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SUGA "Minstradamus", excêntrico e revigorante [VOGUE KOREA]

Writer: efeitobtsefeitobts

*Tradução livre a partir de texto original publicado em 21 de dezembro de 2021. Caso deseje visualizá-lo, acesse: https://www.vogue.co.kr/2021/12/21/%eb%af%bc%ec%8a%a4%ed%8a%b8%eb%9d%bc%eb%8b%a4%eb%ac%b4%ec%8a%a4-%ec%8a%88%ea%b0%80%ec%9d%98-%ed%99%94%eb%b2%95/





SUGA “Minstradamus”, excêntrico e revigorante


[VOGUE KOREA]




“Os Portland Trail Blazers*. Eu prefiro os azarões do que as grandes equipes”, disse SUGA quando questionado sobre os seus interesses atuais. Isso é “tão SUGA”. Durante a nossa vívida conversa, ele revela, pela primeira vez, tanto o seu time preferido como o seu jogador preferido - Damian Lillard*. “É a época da temporada da NBA. É para isso que vivo esses dias”, diz ele rindo. O rosto de SUGA nunca pareceu mais resplandecente. Ele parece relaxado e sereno, exalando uma sensação de calma confiança, o que substituiu uma nuvem escura de tensão. Sou lembrado(a) do sentimento predominante de resignação* e transcendência em D-2, uma mixtape que ele lançou em maio de 2020.


“Resignação”, ele ecoa. “Isso mesmo, eu sinto que abri mão, deixei tudo ir. A COVID-19 não é algo que posso mudar com força de vontade. Agora, eu tenho uma ideia melhor de quanta energia é necessária para ‘nadar contra a maré’. E em todo esse tempo, eu vivi a minha vida dando o meu máximo.” Eu não poderia ter dito melhor. SUGA parece relaxado e natural, não entediado. Eu pergunto a ele que pensamentos estão o ocupando atualmente. “Na verdade, eu não tenho pensamento algum nesses dias”, diz ele com uma risada. "É verdade. Eu estou muito ocupado e tento não pensar sobre identidade. Se você se torna obcecado com isso, você acaba se preocupando demais. Acho que é perfeitamente normal seguir o fluxo, em vez de constantemente lutar e se empenhar o tempo todo.”


Os últimos anos foram intensos para ele. “Não é que eu não dê o meu melhor ou que eu trabalhe menos. Acho que eu simplesmente aprendi a aceitar e lidar com isso mais do que quando eu era mais jovem”, ele reflete. De fato, ele nitidamente passou por uma mudança. O rapper Agust D, com seu pessimismo e melancolia altamente contagiosos, está longe de ser encontrado. “A minha primeira mixtape foi toda acerca da raiva, mas então tudo foi resolvido, não é?”, SUGA explica com uma risada. “Percebi que eu não sabia mais de quem ficar com raiva. Finalmente, eu fui capaz de olhar para mim mesmo. Eu estava fazendo da raiva e de um sentimento de inferioridade uma arma, mas, por volta de 2018, a minha raiva autodestrutiva começou lentamente a diminuir. Percebi que eu não podia mais canalizar a energia criativa apenas para esse tipo de emoção.”


Foi por volta de 2018 que a segunda mixtape de SUGA começou a tomar forma. Um álbum musicalmente maduro e bastante diferente da primeira mixtape. “A gravação foi feita em um cronograma apertado, em dois ou três meses em 2020, mas eu comecei a trabalhar nas batidas e nos aspectos básicos logo após o lançamento da primeira mixtape, ainda em 2016”, explica ele. “Depois de completar a faixa ‘People’ por volta de outubro de 2016, eu pensei ‘Oh! Eu cheguei a uma fase em que consigo escrever uma música como esta’.”


Quando SUGA menciona “People”, minha música favorita, solto um suspiro involuntário de alegria. “People” é uma obra-prima perspicaz que revela como Min Yoongi (nome de nascimento de SUGA) se desenvolveu como indivíduo. Ela reflete a versão mais madura de SUGA desde o seu debut com o BTS. "People" soa ainda mais comovente quando ele narra despreocupadamente em uma voz calma, dizendo "É assim que as pessoas são". “ ‘People’ é a minha música favorita também”, diz SUGA. “Porque é uma música que expressa quatro anos da minha vida. Eu coloco de lado a maioria das músicas depois de terminadas, mas eu me pego ouvindo 'People' novamente o tempo todo e experimento emoções diferentes a cada vez que a ouço. É uma música que eu ouço principalmente quando estou me sentindo sozinho e sentimental.”


Se o principal atrativo do BTS é a sinceridade crua, não há dúvida de que SUGA contribui com grande parte disso. É o destino do artista ter que usufruir da tristeza e da melancolia como grãos para a criatividade e isso nem sempre pode ser fácil, eu digo a ele. A resposta de SUGA é excêntrica e revigorante: "As pessoas parecem gostar da minha música." A confiança no seu pequeno sorriso e na sua franqueza, sem qualquer sinal de arrogância, é cativante. Eu pergunto se ele tem alguma rotina ou hábitos de composição. “Depende da música”, ele responde. “Algumas músicas fluem rapidamente e outras músicas são uma luta a ponto de eu querer jogar a toalha. ‘Over the Horizon’ é uma música que fluiu rapidamente. Terminei as partes do violão e dos instrumentos de cordas em 20 minutos. Quando recebo um pedido de uma nova música e eles especificam o tema e a mensagem, eu consigo desenhar rapidamente o esboço de uma música de três minutos. Eu consigo descobrir a essência daquilo em um curto espaço de tempo e construo a música a partir daí. Então, é como um rascunho. Eu geralmente termino os meus rascunhos de forma muito rápida.”


A palavra “gênio” vem à mente enquanto o ouço falando e certamente não sou a primeira pessoa a pensar isso. No entanto, não deve ser fácil para ele continuar encontrando inspiração musical enquanto é forçado a viver dentro dos limites colocados a ele como um ídolo, uma super estrela da música. “A inspiração surge em momentos aleatórios - mesmo em circunstâncias aparentemente absurdas”, diz ele. Um dos equívocos comuns a respeito dos artistas é que a sua inspiração vem de circunstâncias excepcionais ou especiais. “Há momentos em que estou apenas sentado em um estúdio e, de repente, eu sinto: ‘Eu posso fazer isso’.”, afirma SUGA. “Às vezes, consigo minha inspiração mesmo quando menos espero. Nunca é como se eu fosse usar conscientemente esta ou aquela emoção em um determinado momento.” Os olhos de SUGA brilham e sua voz fica mais animada enquanto ele continua: "Quando boas ideias vem a mim, eu sempre as anoto. Então, eu as reviso mais tarde e, ocasionalmente, encontro uma grande inspiração. Olhando as anotações escritas sabe-se lá quando e, às vezes, até me perguntando se foram escritas por mim, às vezes eu encontro algo que me faz pensar: ‘Ah? Isso poderia ser muito interessante'."


Para artistas, a inspiração frequentemente vem a partir de interação. Veja, por exemplo, a colaboração com o Coldplay, que foi certamente a experiência mais importante do BTS nos últimos tempos. A colaboração acabou sendo muito mais orgânica e característica do que a maioria das pessoas esperava. “Eu fiquei surpreso quando eles se ofereceram para vir para a Coreia”, relata SUGA. “Eles disseram que, quando o Coldplay faz uma colaboração, Chris Martin sempre vem pessoalmente para gravar. Fiquei surpreso que ele estivesse tão interessado.”


Tudo isso foi revelado em um documentário de bastidores. Apesar de ser um encontro de dois grupos lendários, o exagero era mínimo e a paixão pura pela música era evidente. “Todos eles foram humildes, de bom coração, amorosos e muito gentis conosco”, diz SUGA. “Percebi que a nossa experiência e o que o Coldplay tem passado por quase 25 anos não são tão diferentes. A conversa entre ambos lados decolou a medida em que comparávamos as dificuldades que enfrentamos”. Um lampejo de emoção cruza o rosto de SUGA enquanto ele descreve o momento em que percebeu que as lutas de uma banda de rock e de uma boy band são as mesmas.


“Quando eu conheço uma celebridade, consigo dizer se eles estão sendo sinceros ou não, e o Coldplay foi tão sincero que ficamos profundamente comovidos por eles”, diz SUGA. No mundo de empreendedores de alto nível, a aprendizagem geralmente ocorre por meio da interação com outras pessoas, observando suas personalidades ou atitudes, em vez de aprender, na prática, novas habilidades técnicas. Eu pergunto a SUGA se ele recebeu alguma introspecção ou dica dos veteranos. Com uma risada, ele diz: “Fizemos várias dublagens de melodias enquanto gravávamos as seções de rap e as reações deles foram fantásticas. Era algo que você podia sentir na cabine de gravação. Quando tenho uma sessão de direcionamento vocal, eu tendo a ser bastante sério, sem mostrar as minhas reações. Mas isso me fez pensar que seguir a abordagem do Coldplay pode ser a melhor maneira de trazer à tona o potencial de um artista.”


O que o SUGA, que parece ter feito tudo, ganhou e perdeu nos últimos oito anos? “Acho que sou mais feliz agora”, ele confessa. “Eu percebi que a felicidade não exige muito e que ela pode ser bastante simples. Eu costumava pensar que coisas materiais me dariam felicidade e trabalhei muito para conquistá-las. Mas, quando consegui, eu não tinha mais tanta certeza. Eu não tenho muitos desejos mundanos, de qualquer maneira”, diz ele com uma risada. “Talvez seja porque agora eu sei que as coisas materiais não me dão mais grande satisfação. Por isso, agora eu procuro encontrar a felicidade nas coisas simples, como acordar cedo de manhã e tomar um café descafeinado. Estou feliz por finalmente poder vivenciar esse tipo de alegria. Por outro lado, o que eu perdi seria o ‘ser comum, normal’. O seu comum é o meu extraordinário, não é? Mas acho que o tempo resolverá esse problema.” Não sei exatamente por que, mas fico feliz em ouvir isso.


Pergunto qual será o seu próximo passo, agora que ele aprendeu o valor de ser comum. Eu estava esperando que ele dissesse que seguirá trabalhando para se tornar um produtor completamente estabelecido, mas ele dá uma resposta que é inesperada, mas também óbvia: “Eu sempre serei um membro do BTS. Algumas pessoas sugeriram que eu deveria me tornar um produtor em tempo integral, mas eu não acho que vou fazer isso. Não sou responsável o suficiente para assumir a responsabilidade por ninguém. E eu gosto de ser parte do BTS.”


SUGA acrescenta que este é o maior período de tempo em que ele esteve na Coreia desde o seu debut e que ele está aproveitando as vantagens de uma rotina diária, em vez da emoção de andar pelo mundo. Quando chega a hora de me despedir de Min Yoongi, pergunto uma coisa que eu estava segurando. "Um Grammy?" e ele responde “Eu tenho uma resposta humilde e também uma confiante. Qual você gostaria? Sinceramente, eu não espero vencer, mas acho que nós vamos!” Sim, “Minstradamus”* jamais esteve errado.



 


*Observações das tradutoras:


1) Portland Trail Blazers é um time de basquete da National Basketball Association localizado na cidade de Portland, Oregon, nos Estados Unidos.


2) Damian Lamonte Ollie Lillard é um jogador de basquete norte-americano e, surpreendentemente, também rapper que atua como armador no time do Portland Trail Blazers.


3) "Resignação" se refere a um sentimento de aceitação; conscientização; conformação a uma determinada realidade ou destino.


4) ”Minstradamus” é um apelido dado ao SUGA pela união do seu sobrenome Min e do nome de Nostradamus, famoso astrólogo francês. O apelido surgiu como brincadeira pelas previsões do rapper do BTS, uma vez que diversas coisas ditas por ele, de fato, se tornaram realidade para o grupo e para o ARMY. Assim, “Minstradamus” geralmente aparece acompanhado pela fatídica frase “What Yoongi wants, Yoongi gets”, ou seja, “O que Yoongi quer, Yoongi consegue”.


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