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BTS & MAP OF THE SOUL: POR QUE PAROU E PARA ONDE ESTAMOS CAMINHANDO?

Updated: Feb 10, 2022

Sabemos bem que, desde o início de 2019, o BTS tem ido a fundo na era MAP OF THE SOUL, tendo como base o livro “Jung - O Mapa da Alma”, do Dr. Murray Stein.



Caso você esteja começando a conhecer o BTS agora ou caso você esteja começando a entender essa era mais a fundo agora, é normal que você se sinta um pouco perdido… Mas não se preocupe porque nós estamos aqui para te ajudar! Se esse for o seu caso, nós recomendamos que você explore, primeiramente, o que já tivemos nos álbuns anteriores, sendo eles:


⚫️ “MAP OF THE SOUL: PERSONA” (2019) - Acesse nossa análise aqui

⚫️ “MAP OF THE SOUL: 7” (2020) - Acesse nossa análise aqui

⚫️ “MAP OF THE SOUL: 7 ~ THE JOURNEY ~” (2020) - Acesse nossa análise aqui



Agora sim, depois disso, precisamos ir ao que importa. Ultimamente, muitos de nós temos nos perguntado: Teria a era Map of the Soul já terminado devido às atuais circunstâncias? Ou seria ‘BE’ parte dessa era? Honestamente, não acreditamos que seja nem uma coisa, nem outra. Por isso, reunimos algumas ideias que nos indicam o que, talvez, ainda podemos esperar da era Map of the Soul. Preparado? Vamos lá!


Bom, começaremos por ‘BE’. O título do álbum não traz o termo MAP OF THE SOUL. As promoções que vimos não se aproximam da era MOTS. Nem mesmo a Deluxe Edition do álbum inclui as notas HYYH - como vemos em todos os outros últimos álbuns lançados pelo grupo. Sendo assim, podemos nos perguntar: Onde é que ‘BE’ se encaixa? Qual é o seu papel na história do BTS?


A verdade é que não, não há formas de conectarmos ‘BE’ diretamente à era Map of the Soul. ‘BE’ não compõe essa série. Porém, ainda há muito a ser explorado dentro dessa jornada e não acreditamos que o BTS deixaria essas lacunas abertas.


Por outro lado, precisamos dizer e reconhecer: O mundo tem vivido dias de caos. Não importa se você está no Brasil, na Coreia, nos EUA ou em Paris. As nossas vidas viraram de ponta-cabeça e isso também se aplica ao BTS. Como dissemos anteriormente em um texto publicado, estamos vivendo um tempo propenso à mudança, que nos convida urgentemente às nossas jornadas internas e a nos conhecermos mais. Porém e para além disso, temos vivido dias pesados, desanimadores, angustiantes e de incertezas - em diversos sentidos. Por isso, é um momento que pede, inevitavelmente, mensagens de esperança, de conforto, de resiliência, que nos inspirem a seguir em frente.


Vamos parar por um momento para observar essa fala do RM a um dos artigos da Weverse Magazine:


“Devemos realmente dar esperança e felicidade a todos vocês. Essa é a única maneira de sobrevivermos. Contanto que possamos fazer isso, podemos continuar. [...] faremos o nosso melhor no que podemos fazer.”

O BTS tem sido um refúgio, um lugar seguro e, talvez até mesmo, a razão para que muitos de nós ainda estejamos aqui. Eles sabem do impacto que suas palavras, ações e, principalmente, sua música têm sobre tantas pessoas ao redor do planeta. Por isso, essa fala do Namjoon nos revelou como também agora, diante da COVID-19, o BTS não pretendia soltar a nossa mão. Pelo contrário, eles têm nos dado mais esperança e força do que nunca.


“Dynamite” em si foi um prólogo desse movimento, como vimos e ouvimos da parte dos membros em incontáveis entrevistas.



É por esse motivo que a nossa hipótese é: ‘BE’ não compõe a era MOTS, mas é uma pausa necessária em meio a ela. Não é o fim da era MOTS ainda, pois ainda há muito nesse “mapa” para explorarmos junto ao BTS. No entanto, nesse momento e contexto, havia mensagens e emoções que precisavam ganhar prioridade.


Mensagens como LIFE GOES ON, não é mesmo?




Essa “pausa” na era MOTS pode ter sido indicada a nós bem sutilmente, por exemplo, através do conceito do show online MAP OF THE SOUL ON:E. Perceba que a letra O em “ON:E” é um símbolo que, comumente, vemos em controles remotos como o STANDBY, o qual serve como uma função de espera.



Veja essa definição: “O standby é também uma funcionalidade de dispositivos eletrônicos que permite que um aparelho possa ser desligado temporariamente, porém, continue recebendo energia, portanto pronto para voltar a funcionar com um simples toque no botão do controle remoto.”


Assim, o BTS colocou a era Map of the Soul “em espera”, tendo como objetivo dar espaço a mensagens que são necessárias ou, até mesmo, urgentes agora. Por isso, observe que o concerto MAP OF THE SOUL ON:E - realizado nos dias 10 e 11 de outubro de 2020 - passou por PERSONA, SOMBRA e EGO, tudo de novo, como uma retrospectiva do que exploramos do mapa da alma até aqui, para, enfim, podermos mergulhar nessa “pausa”.



Porém, perceba que o standby, para além da espera, também indica um constante fluxo de energia. Desse modo, como é que o BTS poderia continuar provendo energia à era MOTS mas, ao mesmo tempo, dando espaço para um novo álbum que venha como esperança e conforto tanto para eles como para nós?


É por meio dessa pergunta que ‘BE’, além de ser um álbum que surge da essência do próprio BTS - o álbum mais “BTS-esco” até então, se revela como um álbum que reflete sobre o próprio ser e sobre o que entendemos como humanidade ou ser humano - principalmente sob o contexto atual da pandemia.


O que significa ser ser humano? O que significa apenas ser? Temos as nossas dimensões individuais, isso é fato - ao que Carl Jung chamou de “consciente” e “inconsciente pessoal”. Porém, em um certo ponto dessa jornada interna, começamos a descobrir também uma dimensão inconsciente coletiva, que nos une enquanto humanidade desde os primórdios.


Agora, talvez mais do que nunca nas últimas muitas gerações, temos enfrentado algo que afeta a TODOS NÓS. Não direi que nos afeta de forma igual, pois a desigualdade nesse planeta é estarrecedora. Mas, sim, afeta a todos nós. Assim, a COVID nos separa em muitos sentidos, mas neste nos une. A humanidade, como um, está enfrentando a pandemia. Por isso, nessa dimensão coletiva do caos que temos vivido é que, na nossa humilde opinião, surgiu a brecha para que o BTS começasse a explorar o que Jung chamou de “INCONSCIENTE COLETIVO”.


Vamos voltar um pouco na história e analisar como Jung começou a explorar essa dimensão coletiva do inconsciente humano? Em seu livro “Memórias, Sonhos, Reflexões”, ele relata um sonho que teve e que foi a origem da sua descoberta acerca do INCONSCIENTE COLETIVO. Confira:



Jung descreve a personalidade, ou melhor, a psique humana como uma casa de dois andares. O andar de cima poderia estar se referindo ao nosso consciente e ao nosso inconsciente pessoal, enquanto o andar de baixo traz uma dimensão onde “tudo é mais antigo”. Convenhamos que, ultimamente, o BTS tem nos apresentado alguns conceitos ligados a casas, não é mesmo? É claro que isso também está conectado ao fato de que, em meio à pandemia, estamos presos em nossas casas todo o tempo ou, ao menos, na maior parte do tempo. Mas as representações que vimos nas fotos-conceito de 'BE' e na performance de "Home" durante a BTS Week no programa do Jimmy Fallon foram bastante interessantes.



Ok, continuando. Veja esse trecho de “From The Archetypes of the Collective Unconscious, The Collected Works of C.G .Jung”, no qual Jung descreve a sua ideia de um inconsciente coletivo.



Repetimos e reforçamos: “Esta parte do inconsciente não é individual, mas universal; em contraste com a psique pessoal, possui conteúdos e modos de comportamento que são mais ou menos os mesmos em todos os lugares e em todos os indivíduos.” Agora veja esses dois vídeos:



RM: “Pessoas são pessoas. Pessoas vivem suas vidas. Deve haver uma certa universalidade. Se nós falarmos com sinceridade, eu quero acreditar que as pessoas ainda vão ouvir com sinceridade.”



Jung Kook: “O que eu aprendi ao viajar ao redor do mundo é que os nossos pensamentos não são tão diferentes mesmo se estivermos em lugares diferentes. Os sentimentos de tristeza, raiva ou de se emocionar são similares em todos os lugares que vou.”


Mais uma vez, o BTS nos lembrou, pela sua própria experiência, que existe algo não superficial, mas profundo que nos une como um enquanto humanidade, que nos une como um dentro do “ser” humano. E 'BE' foi uma expressão perfeita disso, no momento perfeito. O BTS teve tamanha sensibilidade a ponto de reconhecer o contexto atual e encontrar meios de produzir um álbum que trouxesse cartas de esperança, afeto e conforto - a eles e a nós, mas que também não deixasse a era MOTS tão descontextualizada.


 

Todavia, precisamos parar por um segundo e nos perguntar: E agora? O que vem na era Map of the Soul? Para onde ela está caminhando? O que poderíamos esperar de um próximo álbum (o qual, sinceramente, não achamos que demorará para ser lançado)?


Bom, um ponto interessante que pode nos direcionar em relação a isso - e que também caminhará, de certa forma, para essa dimensão coletiva do inconsciente - está ainda na tracklist do álbum “MAP OF THE SOUL: 7”. Anteriormente, em um dos nossos estudos, mencionamos como o Dr. Stein havia interpretado a presença da Halsey na música “Boy With Luv”.



Essa voz feminina ali poderia estar representando um chamado da alma, bem como o próprio Jung experienciou. Mas, parando um momento para pensar, perceba que “Boy With Luv” não é a única faixa que possui uma voz feminina em “MAP OF THE SOUL: 7”, não é mesmo? Em uma colaboração incrível na versão digital do álbum, BTS e SIA cantaram “ON” juntos.



A colaboração poderia ter sido para “Black Swan” ou outra faixa OT7, mas a gravação com a Sia foi especificamente para “ON”. A faixa com a colaboração poderia ter sido posicionada no álbum na sequência da versão original de “ON” ou em outro ponto, mas ela foi posicionada como a última faixa de “MAP OF THE SOUL: 7” na versão digital. Isso não te faz pensar um pouco e se questionar: Por que “ON”? Por que nessa posição?


Para encontrarmos ou teorizarmos uma resposta que também nos dê pistas sobre o próximo álbum, precisamos, talvez, voltar ao livro do Dr. Stein. Veja esse trecho retirado de “Jung - O Mapa da Alma”, no qual relata-se como Carl Jung teria descoberto algo que ele chamou de ANIMA e ANIMUS:



Novamente, desponta uma voz feminina que vem para abrir novas áreas e passos dessa jornada interna. Assim, seria a escolha de deixar a versão de “ON” com a SIA como a última faixa do álbum uma possível referência à ANIMA, a esse novo contato com uma voz feminina e à nova jornada pelo mapa da alma que se abre com ela?


Caso você não esteja familiarizado(a) com o que é ANIMA e ANIMUS, sem problemas! Vamos retomar mais alguns trechos do livro do Dr. Stein que podem nos ajudar a entendê-los de forma relativamente fácil e entender por que a estrutura da anima/animus seria o próximo passo possível dentro da era Map of the Soul. Veja esses trechos selecionados:


"Convencionalmente, para os homens, anima é uma figura feminina; para as mulheres, a figura interior equivalente - chamada animus - é masculina. Anima e animus são personalidades subjetivas que representam um nível do inconsciente mais profundo do que a sombra. Para melhor ou para pior, elas revelam as características da alma e conduzem para os domínios do inconsciente coletivo.” (STEIN, 2006, p. 116)

"Anima/us é, de igual modo, um complexo funcional, mas cujo interesse se concentra na adaptação ao mundo interior. 'A função natural do animus (assim como da anima) é manter-se em seu lugar entre a consciência individual e o inconsciente coletivo; exatamente como a persona é uma espécie de estrato entre a consciência do ego e os objetos do mundo exterior." (STEIN, 2006, p. 118)

"Anima/us é uma disposição que governa as nossas relações com o mundo interior do inconsciente - imaginação, impressões subjetivas, ideias, humores e emoções." (STEIN, 2006, p. 119)

"Se os lugares no mapa da psique que examinamos até este ponto parecem relativamente claros e bem definidos, o território de anima e animus parece, por vezes, uma selva profunda e indevassável. Talvez isso deva ser assim mesmo, pois estamos penetrando aí nas camadas mais profundas do inconsciente, o inconsciente coletivo, o território das imagens arquetípicas, onde as fronteiras são imprecisas." (STEIN, 2006, p. 117)

“Anima” significa “alma”, em latim, e “animus” significa “espírito”. Esses dois termos indicam quase a mesma coisa e, atenção, não há em momento algum uma alusão a sentidos religiosos de alma ou espírito. Em resumo, Jung se referiu a ANIMA e ANIMUS como figuras arquetípicas da nossa psique, sendo a ANIMA a figura feminina inconsciente/interior de um homem e o ANIMUS a figura masculina inconsciente/interior de uma mulher. Na teoria de Jung, homens e mulheres são ao mesmo tempo masculinos e femininos. Essas qualidades, porém, são distribuídas de modo diferente e essa diferença é arquetípica, não social ou cultural. Assim, todos nós possuímos essas estruturas e o processo de harmonização desses nossos lados feminino + masculino se constitui como um passo essencial para a individuação - o nome dado por Jung para descrever o constante desenvolvimento psicológico, equilibrando consciente e inconsciente.




Veja essa citação do Dr. Stein a respeito da ANIMA:


"Só quando a persona é despida e a anima/us abre os portões para acesso às mais profundas camadas do inconsciente é que a necessidade de desenvolvimento interior torna-se uma questão aguda e seriamente considerada. [...] O desafio para que se empreenda uma jornada mais profunda pelo interior, na estrada que leva ao desenvolvimento individual." (STEIN, 2006, p. 122)

Termos como "selva" (na citação mais acima) ou "portões" (nessa última citação) podem nos fazer pensar muito no MV de “ON”, no qual podemos ver um momento de abertura dos portões ou barreiras que ali existiam e o surgimento da representação visual de uma selva/floresta, uma nova área desconhecida. Relembre:



“ON” - seu MV e sua letra - é uma música realmente essencial aqui. Você se lembra como nas cenas finais vemos os membros caminhando para o topo dessa rocha? Vemos Jung Kook correndo, como se estivessem prestes a saltar e voar. Essa subida pode representar, como já falamos anteriormente, o mover-se rumo a um nível superior de consciência.


Perceba como o MV nos mostra a visão aérea desse novo terreno que foi aberto para além dos portões e para além de onde estamos caminhando em subida. E esse novo “lugar” nos levará a uma nova jornada ou a uma nova parte dela. Na psicologia jungiana, quem cumpre esse papel são exatamente a anima e o animus, conduzindo o nosso ego a camadas mais profundas da nossa psique. Veja:


"A estrutura anima/us, por outro lado, tem potencial para servir como ponte para o si-mesmo, uma região muito distante muito mais distante." (STEIN, 2006, p. 128)

"O animus e a anima devem funcionar como uma ponte, ou uma porta, levando às imagens do inconsciente coletivo, da mesma forma que a persona deve ser uma espécie de ponte para o mundo.' Por outras palavras, anima/us permite que o ego penetre e tenha a experiência das profundidades da psique." (STEIN, 2006, p. 118)

"Abstratamente, anima/us é uma estrutura psíquica que (a) é complementar da persona e (b) vincula o ego à camada mais profunda da psique, ou seja, à imagem e experiência do si-mesmo." (STEIN, 2006, p. 118)


Para além disso, “ON” é uma música sobre SUPERAÇÃO e esse é um ponto fundamental devido às performances recentes do BTS que temos assistido. O BTS, nas suas performances de fim de ano, deu um foco imenso ao MEDO, à DOR e à superação/aceitação desses. Por que?




MEDO e DOR são marcas características da Sombra. Afinal, além de não ser algo que gostamos de mostrar abertamente, medo e dor não são muito agradáveis, sobretudo em nós mesmos. Porém, sob a perspectiva de Carl Jung, quanto mais ocultamos algo sob a nossa Sombra, mais sombrio, é claro, isso se torna. Quanto mais se rejeita a Sombra, mais ela ameaça consumir o indivíduo. O inconsciente deve adentrar o consciente e a escuridão finalmente deve vir à luz. Não apenas a Persona. Não apenas a Sombra. Mas a completude que toma seu primeiro passo com o Ego, o núcleo da consciência, compreendendo como pode conciliar ambos. Veja essa citação:


“As pessoas farão qualquer coisa, por mais absurdo que seja, para evitar enfrentar suas próprias almas. Uma pessoa não se ilumina imaginando figuras de luz, mas tornando a escuridão consciente.” (Carl Jung em 'Psicologia e Alquimia' / Tradução livre)

Assim, se fizermos uma pequena retrospectiva da jornada até aqui dentro da era Map of the Soul, podemos dizer que o movimento foi:


⚫️ PERSONA: Trazer o foco apenas para o que é bom, ignorando ou esquecendo dor e medo;

⚫️ SOMBRA: Dor e medo inevitavelmente tomam o controle, assumem o indivíduo;

⚫️ EGO: Superar o medo e compreender que a dor é parte da jornada.


Por isso, observe a tracklist de “MAP OF THE SOUL: 7”, que é um ponto-chave aqui:




No início, nos encontramos com a Persona - está bem nítido em “Intro: Persona”. Mais a frente, “Interlude: Shadow”, “Black Swan” e algumas faixas seguintes trazem a Sombra à tona. Por fim, temos “ON” - tanto após “Louder Than Bombs” como no final do álbum com a participação da Sia - junto a “Outro: EGO”, o que nos indica exatamente a superação do medo, como a própria letra de “ON” nos diz: “Bring the pain on”, ou melhor, “Traga a dor”. "MAP OF THE SOUL: 7" foi encerrado com “Outro: EGO” e “ON” para nos dizer que o medo foi levado, a dor foi aceita e compreendida, porém a jornada está apenas começando. E, na ausência do medo, os próximos passos serão ainda mais profundos e grandiosos.


E onde é que anima/animus entram nisso tudo aqui? Vamos à mais uma citação:


"Se a imagem da sombra instila medo e apreensão, a imagem de anima/us suscita usualmente excitação e estimula o desejo de união. Gera atração. Onde existe anima/us, queremos avançar, queremos participar, queremos ir juntos, se não formos tímidos ou recearmos demais a aventura. [...] Por conseguinte, a anima/animus é transformadora." (STEIN, 2006, p. 130)

A anima é parte do que podemos experienciar junto à e após a superação/aceitação da dor e do medo. Por isso, o próximo álbum não será sobre o MEDO, mas sobre o que vem após a superação/aceitação dele. Desse modo, há aqui um detalhe ainda mais fantástico e que pode fazer as nossas mentes explodirem em um segundo: O livro ‘The Notes 2’, lançado no ano passado.



‘The Notes 2’ nos revelou MUITAS novas notas e uma linha do tempo absolutamente diferente porque algo mudou. O que? Rufem os tambores… Sim! Os personagens em um processo de aceitação e superação de seus medos, dores, frustrações, etc. Tentaremos não dar tantos spoilers diretos aqui, pois sabemos que ainda estamos publicando as notas do livro (em breve concluiremos as traduções, oba!). Porém, vamos dar algumas indicações que serão essenciais para te ajudar a analisar as notas de ‘The Notes 2’ com maior atenção à perspectiva dos medos e da superação.


Afinal, pense bem… ‘The Notes 2’, as novas estórias do Smeraldo, as performances e VCRs, tudo isso em 2020. Eles estão nos levando a algo - que, sim, foi postergado com a “pausa” na era MOTS, mas não cancelado. Vamos, então, a algumas anotações a respeito dos nossos amados personagens do BTS Universe em ‘The Notes 2’:


🔴 MEDOS


⚪️ SeokJin: O próprio loop do tempo / Perder seus amigos e não conseguir salvá-los / Não conseguir se salvar / Seu pai / Memórias que vão se perdendo

⚪️ YoonGi: Música / Passado / Culpa (o que houve com sua mãe)

⚪️ HoSeok: Abandono / Ele mesmo

⚪️ NamJoon: Acidente com colega de trabalho / Passado / Não conseguir ajudar seus amigos ou agir como um adulto confiável

⚪️ JiMin: Arboreto / Água / Sangue e machucados / Hospital

⚪️ TaeHyung: Seus pesadelos / Contexto familiar / Eventualmente, o SeokJin

⚪️ JungKook: Perder seus amigos, acabar sozinho sem seus hyungs / Solidão


🔴 DORES & ADVERSIDADES ENFRENTADAS


⚪️ SeokJin: Ver os momentos tristes do loop se repetindo / Dor de cabeça intensa (literalmente) / Perda de memória

⚪️ YoonGi: Altos e baixos com alcoolismo / A própria culpa / Pensamentos suicidas / O esforço para se manter longe da música

⚪️ HoSeok: Desmaios / Sempre coloca os outros antes de si / Pensamentos e ilusões sobre sua mãe

⚪️ NamJoon: Culpa / Remorso / Peso na consciência

⚪️ JiMin: Convulsões / Bloqueios e perturbações constantes

⚪️ TaeHyung: Os próprios pesadelos / Violência do pai e ausência da mãe / Tentar entender o que está acontecendo com seus amigos (especialmente SeokJin)

⚪️ JungKook: Dúvida em relação a seus hyungs / "Viver será mais doloroso que morrer"


🔴 PROCESSOS DE SUPERAÇÃO & ACEITAÇÃO


⚪️ SeokJin: Enfrentar suas memórias / Enfrentar seu pai / Amar e aceitar a si próprio

⚪️ YoonGi: Retorno ao ambiente da sala de aula da época da escola e retorno à música

⚪️ HoSeok: Uma postura mais introspectiva sobre si / Se desliga um pouco mais da figura de sua mãe e da ideia de que ela retornaria

⚪️ NamJoon: Retorno ao longo do acidente / Oferecer ajuda ao TaeHyung

⚪️ JiMin: Retorno ao Arboreto e retomada do que aconteceu na sua infância

⚪️ TaeHyung: Começar a interferir no loop, seguindo as imagens de seus pesadelos ao invés de apenas temê-las / Não matar seu pai / Ajudar o SeokJin

⚪️ JungKook: Não sente mais vontade de morrer / Se afastar dos demais garotos e pensar um pouco mais por conta própria (o que não será inteiramente bom, mas... veremos)


Essa mudança na perspectiva e, consequentemente, na atitude dos personagens transforma os acontecimentos nas suas estórias e transforma a própria linha do tempo. Assim, essa mudança se conecta perfeitamente também ao trajeto que temos feito dentro da era Map of the Soul com os conceitos de Carl Jung.


Além disso, há vários outros temas que surgem em ‘The Notes 2’ em reflexões, situações e falas dos personagens que também nos voltam, mais uma vez, à anima. Podemos citar como exemplo:


⚪️ O desejo dos garotos de estarem juntos e a percepção de que não conseguem resolver as coisas isoladamente


Uma referência para pensar: “a imagem de anima/us suscita usualmente excitação e estimula o desejo de união. Gera atração. Onde existe anima/us, queremos avançar, queremos participar, queremos ir juntos.” (STEIN, 2006, p. 130)


⚪️ Questionamentos sobre o destino que os cerca


Outra referência para pensar: "Na visão de Jung, a anima/us é DESTINO. Somos guiados para os nossos destinos pelas imagens de poderes arquetípicos situados muito além de nossa vontade consciente ou conhecimentos." (STEIN, 2006, p. 131)



No entanto, para além de 'The Notes 2', tivemos mais um lançamento bombástico em 2020 que nos leva diretamente a anima e animus: O jogo BTS Universe Story e seu trailer. O personagem de SeokJin - bem como o webtoon SAVE ME e as notas já haviam nos dado pistas - aparece conversando com uma espécie de gato. ARMY, esse gato é essencial para o BTS Universe e para onde estamos caminhando nessa estória!


O gato, além de ser um símbolo de feminilidade, é descrito como um dos animais nos quais a ANIMA poderia se manifestar em sonhos, fantasias e outros contextos - psicologicamente falando. Assim, perceba como esse gato que surge nas notas, no jogo, no webtoon se mostra como um guia ou algo do tipo para o personagem do SeokJin. Mais um fator que nos leva a ANIMA.




E quer surtar mais um pouquinho com a gente? Em 2020, também recebemos de presente novamente as estórias do Smeraldo, certo? Entre elas, havia algumas inéditas e queremos chamar a sua atenção para uma em específico: A terceira estória - lançada em 15 de julho de 2020. Nela, Testesso, o proprietário da loja do Smeraldo, nos conta sobre uma noite em que foi até a loja, pois havia passado um tufão pela cidade e ele queria verificar o estado do estabelecimento. Testesso decide, então, se sentar um pouco no escuro da loja e avista do lado de fora um rapaz segurando um guarda-chuva. Ele diz que “não era possível ler nenhum sentimento” no rosto do rapaz, mesmo depois de ele ter passado cerca de dez minutos encarando o vazio da vitrine.


Essa estória tem chamado a atenção e levantado MUITAS teorias no sentido de que ela potencialmente poderia nos levar à intro ou ao trailer de comeback do próximo álbum.


Esse tufão, de fato, acontece nessa nova linha do tempo - trazendo chuvas intensas. Os personagens nos falam sobre o tufão no livro ‘The Notes 2’, como na nota de TaeHyung em 17 de julho do ano 22 em que o personagem nos conta sobre como o tufão chegou a Songju na tarde do dia 14. Porém, quem poderia ser o rapaz que aparece de forma tão misteriosa nessa estória da Smeraldo?


Inicialmente, poderíamos pensar que esse rapaz é o SeokJin, sobretudo pela forma como Testesso descreve a sua expressão facial sem sentimentos. No entanto, talvez essa seja uma resposta óbvia e rasa demais quando temos outras pistas que nos levam a outro personagem que também está enfrentando poucas e boas em 'The Notes 2'… sim, Park JiMin. De que pistas estamos falando? Veja:


⚪️ Nos pôsteres da era LOVE YOURSELF, vemos Park JiMin com um... GUARDA-CHUVA.



⚪️ Em uma cena fantástica do Highlight Reel da era LOVE YOURSELF, vemos JiMin com um... GUARDA-CHUVA.



⚪️ No 1º teaser do MV de "Fake Love", JiMin aparece trocando o seu medo (uma foto do Arboreto) por um outro objeto: SIM, UM GUARDA-CHUVA.



⚪️ E, por último, talvez o mais questionável de todos: No 2º dia do concerto online em outubro, MAP OF THE SOUL ON: E, ao fim da sua performance de “Filter”, JiMin apareceu LITERALMENTE DO NADA e sem razão alguma com um… GUARDA-CHUVA. Veja no minuto 2:40:



Você está entendendo aonde queremos chegar? O guarda-chuva é literalmente um símbolo do processo de superação de medos que o personagem de JiMin está enfrentando.


Além disso, vamos recapitular os trailers de comeback e vídeos solo que tivemos do BTS até aqui? Perceba a progressão da sequência e como ela se repete:


⚪️ Dark & Wild = RM = "What Am I To You"

⚪️ HYYH = SUGA = "HYYH" e "Never Mind"

⚪️ WINGS = j-hope = "Boy Meets Evil"

⚪️ Love Yourself Her = Jimin = "Serendipity"

⚪️ Love Yourself Wonder = Jung Kook = "Euphoria"

⚪️ Love Yourself Tear = V = "Singularity"

⚪️ Love Yourself Answer = Jin = "Epiphany"

⚪️ MOTS Persona = RM = "Intro: Persona"

⚪️ MOTS 7 = SUGA e j-hope = "Interlude: Shadow" e "Outro: Ego"


Em tese, o próximo na fila seria… SIM, JIMIN!



 

Por último, unindo todas essas reflexões de idas e vindas no livro “Jung - O Mapa da Alma” ao que temos visto recentemente nas performances e pistas, levantamos uma lista de alguns temas que possivelmente poderemos ver sendo trabalhados dentro do próximo álbum. Dentre eles, podemos citar:


⚪️ Anima/animus

⚪️ Inconsciente coletivo

⚪️ Destino

⚪️ Relacionamentos (Se conecta ao que Jung propõe e discute em relação a anima/animus)

⚪️ Universalidade x Individualidade

⚪️ Concepção de sujeito (Se conecta tanto à discussão da anima/animus como ao inconsciente coletivo)

⚪️ Conflito e diálogo (")

⚪️ União (")

⚪️ Fantasia e realidade (")

⚪️ Sonhos (")



 

Concluindo, é possível, querido ARMY, que nós tenhamos chegado a um ponto absolutamente essencial dos trabalhos do BTS e do BTS Universe. HYYH, LOVE YOURSELF, MAP OF THE SOUL, os personagens, a estória, o Smeraldo... Tudo está se convergindo e será INACREDITÁVEL.


Você está preparado? Vamos juntos!

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