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Entrevista de comeback: RM [Weverse Magazine - 28/11/2020]

Updated: Dec 26, 2020

Tradução livre a partir da publicação original de 28/11/2020, disponível em: https://magazine.weverse.io/article/view?num=62&lang=en




RM: “Eu passo muito tempo pensando onde estou agora”


Entrevista do comeback de 'BE'



A história do novo álbum do BTS, 'BE', começou em 17 de abril de 2020, quando RM anunciou a sua produção no canal BANGTANTV no YouTube. Nos sete meses que se seguiram até o lançamento do álbum, a mente de RM estava cheia, seus pensamentos fluindo para dentro e para fora de sua cabeça.



Como você se sente sobre a abordagem única que vocês adotaram para fazer esse novo álbum, 'BE'?


RM: Os outros membros foram de grande ajuda para mim. As minhas letras entraram no álbum, mas a música que eu compus não, então eu sou muito grato ao grupo pela música. Como eu devo dizer isso? Eu sinto que todos estão fazendo um ótimo trabalho. Há tantas partes nessas músicas pelas quais estou em dívida com eles. “Stay” seria originalmente a faixa-título da mixtape do Jung Kook, mas todos gostaram muito dela e concordaram em colocá-la em nosso álbum. Isso é quanta influência eles tiveram. Estou muito feliz que a minha ideia do quarto foi escolhida para ser a das fotos do álbum. Como estamos passando muito tempo em nossos quartos por causa da COVID-19, apresentamos a ideia de cada um de nós decorar um quarto em seu próprio estilo. Não me lembro com certeza (risos), mas acho que fui eu quem surgiu com isso. Fiz um quarto confortável, moderno e aconchegante, porque é disso que eu gosto.


Há uma pintura no meio e estatuetas dispostas simetricamente.


RM: As estatuetas são da minha própria coleção. Eu queria mostrar uma das minhas pinturas, mas não deu certo. Mas, ainda assim, essas são as coisas que considero mais preciosas para mim agora, então eu deixo a sala incorporar as coisas que eu gostaria de ter também.



É de conhecimento geral que você gosta de arte e que frequenta exposições, mas como você se sente quando olha para a arte em sua casa ou em outro espaço onde não há pessoas, como na arte do álbum?


RM: Alguém, certa vez, disse: “Você não precisa comprar esta pintura; ela é sua, desde que você esteja olhando para ela." Essa é a minha frase de efeito favorita atualmente. O que eu mais invejava nos pintores era que, mesmo depois de mortos, seus trabalhos ficariam pendurados em algum lugar, talvez até em outro país, ainda definindo aquele espaço. Os músicos também deixam para trás suas músicas e vídeos, mas é apenas por meio das belas-artes que os espectadores do futuro poderão conhecer completamente os artistas do passado. Tenho inveja que isso só seja possível para os pintores. Atualmente, eu estou tentando encontrar espaços onde eu possa ter experiências de visualização mais relaxantes.


Há uma experiência completa envolvida, desde o momento em que você se prepara para sair de casa até o momento em que está realmente olhando para uma obra de arte na galeria.


RM: Isso é perfeito para mim. Há arte que você pode manter em casa e há arte que sempre deve ser vista em museus.


Que efeito você acha que esse tipo de experiência tem na sua música? Você não compôs nenhuma das músicas, mas em vez disso participou da escrita das letras de todas as faixas. Essa experiência afetou a sua escrita lírica de alguma forma?


RM: Acho que me ajudou a desenvolver uma maneira de pensar usando todos os sentidos. Eu costumava estar sintonizado com a fala e focado na linguagem e nas texturas auditivas, mas agora eu posso olhar para os meus pensamentos de muitos ângulos diferentes. É por isso que eu passo mais tempo estudando arte agora. Estou esperando o dia em que tudo virá à tona, como quando você pinta a base em uma tela repetidamente para que as cores saltem. É difícil responder em uma palavra se isso tem uma influência direta no meu trabalho, mas acho que as pessoas que criam música desenvolvem uma forma de ver o mundo por meio da sua experiência pessoal e do seu processo criativo. Os pintores exibem naturalmente a sua arte por um longo período de tempo. Acho que me deu uma percepção de olhar para o mundo em um curso longo e contínuo. Então agora se tornou um pouco desafiador para mim escrever letras hoje em dia. Eu me tornei mais cauteloso.



Por que é tão desafiador?


RM: Eu costumava ter tantas ideias surgindo que era difícil selecionar uma delas. Então, eu empilhava essas ideas como uma torre de Jenga e ponderava sobre qual delas eu devia remover. Mas agora é difícil até mesmo adicionar um bloco à pilha. Eu não tenho certeza do motivo, mas, quando olho para esses artistas cujas obras abrangem as suas vidas inteiras, eu sinto que o ritmo da minha criatividade está diminuindo cada vez mais. Essa é a fonte do meu dilema. Eu tenho apenas 27 anos. Eu ainda preciso vagar por aí e me atrapalhar um pouco. Mas estou apenas tentando imitar o que os grandes artistas estão fazendo? Ou talvez o BTS tenha experimentado tanto nos últimos sete anos que agora é hora de respirarmos? Eu tenho tantas perguntas que sinto que o meu cabelo está ficando branco. É por isso que nenhuma das minhas músicas está no álbum. Eu escrevi algumas, mas eram muito pessoais para usar lá. Não gosto de mim mesmo assim, mas tenho que olhar até o fim nessa direção e encontrar a resposta.


Talvez por esse motivo, o seu rap mudou o foco mais para as letras do que para tendências ou musicalidade. Ele enfatiza o sentimento das palavras acima de um formato ou uma batida particular.


RM: Exatamente. Em — era 2017? Pdogg estava conversando com Yoongi, Hobi e eu sobre o nosso estilo e disse: “Namjoon, parece que você está se tornando um letrista” e isso realmente permaneceu comigo. Eu tenho muitos pensamentos ultimamente quando assisto "Show Me the Money" ou ouço canções de hip hop da parada da Billboard. A minha música começou toda sobre a minha vida como rapper, então eu passo muito tempo pensando sobre onde estou agora.


Então você começou a se perguntar quem é você como músico?


RM: Eu ouvi o sétimo álbum da Lee So-ra novamente hoje. Eu continuo mudando de ideia, mas, se eu tivesse que escolher entre o seu sexto e sétimo álbum, eu gosto do sétimo um pouco mais. E então eu escuto as músicas mais populares da Billboard e eu me sinto meio confuso. Hum... Há algo que Whanki Kim disse que está passando pela minha cabeça ultimamente: depois de se mudar para Nova York, ele abraçou o estilo de artistas como Mark Rothko e Adolf Gottlieb, mas então ele disse: "Eu sou coreano e eu não posso fazer nada que não seja coreano. Não posso fazer nada além disso porque sou um forasteiro.” E eu continuo pensando dessa forma também. Essa é minha principal preocupação ultimamente.



Isso pode ser sentido em 'BE'. Conforme os membros assumem papéis mais proeminentes como compositores e produtores, algumas características da velha música coreana - o tipo de música que você provavelmente ouvia no ensino fundamental e médio - gradualmente entraram no seu som. Mas a sua música não é daquela época e soa como pop, mas não exatamente.


RM: O som tem que se encaixar no álbum por completo, então eu não poderia incorporar essa sensação nas músicas do BTS, mas as músicas que eu mais tenho ouvido recentemente são coreanas. Músicas como "Don Quixote" de P-Type, "Spread My Wings" de Dead’P, o álbum "The Bangerz" de Soul Company. As impressões que as músicas daquela época deixaram em mim, as letras de lá e as letras de agora, são diferentes. Portanto, 'BE' é coreano e pop; é bastante único, na minha opinião.


Acho que isso é especialmente verdadeiro para "Life Goes On". Tem uma melodia pop, mas em comparação com "Dynamite", tem uma sensação muito diferente. Não cai profundamente no sentimental, em vez disso, permite que a melodia flua naturalmente.


RM: Exatamente. O refrão é totalmente pop e um dos escritores também era americano. Mas a música não segue realmente as tendências da música americana, estranhamente. Então, eu não sei como “Life Goes On” será recebida. É muito calma, quase contemplativa. Então, há letras como "Como um eco na floresta" e "Como uma flecha no céu azul." A música traz essa sensação: poderia simplesmente flutuar e desaparecer. Pode até parecer insípida ao lado de "Dynamite".


No mínimo, parece que essa música vai durar muito tempo. Talvez as crianças agora vão ouvi-la mais tarde no futuro.


RM: Eu espero que sim. Essa é a única coisa que eu realmente espero, as pessoas no futuro, pensando e dizendo: “Ah, certo! Lembra daquela música?”. Isso é o que os meus artistas favoritos e outras pessoas que deixaram uma impressão duradoura em mim têm em comum. Uma coisa comum entre as músicas que me afetaram muito, como o sétimo álbum da Lee So-ra, é que as letras que eles pronunciam em sua voz junto com o som geral ficam comigo. Espero que quando as pessoas olharem para trás, as minhas palavras proferidas com o som da minha voz ecoem por muito tempo de forma auditiva ou visual, ou até mesmo por toda a vida delas. Mas esse é o dilema: temos todos esses símbolos brilhantes do nosso sucesso, mas não somos esse tipo de equipe.


No entanto, a carreira do BTS está mais brilhante do que nunca. “Dynamite” se tornou a canção mais popular do Billboard Hot 100.


RM: Eu fui o primeiro a verificar a nossa posição (risos), mas eu não queria ficar muito animado com isso. Eu estava com medo de enfrentar a decepção, então pisei no freio por hábito e me contive. Mas, por outro lado, eu sinto que deveria saborear esse momento. Isso é uma coisa única na vida, eu não deveria me divertir um pouco? Mas eu não gostei daquela sensação de apenas me sentir exultante, então tentei ser o mais objetivo possível. Eu era apenas uma pequena parte de tudo que fez isso acontecer.


Isso me lembra daquela parte, "Correndo mais rápido do que aquela nuvem de chuva / Pensei que seria o suficiente / Acho que sou apenas humano, afinal", de "Life Goes On".


RM: “Apenas humano” soa tão apropriado para mim agora. Certa vez, eu vi uma nuvem escura sobre a Torre N de Seul enquanto caminhava ao longo do rio Han. Eu estava com um amigo e conversamos sobre onde poderia ser a fronteira entre onde estava chovendo e onde não estava. De repente, tivemos a ideia de correr e tentar encontrar esse local. Mas depois de correr por 10 minutos, a nuvem estava ainda mais longe do que antes. Naquele momento, as peças do quebra-cabeça se encaixaram no lugar. Você acha que pode ir mais rápido do que aquela nuvem escura? Não. Foi o que eu percebi naquele momento. E eu gosto do que Whanki Kim disse, que talvez eu não possa fazer nada que não seja coreano, porque é isso que eu sou. Eu costumava trabalhar até tarde e ficava acordado a noite toda quando as coisas não davam certo, às vezes andando de Samseong até a estação Sinsa, pensando em tudo. Mas agora, como diz o ditado, percebo que talvez eu não possa fazer mais do que eu sou.


No Weverse, você disse que ganhou alguns músculos com exercícios. A mudança em seu corpo pode melhorar sua criatividade a longo prazo?


RM: Eu comecei a pensar que era melhor mudar um pouco, física ou mentalmente. Estou falando sobre ser estável. Eu costumava me bombardear com desafios e preocupações e simplesmente superava eles, mas agora acho que é hora de encontrar aquela coisa resoluta e me fixar nela. A melhor escolha foi malhar e acho que está mudando muito o meu comportamento. Espero que, se eu continuar malhando por um ou dois anos, eu me torne uma pessoa diferente.



A música é o seu trabalho, mas também é a sua vida. Como você expressou em “Dis-ease”, como você diria que se sente em relação ao seu trabalho?


RM: Este é o meu trabalho e a minha vocação, e eu sinto um grande senso de responsabilidade. Acho que tenho sorte e estou feliz por poder me preocupar apenas com o meu processo criativo. E me sinto muito responsável com aquelas pessoas que confiam em mim, então eu procuro não cruzar os limites, me julgo com honestidade e tento sempre ser profissional. Essas são as responsabilidades que vem com o trabalho - as coisas que tenho que fazer e as promessas que não vou trair. Mas se eu vou fazer isso, eu vou ser feliz enquanto faço isso. Isso nem sempre será possível, mas geralmente é assim que eu me sinto.


Bem, então, como você se sente em relação ao BTS nesse momento?


RM: O BTS é... Bem, é realmente difícil dizer. (risos) Quando o BTS começou, eu pensava “Eu sei tudo o que há para saber sobre o BTS”, mas agora é “Eu não sei nada sobre o BTS”. No passado, eu sentia que sabia de tudo e que tudo era possível. Chame isso de infantil ou ambicioso. Mas se eu me perguntasse "O que é o BTS para mim?", eu diria que somos apenas pessoas que se conheceram porque fomos destinados a isso. Mas parece que as estrelas se alinharam e uma empresa iniciante se tornou um unicórnio, com um timing perfeito e muitas pessoas inteligentes. Olhando para trás, havia muitas ironias e contradições nessa indústria. Eu pensei que tinha as descoberto uma por uma e que finalmente tinha entendido tudo. Mas agora eu sinto que não sei de nada. Enfim, para resumir: os meus jovens e imprudentes vinte anos. Os eventos da década dos meus vinte anos. Havia muitas contradições, pessoas, fama e conflitos, todos entrelaçados, mas foi a minha escolha e eu tirei muito disso, então a década dos meus vinte anos foi intensa, mas também feliz.



E em relação a você, como indivíduo?


RM: Eu sou uma pessoa verdadeiramente coreana. (risos) Uma pessoa que quer fazer algo na Coreia. Acho que a geração do milênio está entrando na sociedade presa entre as gerações analógica e digital e o que eu escolhi foi o BTS. Então, eu tento me integrar à nossa geração, tento entender o que pessoas como eu estão pensando e tento trabalhar duro para capturar esse sentimento sem ser um fardo para elas. Isso pode ser outro tipo de ironia em si, mas isso é quem eu sou. Eu sou um coreano de 27 anos. Isso é o que eu penso.

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