrapalhar os outros membros ou ser um fardo.”
V, um fã de jazz, música clássica e Elvis Presley, com um barítono distinto, acabou se tornando um trainee da Big Hit por acidente, após aparecer para apoiar um amigo que estava fazendo o teste. Ele foi um "membro oculto", que não apareceu na câmera nos intermináveis vlogs e outras promoções online engenhosas que precederam o debut do BTS em junho de 2013. "Na verdade, eu não consigo entender isso de jeito nenhum", diz ele agora com uma risada. "Por que eles fizeram isso? Por que foi esse o conceito? Eu realmente não fazia ideia!” (Si-hyuk tardiamente oferece uma resposta: "Precisávamos de um impulso para anunciar que a equipe chamada BTS estava finalmente completa. V tinha grandes charmes em termos de aparência e personalidade, então pensei que seria impactante quando ele fosse revelado por último. Foi uma estratégia eficaz na formação da imagem geral da equipe, além de deixar uma impressão de cada membro.”)
Jimin é um dançarino virtuoso, formalmente treinado, que também atinge algumas das notas mais incrivelmente agudas do catálogo do BTS. Ele tem uma forte tendência perfeccionista. “Dançar era o meu próprio mundo e o meu próprio espaço”, diz Jimin, que sente que deve performances perfeitas aos fãs do BTS. “Para o bem deles e pela sua devoção, eu não deveria cometer erros.”
Ele também é profundamente apegado à sua equipe. “Nós éramos pessoas muito diferentes que se juntaram”, diz Jimin. “Nós discutimos muito no início, é claro, mas acho que agora, por termos passado tanto tempo juntos, eu comecei a gostar até das coisas que eu costumava odiar nos outros membros. O tempo que nós passamos juntos realmente nos tornou próximos, como uma família. Não importa aonde eu vá, há um lugar para onde posso voltar. Eu comecei a me sentir assim em relação ao nosso grupo.”
RM se comporta com um nível de seriedade que talvez fosse incongruente com o seu nome artístico inicial de Rap Monster, oficialmente abreviado em 2017. Ele enuncia citações de Nietzsche e do artista abstrato Kim Whan-ki em entrevistas e comemorou seu 26º aniversário com uma doação de quase 85 mil dólares para a fundação de um museu para apoiar a reimpressão de livros raros de belas-artes. Ele e Suga preenchem as suas rimas com duplo e triplo sentido que impressionariam os cabeças do hip-hop dos Estados Unidos, que nunca pensaram muito sobre o BTS.
O grupo como um todo compartilha uma tendência por temas intensos, baseando um ciclo de álbuns na psicologia junguiana, usando brilhantemente a perda de Plutão do seu status de planeta completo como uma metáfora romântica na música "134340", entrelaçando videoclipes com um enredo contínuo e labiríntico. Até mesmo as suas falas entre as canções são repletas de uma profundidade incomum. “Todos nós temos galáxias nos nossos corações”, disse RM uma vez em uma arena cheia de fãs. “Até o meu pai, que trabalha todos os dias. E minha mãe, que é corretora de imóveis. E minha irmãzinha também. Até os cães de rua e gatos de rua. Até as pedras no chão… Mas há pessoas que nunca saberão disso até morrerem.” (Mais tarde, ele co-escreveu a faixa "Mikrokosmos" do BTS de 2019, que se baseia em um tema semelhante.)
Não é incomum para os membros do BTS derramar uma ou duas lágrimas enquanto estão falando aos seus fãs no palco. Junto ao seu conforto com maquiagem e tinturas de cabelo iridescentes, tudo isso corrobora com a sua rejeição instintiva de conceitos rígidos de masculinidade. “Os rótulos do que é ser masculino são um conceito ultrapassado”, diz RM. “Não é a nossa intenção derrubá-lo. Mas se estamos causando um impacto positivo, ficamos muito gratos. Vivemos em uma época em que não deveríamos ter esses rótulos ou ter essas restrições.”
No começo, com seus singles “No More Dream” e “N.O.”, o BTS escreveu diretamente sobre as frustrações da juventude sul-coreana, que sofria severa pressão e competição na escola e no mercado de trabalho. (O BTS estava carregando uma tradição: os progenitores do K-pop, Seo Taiji and Boys, acertaram notas temáticas similares no início dos anos 90, enquanto se inspiravam no hip-hop e R&B americano da época, assim como o BTS faria - o primeiro single do grupo de Taiji é uma amostra proeminente de “Bring the Noise”, do Public Enemy.) O BTS desde então aprendeu que sua mensagem inicial, junto com letras posteriores que tratam de identidade, amor próprio, saúde mental e muito mais, tiveram uma circulação ampla o suficiente para fazê-los se tornarem porta-vozes de uma geração global - literalmente: eles discursaram na Assembleia Geral das Nações Unidas, duas vezes.
“Quando nós escrevemos aquelas músicas e aquelas mensagens, claro, não era por entendimento ou conhecimento do sistema educacional nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar”, diz RM. “Nós éramos adolescentes na época. Havia coisas que fomos capazes de dizer, pelo que sentíamos e pelas nossas experiências sobre a irracionalidade da escola, ou as incertezas e os medos e ansiedades que os adolescentes têm. E um pensamento comum e uma emoção comum ressoou com a juventude, não apenas na Coreia, mas nos Estados Unidos e no Ocidente.”
O nome completo do BTS, Bangtan Sonyeondan, se traduz como “Escoteiros à Prova de Balas” e a ideia, de forma grosseira, era de que eles fossem amigos e protetores da juventude, em um nível quase espiritual. (Mais tarde, eles declararam que BTS também significa “Beyond the Scene”, ou melhor, “Além da Cena”.) “Eu não queria que eles fossem falso-ídolos”, Si-hyuk disse uma vez. “Eu queria criar um BTS que pudesse se tornar um amigo próximo.”
Em dezembro, o BTS teve outro hit número um nos Estados Unidos com “Life Goes On”, uma balada melancólica que representa a resposta pop definitiva ao ano pandêmico. Mas, como as letras são quase inteiramente em coreano, a música praticamente não foi reproduzida nas rádios dos EUA. Sua posição no gráfico veio de streaming e compras, e a demanda óbvia não foi suficiente para o rádio reconsiderar. RM, por exemplo, ainda tem esperança de que uma parede específica se estilhace. “Se eles sentirem, acho que vão mudar”, diz ele. “As barreiras ainda estão se quebrando. Isso continua e continua”.
Enquanto isso, o BTS está dando sequência a “Dynamite” com outro single em inglês, “Butter”, datado para 21 de maio. Como a alegre “Dynamite”, “Butter” não tem uma mensagem forte. É uma pura e presunçosa celebração dance-pop na veia retrô de Bruno Mars, com camadas de sintetizadores ao estilo Jam e Lewis e orgulho de ser “suave como manteiga” e de ter um “brilho superstar”. “É muito energética”, diz RM. “E veranil. Possui uma performance muito dinâmica.” Há claramente mais música a caminho também - vários compositores ocidentais que trabalharam com o grupo no passado disseram que estão atualmente em contato com a equipe do BTS sobre novas músicas.
Por marcarem forte presença na composição de suas músicas, o BTS sempre se destacou dos métodos tradicionais do K-pop e, por falar nisso, bem como muito do pop americano dominado-pelo-campo-de-composições. (Questionar se o BTS é realmente parte do K-pop a esse ponto é um tema fortemente debatido entre os fãs, conhecidos como ARMY - muitos acreditam que o grupo transcendeu esse rótulo.) “Eles são orgânicos e únicos”, disse o apresentador do Late Late Show, James Corden, um fã que os recebeu diversas vezes desde 2017. “Nunca parece que eles estão na máquina. Eles SÃO a máquina.”
RM e Suga têm ambos produzido por anos e Suga possui um abundante crédito de composição para outros artistas. Fora as contribuições dos membros, a maior parte da produção e composição foi realizada internamente na Big Hit, com Si-hyuk e uma equipe de produtores e compositores em colaboração. Começando por volta de 2017, compositores e produtores ocidentais se uniram ao processo, mas suas contribuições eram parte de um esforço do grupo.
O produtor-chefe, Pdogg, tende a selecionar as melhores melodias e seções de vários criadores, que poderiam estar em qualquer lugar no mundo. “Eles nos retornam e dizem, ‘Nós amamos essas duas partes que você fez’”, disse August Rigo, um compositor filipino-canadense que trabalhou com os singles “Black Swan” e “ON”, de 2020. “Então, nós temos esse verso e nós temos essa seção sobre a qual não temos muita certeza. É como juntar um quebra-cabeça juntos, em colaboração com o BTS… Não era, tipo, dois dias e acabou. Não, eram dois, três meses, talvez seis ou sete revisões.”
Em pelo menos um caso, o BTS acabou selecionando colaboradores por conta própria. Depois que a dupla de produção do Brooklyn, Brasstracks, notou uma de suas músicas tocando ao fundo de um vídeo dos bastidores do BTS, eles tweetaram sobre isso e logo receberam um contato da parte da Big Hit. “A próxima coisa que tivemos foi um e-mail dizendo, 'Ei, estamos fazendo isso e estamos procurando por isso' e 'O BTS gosta do seu trabalho'”, disse Ivan Jackson, um dos dois do Brasstracks, que anteriormente trabalhou com Mark Ronson e Chance the Rapper. “Eu apenas acho que eles estão realmente ligados e atentos ao mundo da música de uma maneira profunda e que não é reconhecida. Porque nós não somos grandes produtores. Eles não chamaram o Timbaland.” Brasstracks enviou uma batida que acabou como a faixa “Dis-ease”, com uma seção de ponte adicionada por Pdogg e outro produtor, Ghstloop. “Foi um caso de colaboração realmente incrível”, diz Jackson.
“Dynamite”, produzida pelo profissional do Reino Unido, David Stewart (não o cara do Eurythmics), e escrita por Stewart e sua parceira de composição, Jessica Agombar, outra britânica, foi uma exceção. A HYBE divulgou que o BTS estava pronto para um single em inglês e o BTS e sua gravadora escolheram a música entre várias inscrições. “‘Dynamite’ não teria sido lançada se o BTS estivesse em turnê conforme programado”, diz Si-hyuk. “O projeto foi escolhido para mudar o clima em resposta à situação de pandemia. Achei que combinava com o BTS e que a vibe moderna da música seria mais bem expressa se cantada em inglês.”
Formando uma bolha da COVID, o BTS se manteve ocupado no estúdio no ano passado, primeiro com "Dynamite" e depois com o álbum BE de novembro, o suave e mais maduro trabalho de sua carreira, que inclui "Life Goes On". Mas 2020 ainda proporcionou o seu maior tempo livre desde que se juntaram à Big Hit como trainees. Por anos, eles mencionaram alegremente como estavam atrasados no sono. No ano passado, finalmente conseguiram descansar e todos falam sobre meses de reflexão e autodescoberta. Para Suga, que havia lutado silenciosamente durante anos com uma lesão no ombro sofrida enquanto trabalhava como entregador durante os seus dias de trainee, era a chance de finalmente fazer uma cirurgia. “Houve momentos”, diz Suga, agora se sentindo melhor, “em que eu não conseguia levantar os meus braços em uma amplitude completa de movimento durante um show”.
O laço entre o BTS e o seu ARMY é real, e os caras realmente sentiram falta de seus fãs, sentiram falta da estrada. “Quando não pudemos sair em turnê, todos sentiram uma sensação de perda, uma sensação de impotência”, diz Jin. “E estamos todos tristes. Realmente demorou um tempo para superarmos esses sentimentos.”
“O brado das multidões e do ARMY é algo que nós amamos”, diz Jungkook. “Nós sentimos falta disso mais e mais. E nós ansiamos por isso mais e mais.”
O BTS é tão apaixonado no seu apoio pelo seu ARMY quanto os fãs são por eles. “O ARMY é até muito mais equilibrado do que nós somos”, diz RM. Os fãs viveram de acordo com a fé do BTS neles repetidas vezes, montando documentários de nível profissional, embarcando em projetos ambiciosos de pesquisa e tradução e combinando coletivamente a doação de um milhão de dólares do BTS para o Black Lives Matter em apenas 25 horas.
Ao longo do caminho de toda a existência do grupo, nenhum dos membros do BTS reconheceu qualquer relacionamento romântico, embora vários tenham feito referências aos namoros de antes de se unirem. A fala oficial é que eles estão muito ocupados. O pensamento comum de grupo pop pode sugerir que o BTS se preocupe com a reação dos fãs sobre esse assunto, mas Suga, pelo menos, rejeita essa ideia. “Tenho dificuldade em entender essa questão”, diz ele. “O ARMY é um grupo diversificado. Nessa situação hipotética, alguns podem aceitar, outros não. Quer seja namoro ou outra coisa, são todos indivíduos e compreenderão as coisas de forma diferente.”
Em 2018, o BTS negociou a renovação do seu contrato com a empresa de Si-hyuk, comprometendo-se a mais sete anos como banda. Dois anos depois, eles receberam uma participação financeira na HYBE. “É muito significativo”, diz RM, “para nós e também para a empresa que nos admitamos e nos reconheçamos como verdadeiros parceiros. Agora, o sucesso da Big Hit é o nosso sucesso e o nosso sucesso é o sucesso da Big Hit.” Também significou uma sorte inesperada de milhões de dólares para o grupo quando a HYBE se tornou pública no ano passado. “Isso é muito importante”, diz RM com um sorriso.
Há uma armadilha à espera do BTS que todo grupo sul-coreano masculino em certa idade enfrentou: À vista das tensões em curso com a Coreia do Norte, os homens normalmente são obrigados a cumprir um período de 21 meses de serviço militar até o 28º aniversário. Jin completou 28 anos no dia 4 de dezembro, mas naquele mês o governo aprovou uma lei oferecendo-lhe uma suspensão direta: “Um artista da cultura pop que foi recomendado pelo Ministro da Cultura, Esportes e Turismo por ter melhorado muito a imagem da Coreia dentro da nação e em todo o mundo” agora seria capaz de esperar até os 30 anos para servir.
“Acho que o país meio que me disse: ‘Você está fazendo isso bem e vamos lhe dar um pouco mais de tempo’”, diz Jin. O serviço militar, acrescenta, “é um dever importante para o nosso país. Portanto, sinto que tentarei trabalhar o máximo que puder e fazer o máximo que puder até ser chamado.”
Assumindo que a lei não seja alterada novamente, oferecendo uma nova extensão, Jin entende que é uma possibilidade que o BTS continue sem ele por um tempo. “Eu não tenho dúvidas de que os outros membros tomarão uma boa decisão porque, você sabe, não é algo que eu possa dizer a eles o que fazer”, ele diz. Se eles, de fato, passarem um tempo como seis, “eu ficarei triste, mas eu estarei assistindo a eles pela internet e torcendo por eles.”
Suga tem 28 anos, J-Hope tem 27 e RM faz 27 este ano, então o seu serviço também é iminente. Ao menos um grupo de K-pop, Shinhwa, voltou a se reunir depois de seu tempo no exército e ainda é um grupo depois de 23 anos. O BTS pode muito bem aspirar a esse tipo de longevidade. “Então, sim, nós iremos querer ver o ARMY como queremos agora”, diz V. “Tenho certeza de que funcionará para que possamos continuar a ver o ARMY. Sobre o serviço militar ou o que vai acontecer, nós não discutimos isso em detalhes entre nós, mas tenho certeza de que vai dar certo eventualmente."
Para Jimin, pelo menos, o BTS é eterno. “Eu não acho que eu já tenha pensado sobre não ser parte desse grupo”, ele diz. “Eu não consigo imaginar o que eu faria sozinho. Eu acho que quando eu ficar mais velho e eu crescer a minha própria barba” - ele faz gestos para o meu pelo facial e sorri - “eu gostaria de pensar que, no fim, quando eu estiver velho demais para dançar, eu gostaria de apenas me sentar no palco com os outros membros e cantar e interagir com os fãs. Eu acho que isso seria incrível também. Então, eu gostaria de continuar assim enquanto eu puder.”
Não posso passar por essa matéria incrível sem me reverenciar ao BTS e agradecer por eles terem iniciado essa jornada juntos. Cada um deles, com suas diferenças, fizeram acontecer com muito blood, sweet and tears, através de incontáveis noites sem dormir, dias exaustivos e estresse nas alturas. Acredito que quando eles olham pra trás, sim é preciso olhar pra trás e ressignificar o que deve ser e seguir, com uma nostalgia dos dias de trainees, a constatação de dever cumprido deve ser algo incrivelmente saboroso. A maknae line qua ainda lançará suas próprias mixtapes, saberá completamente o que esse sentimento significa e não demorará a acontecer, espero :). O que virá a seguir? Logo logo estaremos todos derretendo em Butter,…