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Entrevista de comeback: j-hope [Weverse Magazine - 24/11/2020]

Updated: Dec 26, 2020

Tradução livre a partir da publicação original de 24/11/2020, disponível em: https://magazine.weverse.io/article/view?colca=1&num=57&lang=en




j-hope: “Mesmo um único amor é lindo,

mas nós estamos recebendo amor de todo o mundo”


Entrevista do comeback de 'BE'


Em 28 de abril, j-hope transmitiu um Log (ON) do seu aquecimento de dança no canal do BTS no YouTube, BANGTANTV. Ao longo de uma hora e quatro minutos, ele alonga todo o corpo, gradualmente avança de pequenos movimentos para grandes movimentos e demonstra mais de suas outras técnicas. E ele não deixou de lado seu exercício de relaxamento também. Esta tem sido a vida de j-hope como membro do BTS nos últimos sete anos.


Muita coisa aconteceu este ano.


j-hope: Como eu disse em outra entrevista, esse ano tem sido uma montanha-russa. Tudo começou com a nossa apresentação no Grammy, o que foi ótimo, e então Map of the Soul: 7 foi lançado, o que foi ótimo também, e depois tudo despencou. Com a COVID-19, eu pensei muito, estudei um pouco, aí todo mundo conheceu o “Dynamite” e nós tivemos ótimos resultados. E esse "passeio" se repetiu. As montanhas-russas são assustadoras, mas você continua pensando nelas mesmo depois de descer. É assim que me sinto sobre este ano: foi assustador, mas memorável.


Uma dessas coisas memoráveis ​​deve ser como "Dynamite" liderou o Billboard Hot 100, mas vocês nunca tiveram a chance de realmente ir para os EUA.


j-hope: Então, quando chegamos ao primeiro lugar, não podíamos nem verificar os charts. Nós estávamos dormindo. Nós olhamos quando acordamos e lá estávamos nós, no topo. Mas então fomos direto ao trabalho. (risos) Tínhamos que filmar algo aqui na Coreia. Foi difícil para nós conseguirmos aproveitar com toda a situação sendo o que era, mas estava tudo bem porque ainda podíamos desfrutar desse momento juntos.


Você deve ter pensado em muitas coisas ao fazer BE durante esse tipo de ano.


j-hope: Eu tendo a pensar nos álbuns do BTS como sendo um reflexo de toda a equipe, mas desta vez pensei nisso como incluir as histórias que eu queria contar, fazer minha música e me misturar ao novo álbum, sendo esse ainda um álbum do BTS. Ele acabou ficando com a cara do BTS e toda a energia da equipe levou a uma sinergia ainda maior.


O que te fez pensar em seguir nessa direção?


j-hope: Começamos este álbum nos reunindo e perguntando que tipo de história queríamos contar. O resultado final dessa conversa foi: “Bom, ainda temos que viver com esta situação, não podemos desistir.” E a partir daí nasceu “Life Goes On”. Então, começamos a trabalhar nas histórias que cada um de nós queria contar. Acho que soa mais cru, já que tentamos capturar as emoções que sentimos durante a pandemia.



Imagino que cada um de vocês tenha tido várias músicas que gostaria de incluir e que suas opiniões provavelmente eram um pouco diferentes. Como vocês chegaram ao produto final?


j-hope: Nenhum de nós fez qualquer tipo de plano. Ouvíamos uma faixa e alguém perguntava "Ei, alguém quer tentar?" e outra pessoa diria “Eu! Eu vou fazer essa." Nós apenas fizemos assim. Também houve confrontos. Quando cada pessoa começa a falar mais alto, é difícil encontrar um terreno comum. Mas sempre fomos bons em nos comunicarmos uns com os outros e sabemos quando recuar ou ser corteses, então tudo correu bem, incluindo o planejamento das músicas das units.


Como cada um de vocês escolheu suas músicas? Você colocou “Dis-ease” no álbum.


j-hope: Havia uma música em que estávamos trabalhando no estúdio, mas alguém disse “Essa faixa não era muito boa, era? A do Jung Kook era melhor” e já trocávamos na hora. A gravação da música terminava, nós conversávamos com a gravadora e íamos trocando. Ouvimos todas as músicas juntos e dissemos: "E quanto a essa?". E foi assim que decidimos. Então, “Life Goes On” estava pronta, mas eu não tinha certeza se “Dis-ease” estaria no álbum. Demos as sete músicas de cada membro a Jimin, que era o gerente do projeto, e ele sugeriu que nós as escutássemos primeiro para que depois buscássemos um feedback das pessoas de dentro da empresa. Acho que foi uma das histórias que cada membro poderia sentir como sua.


De onde você tirou a ideia do tema para “Dis-ease”?


j-hope: Primeiro, eu queria entrar na mentalidade de que essa música é uma doença. Quando eu faço uma música, trabalho primeiro no refrão e depois passo para o primeiro verso. Quando eu tinha acabado de terminar o refrão, a música parecia animada, mas achei que o tema geral não deveria ser muito divertido. Isso não refletiria como eu me sentia. Mas, embora o tema de "Dis-ease" em si não seja muito leve, quando se funde com a batida, parece que a música está tentando se superar e se manter positiva. Então eu coloquei alguns arranhões no refrão e coloquei um pouco de “bbyap bbyap bbayp” e comecei a pensar: “Aha! Eu devo chamar essa música de 'Dis-ease'.”


Eu não esperava que você escrevesse uma música retratando a sua relação de amor e ódio com seu trabalho como uma doença. Muitas pessoas esperam que você tenha uma atitude positiva e esperançosa, dado seu nome.


j-hope: Eu estava sempre muito ocupado para pensar sobre o trabalho em si. Mas, como você sabe, isso mudou de repente e havia muito que não podíamos mais fazer. Quando eu estava trabalhando, eu dizia: “Ugh, preciso de uma pausa”, mas então tiramos uma folga e as palavras “Ugh, quero trabalhar” saltavam da minha boca! Foi isso que me fez pensar mais de perto: “Por que isso está me incomodando? Eu tenho uma chance de descansar - apenas aproveite. Por que eu sinto que preciso trabalhar nessas circunstâncias? Isso é uma doença profissional?”. Eu senti que essa era uma parte de mim que eu poderia expressar neste momento.



Esta é a primeira vez nas suas letras que eu ouço você falar sobre como você se esforça para ter sucesso. Isso me fez pensar sobre o peso que você sentiu em relação ao trabalho nos últimos sete anos.


j-hope: Por hábito, eu diria “Estou bem, eu tenho esperança ” e continuaria trabalhando, mas acho que eu estava apenas evitando os meus problemas relacionados ao trabalho em vez de enfrentá-los de frente. O bom da música é que eu posso dizer o que estou pensando, até mesmo me sentindo triste ou deprimido, de maneiras bonitas. Eu geralmente não expresso esses sentimentos, mas desta vez eu queria tentar.


Parece que você tem muitos pensamentos diferentes sobre o trabalho.


j-hope: Sobre o meu trabalho? Bem, na verdade, não tenho certeza. O trabalho é como um patinho feio. O trabalho me dá uma boa energia, mas há energia que você obtém do descanso. Mas alguém como eu se sente vivo quando está trabalhando, então preciso continuar me movendo e trabalhando. Fico ansioso quando paro e contente quando volto. De vez em quando eu não quero trabalhar, mas eu não posso não trabalhar.


Você está dizendo que você e o trabalho vão bem juntos?


j-hope: Exatamente. É mais fácil pensar de forma simples. Se você pensar muito, é quando as coisas ficam difíceis. Porque eu sou eu, não posso simplesmente manter as coisas simples o tempo todo, mas estou dando tudo de mim para fazer o meu melhor.


Pensar simples nem sempre é tão simples.


j-hope: Sim... Talvez seja porque eu não tenho muitos problemas para lidar. Eu sinto incerteza por causa disso. Não tenho certeza de como a minha identidade será afetada se eu passar por grandes dificuldades.



Mas o BTS enfrentou muitas dificuldades, certo?


j-hope: Isso também é verdade. (risos) Mas a equipe não teria continuado se fosse apenas eu animando a nós mesmos. Ainda é possível ainda estarmos aqui porque todos nós pensamos da mesma maneira. Eu me pergunto se teríamos sido capazes de chegar tão longe se fosse apenas eu dizendo: "Vamos lá, pessoal!"... É por isso que estou ainda mais grato aos outros membros.


Como essas mudanças emocionais afetam sua música?


j-hope: Eu não queria fazer uma música excessivamente alegre dessa vez. Achei que seria melhor fazer algumas músicas mais suaves sobre como eu estava me sentindo esse tempo todo, então escolhi "Dis-ease" e "Fly to My Room". Os outros membros também pensaram: “Sim, nós fizemos muitas músicas animadas, então não haverá problema se tentarmos dessa forma também”. “Blue & Gray” é assim também. Eu amo essa música.


Você tem uma voz completamente diferente quando faz o rap em “Blue & Grey”. Seu estilo de rap também mudou, junto com as suas emoções?


j-hope: Eu queria que “Blue & Grey” soasse como se eu estivesse falando, na verdade. O tom e a sensação da minha voz mudam muito dependendo de como eu vocalizo o meu rap. Percebi muito isso dessa vez. Namjoon realmente me ajudou muito. A parte dele era depois da minha, então me virei para ele e disse “Talvez soasse melhor se eu fizesse assim” e experimentei. Então, eu usei o seu conselho e encontrei o som certo.


Como é se afastar do seu estilo normal?


j-hope: É realmente refrescante. Achei que não ia funcionar, mas eu acho que funcionou, no final. E eu sempre pensei que era um sentimento que eu tinha vontade de experimentar. Para mim, 'BE' é como o primeiro passo em um caminho desconhecido, então houve partes que foram desafiadoras e também partes que foram uma mudança bem-vinda.



Acho que o seu rap em “Dis-ease” demonstra bem essa mudança. Em vez de tentar manter o tempo na introdução, o seu fluxo apenas segue a história.


j-hope: Eu fiz questão de não pensar demais em nada dessa vez. Acabou soando natural porque eu apenas acompanhei o ritmo das palavras quando elas saíram da minha boca. E foi revigorante porque eu não escrevia um verso longo como em "Dis-ease" há muito tempo. Quando fazemos rap, a tendência é de quatro ou oito versos. Pensei em tentar um verso com dezesseis. Também ajudou porque a letra saiu antes de muitas das outras coisas dessa música.


A música em si faz “Dis-ease” soar otimista, mas depois há uma mensagem surpreendente: “Para ser honesto, estou com esse problema”. É como se você estivesse se segurando para não cruzar essa linha.


j-hope: Foi algo assim. Não deveríamos permanecer nessa linha? Talvez isso também seja uma doença (risos). Eu pensei que se o j-hope se inclinasse muito para um lado, as pessoas poderiam achar isso estranho também. É por isso que eu tentei seguir os meus padrões, mas como também sou humano, também expressei na música emoções que eu não conseguia articular.


Você não quer tentar cruzar essa linha?


j-hope: Eu pensei sobre isso, obviamente. Eu quero, mas na minha própria vida e na minha mente, eu sempre acho que se há uma linha, ela não deveria ser cruzada. Mas estou me tornando mais generoso comigo mesmo ao cruzar os limites quando se trata de música.


Então você ainda não cruzou, mas agora você quer dizer "Eu tenho uma outra coisa" e ir mais longe.


j-hope: Sim. Esse é talvez um momento que eu realmente precise. Eu tive sorte porque conheci ótimas pessoas, tive sucesso e cheguei onde estou agora. Agora que estou aqui, sempre quero experimentar coisas novas e continuar crescendo. É por isso que estou trabalhando muito e pensando sobre que tipo de música devo fazer.



Há uma parte em "Fly to My Room" em que você canta: "Você pode mudar a maneira como você pensa." É como se você estivesse explicando os últimos sete anos da sua vida.


j-hope: Tudo depende de como você olha para aquilo. Digamos que haja um tipo de comida. Você pode se sentir solitário enquanto come sozinho, mas se você esquecer sua solidão por um minuto e pensar "Não há diferença na comida que eu comeria fora (com outras pessoas) de qualquer maneira", então é como comer fora. Então, embora eu estivesse preso e me sentindo sozinho em casa, comecei a pensar nisso como uma outra viagem. Pensei no meu quarto como o meu mundo e pensei na entrega de comida como uma refeição de hotel três estrelas. Como você pode ver pelo título, eu trabalhei naquela música pensando em como aguentei esse ano até agora.


E por que você decidiu "mudar a maneira como você pensa?"


j-hope: Porque eu recebo muito amor. Porque estou nesta posição e neste lugar, há coisas com as quais eu tenho que lidar, e eu devo fazer e pensar coisas que eu sou capaz de suportar. Pensei muito nisso e aceitei. Então, pensei no que poderia fazer durante esses tempos difíceis e como eu poderia ajudar meus amigos, a minha equipe. Acho que ainda estou passando por esse processo também, então tudo é um "ndo" (*se referindo a verbos no gerúndio, indicando algo que ainda está acontecendo), porque eu posso precisar saber o que fazer mais tarde sobre o que eu posso fazer, mesmo que eu ainda não saiba bem.


Que efeito há em você estar cercado por tanto amor?


j-hope: É incrível ser amado por uma única pessoa. Mesmo um único amor é lindo, mas nós estamos recebendo amor de todo o mundo. E eu sei que isso não é algo para se ter como garantido. Eu sou tão incrivelmente grato que às vezes me sinto oprimido só de pensar 'Uau, como posso retribuir tanto amor?". Eu quero expressar isso de qualquer maneira possível, a cada momento que puder, porque estou muito honrado por ser tão amado que eu nem consigo colocar em palavras.


Há pouco tempo, em entrevista à Rolling Stone India, você disse que, quando era jovem, você comparava o próprio debut ao sucesso. O que sucesso significa para você hoje, agora que você obteve sucesso após sucesso?


j-hope: Sucesso... É uma ideia simples, mas pode pesar sobre você. Em todos os aspectos da vida, eu acho que sucesso significa estar satisfeito com o que você é capaz de fazer. Quando você perde a fé no seu trabalho e ele começa a se tornar uma tarefa árdua, é quando começa a ficar deprimente.


Inevitavelmente, há momentos em que você não consegue aproveitar.


j-hope: É só, você sabe, é muito simples. Se você não pode fazer algo agora, você sempre pode fazer isso mais tarde. Faça isso e você conseguirá relaxar a sua mente. E eu acho que esse é o segredo para viver uma vida longa e feliz. Tudo o que você não pode fazer aos 20 anos, você pode simplesmente fazer aos 40. Claro, haverá coisas que você deve fazer agora, enquanto ainda está (risos) enérgico. Mas se essa é a posição em que você está agora, você apenas tem que aguentar. Tente novamente mais tarde se não conseguir aproveitar agora. Você provavelmente se sentirá diferente no futuro de qualquer maneira. Sim, essa foi praticamente a chave para a minha autopreservação.



Onde você encontra força para se manter firme assim?


j-hope: Para o grupo, está muito claro o que é. São os nossos fãs. O ARMY. Tínhamos que sobreviver e nos sair bem pelos nossos fãs. A qualquer hora do dia, os fãs vêm em primeiro lugar. Eu fico pensando sobre como seria doloroso para os fãs se apenas encobríssemos algo ou sentíssemos vontade de desistir só porque estamos passando por um momento difícil. Eu tinha 20 anos quando nós debutamos. Eu não sabia muito sobre o que é ter uma vida social, mas as mensagens que os nossos fãs enviavam foram um grande conforto e nos deram esperança. Eu aprendi muito apenas lendo cartas de fãs e entendendo o tipo de pensamentos que eles tinham. Fãs e artistas realmente são o mesmo.


Isso me faz pensar em uma frase de “Life Goes On”: “As pessoas dizem que o mundo mudou, mas felizmente entre você e eu, nada mudou.”


j-hope: Sim, certo. Eu achei que aquela frase expressava o sentimento muito bem assim que a ouvi pela primeira vez. Foi o Yoongi que escreveu isso. Ele é muito bom (risos). Acho que isso descreve o nosso relacionamento com os nossos fãs.


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