Recentemente, eu reli “A Metamorfose”, de Franz Kafka. Você provavelmente já ouviu falar, certo? O livro traz uma estória um tanto quanto trágica, repleta de transformações inesperadas e crises existenciais. Chega a ser bastante perturbador. Mas a ideia da metamorfose, desse modo tão intenso, me deu um chacoalhão. Além disso, de certa maneira, alguns pontos desse livro vem de encontro a momentos de escuridão que enfrentamos na nossa jornada em busca ao “Map of the Soul”.
Há uma palavra que gosto bastante que é ‘LIMINAR’. Ela vem do latim, ‘limen’, e significa “qualquer momento ou local que constitua um limite ou um ponto de passagem”. A partir dessa palavra, existe um termo utilizado na Psicologia chamado “espaço liminar”. Um espaço liminar é o ponto entre o “o que era” e o “o que virá a ser”. Entre o familiar e o completamente desconhecido. É um local ou momento de transição. Uma estação, muitas vezes, de espera e incertezas. Porém, o espaço liminar é o lugar onde toda transformação ganha forma, se aprendermos a esperar e permitirmos ser a escultura desse processo.
Os membros do Bangtan nos mostram isso melhor do que ninguém. Não é difícil observar como eles se reinventaram ao longo dos anos de carreira até aqui, seja individualmente ou como grupo. Sinceramente, me sinto privilegiada por poder acompanhar os espaços liminares, ou seja, as transições enfrentadas por eles. Sua música, seu comportamento, sua identidade, sua mensagem para o mundo — você percebe como eles se desenvolveram?
A partir disso — de sua própria vida, história, arte e experiências -, o BTS nos ajuda a compreender que esses espaços liminares estão em todas as áreas da nossa vida e são inevitáveis, por mais duros que sejam. Por outro lado, cada um deles inaugura um novo capítulo da nossa existência.
Realmente acredito que, neste momento, estamos passando por um período de um profundo espaço liminar coletivo. O último ano com a COVID e o isolamento social tem sido trágico e desesperadamente triste ao redor do mundo. Não tem sido fácil para ninguém. Porém, esse intervalo presente é o ponto entre “o que éramos” enquanto sociedade ou humanidade e “o que podemos vir a ser”. É um tempo em que somos convidados à mudança coletiva. No entanto e para além disso, como disse o Dr. Stein, autor de “Map of the Soul”, em um dos episódios do podcast ‘Speaking of Jung’, em tempos de limitação externa como o que estamos vivenciando, a jornada interna junto às suas incontáveis metamorfoses pode e deve vir sobre nós de forma muito mais intensa.
De qualquer maneira, uma das melhores partes disso é ter a plena certeza de que o BTS pode nos ajudar a sermos mais honestos e a navegarmos com um pouco mais de calma nesses períodos de transição. BTS pode segurar a nossa mão enquanto descobrimos o potencial dessas lacunas de mudança sem nos paralisarmos diante da nuvem do desconhecido. BTS pode nos mostrar que se sentir perdido, confuso ou sem rumo não são problemas sem resolução, mas sinais de um convite ao crescimento.
Assim, o que o BTS tem me ensinado em meio a esse turbilhão de processos de reinvenção pessoal é: vamos amar o que éramos ontem, desvendar e reformular o que somos hoje e vamos avançar com confiança e ousadia rumo ao futuro. E sabemos que, quando as transformações e transições forem muito difíceis de se abraçar, teremos vocês aqui. Obrigada, NamJoon, SeokJin, YoonGi, HoSeok, JiMin, TaeHyung e JungKook, por desvendarem conosco as pistas da vida e, juntos, estamos percebendo que elas estão dentro de nós.
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